Com o início de mais um ano letivo para todos os níveis de ensino pré-escolar, ensino básico e ensino secundário, começam também as dores de cabeça para os pais e educadores que, para além de terem de reestruturar as suas rotinas diárias, têm de se preocupar com o acompanhamento e apoio de seus filhos, mantendo-se atentos às suas necessidades, saúde e segurança.
Os pequenos estudantes, são também consumidores e por isso, a Direção-Geral do Consumidor, igualmente atenta aos problemas da população escolar, aproveitou a oportunidade para publicar uma brochura informativa com um conjunto de recomendações para pais e alunos, visando alertar para a promoção da saúde e da segurança dos mais novos no seu regresso às aulas, com o sugestivo título de “Regresso às aulas em segurança”.
Sob a forma de folheto, ali estão inscritos vários conselhos e informações úteis sobre alguns produtos específicos para o início do ano letivo e a sua organização, promovendo a segurança de crianças e jovens no que diz respeito a diversas aspetos da sua atividade, que vão desde o material escolar ao vestuário, passando pelas deslocações e alimentação, e tendo em conta a reutilização de materiais, além de uma série de dicas para poupar e gerir o consumo de uma forma mais sustentável.
Para além de referências importantes a diversos materiais, equipamento elétrico, electrónico e ao uso da internet, merecem um destaque especial as mochilas, que pela sua importância e atualidade, aqui destacamos:
– A escolha de uma mochila deve ser adequada à estatura da criança e não deve ser demasiado pesada, referindo-se que não deverá ultrapassar meio quilo, quando vazia;
– Devem preferir-se os modelos anatómicos com alças e acolchoados, devendo a criança experimentar a mochila e certificar-se de que se sente confortável com ela;
– Cada vez mais os especialistas recomendam mochilas com rodas e, se for essa a opção de compra, dar preferência aos modelos com pega regulável que se possa adaptar à altura da criança;
Quanto à utilização
– A mochila deve estar corretamente colocada nos ombros para proteger as costas, e as suas alças devem ser reguladas para que fique suficientemente acima das ancas da criança e bem ajustadas ao perfil corporal, para evitar desequilíbrios ao balancear;
– O material mais pesado deverá ser colocado na parte de trás da mochila e junto às costas;
– A mochila e o respetivo conteúdo não devem exceder 10% do peso corporal da criança (ex: para uma criança com 25 Kg, a mochila não deve pesar mais do que 2,5 Kg);
– O conteúdo da mochila deve ser regularmente verificado e/ou substituído para assegurar que a criança somente transporta o material de que necessita diariamente e não o acumula com outros materiais não essenciais ao seu dia-a-dia escolar.
O problema do excesso de peso das mochilas escolares é já um “velho” problema, identificado pela primeira vez em Portugal pela Deco Proteste há mais de uma dezena de anos, que na altura divulgou um estudo segundo o qual cerca de metade dos alunos do 5º e 6º anos de escolaridade das grandes áreas urbanas do País, carregava excesso de peso nas suas mochilas, situação que potenciava traumatismos de coluna a médio e longo prazos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a maioria das sociedades europeias do sector, nenhuma criança deve transportar na mochila, mais do que 10% do seu peso corporal, sendo este o limite máximo recomendado.
Depois de lançado este alerta, pais, educadores e professores movimentaram-se e deram início a ações de caráter cívico com o objetivo de sensibilizar os partidos políticos e o governo no sentido de legislar sobre o tema, de acordo com as recomendações nacionais e internacionais.
Numa dessas ações, um grupo de cidadãos lançou uma petição pública no início de janeiro de 2017, que segundo o portal “petição pública.com” foi assinada por 50545 pessoas em pouco mais de um mês. Esta petição foi entregue na Assembleia da República (AR), em meados de fevereiro de 2017 e culminou com a aprovação pelo Parlamento de um Projeto de Resolução que envolvia 11 medidas tendentes a reduzir o peso das mochila escolares.
Porém, decorrido mais de um ano após a aprovação destas medidas, nenhuma alteração ainda foi implementada, não obstante os signatários, que tiveram o apoio dos diretores das escolas, pais, especialistas em ortopedia, entre muitos outros, terem pedido urgência na resolução do problema, dado o largo consenso obtido e o facto do Projeto de Resolução ter obtido aprovação por unanimidade dos membros da AR em outubro de 2017.
