No passado dia 26 de maio, o Centro Hospitalar de Lisboa Central realizou pela primeira vez na Península Ibérica um procedimento minimamente invasivo que consiste na implantação do dispositivo "Reducer" no seio coronário, (uma veia cardíaca), de doentes que, apesar de medicados e esgotadas todas as terapêuticas convencionais, permaneciam ainda com angina de peito.
O dispositivo – uma rede metálica em forma de ampulheta, expansível por balão – foi desenvolvido para aliviar os doentes que não têm outras opções para atenuar ou eliminar a isquemia de causa cardíaca, também conhecida como angina de peito.
O procedimento foi realizado no Laboratório de Hemodinâmica do CHLC e contou com a colaboração de um especialista de Telavive, um dos inventores do dispositivo.
A maioria dos doentes candidatos a esta nova técnica já foi intervencionada, quer com cirurgia de "bypass" coronário ou através de angioplastia coronária com implantação de stents, e apesar de se encontrarem medicados com diversos fármacos mantêm as queixas de dor no peito.
Isto ocorre ou porque os "bypasses" ocluíram com o decorrer do tempo, ou os stents ficaram obstruídos ou porque a natureza difusa das placas de aterosclerose ou o pequeno calibre dos vasos não permitem qualquer um destes dois procedimentos.
O "Reducer" tem já mais de 500 implantações em todo o mundo, distribuídos por cerca de 50 centros. Este dispositivo é implantado através duma veia do pescoço, apenas com anestesia local, e conduzido até à aurícula direita e seio coronário onde é expandido com um balão.
O "Reducer" provoca aí um estreitamento focal que, aumentando a pressão no seio coronário, provoca uma redistribuição do sangue das áreas bem irrigadas do músculo cardíaco, para as mal irrigadas, zonas que estão em isquemia e que produzem a dor cardíaca típica, a angina de peito.
As implantações decorreram sem complicações e os doentes tiveram alta nas 48 horas subsequentes.
Os cardiologistas de intervenção do CHLC – Polo Santa Marta antecipam que existirá um conjunto de doentes distribuídos por todo o território nacional, maioritariamente seguidos em consultas de Cardiologia ou de Medicina Interna, que se mantêm sintomáticos apesar de esgotadas todas as opções terapêuticas (cirurgia, cateterismo com implantação de stents, medicamentos).
Agora, estes doentes terão uma nova arma na melhoria dos seus sintomas e qualidade de vida, podendo a partir de agora ser referenciados para os centros que estejam a implantar este novo e revolucionário dispositivo.