A Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA), é uma perturbação do desenvolvimento do Sistema Nervoso, que se carateriza por dificuldades ao nível da atenção, hiperatividade e impulsividade, manifesta-se normalmente pela primeira vez no início da idade escolar, mas pode persistir e até agravar-se na idade adulta e estima-se que tenha uma prevalência de cerca de 5% neste último grupo etário.
Os sintomas da doença são persistentes e podem ser identificados facilmente em diferentes contextos de interação da criança, seja aquando da realização de determinadas atividades escolares, seja em momentos de convívio com colegas, atividades extracurriculares ou mesmo em casa da família durante as rotinas do dia-a-dia. Normalmente, a persistência e intensidade dos sintomas caraterísticos da doença somente são valorizados quando causam impacto em terceiros ou prejudicam a aprendizagem escolar e o desenvolvimento socio-afetivo da criança.
Diagnosticada durante a infância, a PHDA pode permanecer na idade adulta em mais de metade dos casos, sendo que, quando não tratada adequadamente, pode trazer consequências prejudiciais à saúde e à vida social e profissional do indivíduo. De entre as pessoas diagnosticadas com a patologia enquanto criança, 15% ainda apresentam a totalidade dos sintomas inicias ao atingirem 25 anos de idade e 65% apresentam sintomas que perturbam o seu dia-a-dia, de forma significativa.
O estudo da evolução dos sintomas e sinais da PHDA é particularmente importante pois quando o indivíduo atinge a idade adulta, tende a apresentar menos sintomas de hiperatividade e impulsividade, que se desvanecem, tornando-se, contudo mais notória uma acrescida dificuldade no défice de atenção.
Daí resulta que a pessoa tende a distrair-se com pensamentos irrelevantes, aborrecendo-se facilmente e não dando atenção ao detalhe do que lhe é dado observar, tem dificuldade em manter compromissos e em se organizar, não termina as tarefas que inicia, esquece as rotinas, designadamente quanto às sua obrigações e responsabilidades sociais e tende a perder objetos necessários ao seu dia-a-dia, com frequência.
Em adultos, a PHDA está comummente associada a dificuldades de adaptabilidade aos espaços de trabalho, o que se reflete nos níveis de produtividade e na manutenção do emprego, podendo originar situações complexas que podem colocar excessiva pressão nas suas relações com familiares, amigos e colegas. Em muitos estudos, tem sido demonstrado que as pessoas afetadas pela perturbação, bem como suas famílias, apresentam normalmente menor qualidade de vida que outras sem a patologia, assim como dificuldades financeiras de vária ordem. A combinação de vários destes fatores pode ainda contribuir para o aumento do risco de depressão, abuso de substâncias aditivas, suicídio, gravidez precoce ou contacto com infeções sexualmente transmissíveis.
Como forma de atenuar os efeitos da perturbação, por meios que não farmacológicos, é cada vez mais frequentemente recomendada pelos especialistas a prática do Ioga e meditação, que em muito beneficiam as pessoas com PHDA, contribuindo para o seu equilíbrio e bem-estar físico e emocional.
Com origem na Índia há cerca de 5 mil anos, onde era praticado por ascetas hindus e integrava a medicina tradicional indiana, o Ioga possui inúmeras derivações. Todavia, a sua essência mantém-se inalterada e visa o equilíbrio harmonioso do corpo e da alma, como parte da evolução do Homem em todos os aspetos de sua existência.
Como disciplina espiritual que é, o Ioga envolve o bem-estar a nível mental, emocional e físico por forma a unir o corpo e a mente com o espaço e tudo o que nos rodeia, gerando de forma instintiva movimentos complexos de intensa beleza e suavidade, que deram origem à filosofia ou estilo de vida hoje difundida por todo o mundo.
As várias filosofias incluídas no Ioga, passam pelo autocontrolo, autorregulação, prática física, controle da respiração, abstração dos fatores externos, concentração, meditação e elevado estado de consciência, criando um bem-estar holístico que ajuda o indivíduo a passar do estado de confusão mental ao de clareza, com relação direta com os ganhos de consciência, permitindo-nos questionar a nossa relação com o ambiente e connosco próprios, através de uma progressão gradual que nos conduz até ao nosso interior mais profundo.
O estilo de vida desequilibrado hoje seguido pela grande maioria das pessoas, conduz ao aumento de stresse, ansiedade, depressão, emoções negativas e redução da capacidade de concentração, que os atuais métodos de tratamento farmacológicos não resolvem devido à sua falta de eficácia ou aos efeitos adversos, levando as pessoas a procurar métodos de tratamento não invasivos e mais eficazes, como o ioga e outros rituais semelhantes.
Segundo vários estudos, a prática de Ioga proporciona um crescente número de emoções positivas e, quando aliada a exercícios de respiração lenta adequada, provocam uma melhoria significativa do estado de humor, nomeadamente dos sintomas comummente associados à depressão a curto prazo e mostrando ser mais eficazes que o relaxamento e o exercício aeróbico.
Além dos comprovados benefícios relacionados com os estados emocionais e a hiperatividade, a prática de ioga proporciona inúmeros benefícios que se traduzem numa melhoria geral da saúde e qualidade de vida dos seus praticantes, designadamente a nível da flexibilidade dos vários órgãos e da força muscular, melhoria do equilíbrio e de redução de dor, além de outras funções psicológicas.