Contrariando a Deco, que não esconde a sua frustração por não ver implementadas quaisquer medidas e ao constatar que a resolução aprovada há mais de um ano por unanimidade e que resultou de um longo estudo de 2003 e 2017 e motivaram uma petição pública que recolheu mais de 50000 assinaturas, o Ministério da Educação (ME) vem a público referir que “têm sido várias as medidas tomadas”, como “a promoção, através da flexibilidade curricular, de aulas e metodologias não centradas no manual, cuja gestão permite, muitas vezes, a dispensa do seu uso”.
Por sua vez, a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas vem a público dizer que as medidas anunciadas pelo ME só resolveriam o problema se as escolas estivessem equipadas com equipamento informático suficiente (computadores ou tablets), bem como com redes de internet fiáveis, o que ainda não acontece. Além disso, entre as onze medidas aprovadas pelo Parlamento, estava a ponderação de mecanismos de homologação das mochilas e o estudo das condições ergonómicas mais adequadas.
Polémicas à parte, a verdade é que as nossas crianças continuam a ir para as escolas com excesso de peso às costas, uma situação preocupante para muita gente, considerando as recomendações da OMS e a opinião de especialistas, que têm vindo a afirmar que as crianças que transportam regularmente peso excessivo às costas têm mais probabilidade de desenvolver deformações ao nível dos ossos e dos músculos.
Esta opinião é reforçada pela Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV), que tem vindo a promover sessões de esclarecimento em escolas básicas e secundárias, no âmbito do Dia Mundial da Coluna, e cujo presidente recentemente afirmou “ser fundamental apostar na prevenção desde cedo, e incentivar as crianças a evitar esforços em posições viciosas, mochilas demasiado pesadas…”, entre outras coisas, cabendo igualmente às famílias o imprescindível papel de vigiar os conteúdos das mochilas.
Em termos teóricos, segundo os especialistas, somente a partir dos 12 anos de idade as crianças estão suficientemente desenvolvidas para carregar peso nos ombros, pelo que o uso de uma mochila para o transporte de material escolar pode ser considerado uma forma inadequada de o transportar antes dessa idade, significando isso que a maioria das crianças carrega um peso superior àquele que a sua estrutura física e muscular deveria suportar.
Por isso, no momento de adquirir um novo equipamento para as crianças com menos de 12 anos, os pais e educadores devem avaliar as suas caraterísticas, tendo em conta estes dados, sendo assim recomendável que as opções de escolha possam eventualmente incidir sobre modelos com rodas (troley), não obstante a maioria das crianças não gostar e não existirem condições ergonómicas na maioria das escolas, que facilitem a sua utilização.
Modelos disponíveis
Apesar da decisão de compra depender, em muito, do natural entusiasmo das crianças no regresso às aulas e ao convívio com os amigos, o modelo a escolher deve acomodar as caraterísticas enunciadas e garantir que é um aliado da sua saúde e comtemplar outros fatores igualmente importantes como:
Material usado – O tecido deve ser de preferência antialérgico, leve e resistente, evitando tecidos que se desgastem ou rompam facilmente; a estrutura deve aguentar facilmente o peso que carrega, mantendo-se centrada sobre as costas, sem descair para a região lombar.
As alças – Preferir alças acolchoadas que possam ser usadas de forma simétrica e certifique-se diariamente de que se mantêm ajustadas ao corpo para não sobrecarregar um ombro mais que outro e de que não usa a mochila pendurada só num dos ombros.
Troley – Não obstante ser um modelo pouco prático e a maioria das crianças não gostar, é uma opção saudável a ter em conta já que não prejudica tanto a estrutura ósseo-muscular.
Cuidados a ter – Seja qual for a opção de compra, durante a utilização, é importante que os pais ou educadores se certifiquem de que as crianças transportam nas sua mochilas, somente o material de que necessitam.
A longo prazo, a saúde da criança pode ser afetada devido ao uso inadequado das mochilas, causando desequilíbrios na coluna vertebral e na musculatura das costas e ombros, ainda em desenvolvimento, pelo que é recomendada precaução e vigilância para os excessos.
Com o advento público da internet na década de 1990 e a sua rápida expansão a nível global, um marco indelével na história da humanidade ficou para sempre registado.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.