Investigadores do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infeciosas (NIAID), nos Estados Unidos, descobriram a causa genética e uma possível estratégia de tratamento para uma doença imunológica intitulada doença de CHAPLE.
A doença de CHAPLE é uma forma de linfangiectasia intestinal primária (PIL), ou doença de Waldmann.
Crianças com esta condição podem sofrer distúrbios gastrointestinais severos e coágulos sanguíneos da veia profunda; até agora não existia nenhum tratamento eficaz para melhorar ou prevenir esses sintomas que podem ser letais.
No estudo, publicado no New England Journal of Medicine, os investigadores descrevem um mecanismo recentemente compreendido para doença de CHAPLE ou deficiência de CD55 com hiperactivação de complemento, trombose angiopática e enteropatia perdedora de proteínas.
Os cientistas analisaram genes de 11 crianças com doença de CHAPLE e os genes das suas famílias; a análise concluiu que cada criança tinha duas cópias de um gene CD55 defeituoso que as impedia de produzir uma proteína de superfície celular com o mesmo nome.
A proteína CD55 ajuda a regular o sistema imunológico, bloqueando a atividade de complemento, um grupo de proteínas do sistema imunológico que pode combater infeções por perfuração de furos nas membranas celulares de bactérias e outros agentes infeciosos. No entanto, o complemento também pode danificar os tecidos do corpo.
Os autores do estudo descobriram que, na doença de CHAPLE, o complemento desinibido resultante da falta de proteína CD55 danificou o sangue e vasos linfáticos ao longo do trato digestivo inferior, levando à perda de proteínas imunes protetoras e células sanguíneas. Em muitos pacientes, esse processo causou uma série de sintomas, como dor abdominal, diarreia hemorrágica e vómitos, entre outros.
O próximo passo foi testar fármacos aprovados pelo regulador de saúde norte-americano (FDA) para o tratamento de outras doenças para perceber se estes bloqueavam esse processo em amostras de células doentes.
Os autores descobriram que a produção do complemento diminuiu quando as células foram expostas ao eculizumab, um anticorpo terapêutico aprovado para tratar outra condição rara chamada hemoglobinúria paroxística noturna.
A equipa planeia agora estudar o eculizumab em pessoas com a doença de CHAPLE, na esperança de que a terapêutica se possa tornar no primeiro tratamento efetivo para o transtorno.