EPIDEMIA

Descoberta nova doença mais letal que a leishmaniose no Brasil

Uma nova doença, com sintomas parecidos aos da leishmaniose, porém mais graves e mais resistentes ao tratamento, está a alastrar-se na capital do Estado de Sergipe, Aracaju, no Brasil. Ao todo, já são 150 casos registados e duas mortes confirmadas.

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Cientistas do hospital da Universidade Federal de Sergipe (UFS) trabalham há anos com pacientes diagnosticados com leishmaniose para tentar entender a resistência genética à doença.

Em parceria com Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Universidade de São Paulo (USP), os investigadores descobriram que não era possível analisar as amostras recolhidas com as ferramentas disponíveis para leishmaniose.

Os cientistas sequenciaram e compararam o genoma do parasita dos pacientes de Sergipe com o genoma referência para espécies de leishmaniose e de tripanossomatídeos, o que mostrou que o parasita identificado na amostra não era o da leishmaniose, e que era parecido, mas não igual, a um parasita chamado Crithidia fasciculata.

Com base nessa descoberta, começaram a suspeitar de uma nova espécie, ainda não descrita pela ciência. Pela descoberta ser muito recente, ainda não se sabe nada sobre o ciclo de vida do vetor, mas existe uma grande probabilidade de que também seja transmitido por insetos.

Para os pesquisadores, a identificação desse novo parasita pode explicar o aumento da letalidade dos supostos casos de leishmaniose visceral no Brasil, o que é preocupante, pois pode significar que esses pacientes estão a ser diagnosticados e tratados para leishmaniose visceral, enquanto, na realidade, têm uma nova doença, mais grave, e sem tratamento específico.

Os cientistas realizaram testes em laboratórios e descobriram que o novo parasita tem a capacidade de infetar também ratinhos, causando lesões na pele e fígado.

Agora, a equipa trabalha para identificar o vetor desse novo parasita, e descobrir se além de humanos e ratinhos, também pode infetar outros animais.


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