Abuso de anti-inflamatórios pode causar uma úlcera estomacal
Entre 5 e 10% da população sofrerá de uma úlcera em algum momento da sua vida. Identificá-la e tratá-la a tempo é essencial para prevenir complicações. Quem já passou por isso lembra-se certamente da dor característica sentida na parte superior do abdómen, que geralmente surge acompanhada de queimor ou ardor.

MEDICINA E MEDICAMENTOS
AUTOMEDICAÇÃO, A IRRESPONSÁVEL E A RESPONSÁVEL
A automedicação é uma prática em constante crescimento, mas os medicamentos não são inofensivos e só devem ser tomados quando realmente necessários, isto é, quando um profissional de saúde os indica depois de uma avaliação cuidadosa. LER MAIS
Uma úlcera é uma lesão ou ferida que aparece na mucosa que reveste o estômago ou o duodeno (a primeira parte do intestino delgado). Ela ocorre quando os níveis de ácido gástrico e pepsina (enzima responsável pela quebra de proteínas) estão tão altos que acabam por enfraquecer a proteção natural contra essas substâncias que existem no revestimento de ambos os órgãos.
As úlceras duodenais são mais comuns e tendem a ocorrer em pessoas mais jovens (entre os 40 e os 50 anos) do que as gástricas, que surgem a partir dos 60 anos. Geralmente são benignas, logo, não costuma ser necessário realizar uma biópsia. No entanto, se a úlcera for gástrica, esse exame é utilizado para descartar malignidade.
Para além da bactéria H. pilory, responsável por entre 70% a 90% dos casos de úlceras, tomar muitos AINEs também pode causar o desenvolvimento de uma úlcera. Medicamentos anti-inflamatórios, como ibuprofeno e aspirina, fazem parte dessa classe de fármacos e atuam reduzindo a produção de prostaglandinas, um tipo de molécula que protege a mucosa gástrica.
Além da dor, as úlceras podem causar inchaço frequente, náuseas e perda de apetite e peso. Para diminuir o desconforto o paciente deve detetar e evitar alimentos que podem danificar o revestimento do estômago e do duodeno. Estes tendem a ser muito gordurosos, picantes, ácidos ou ricos em cafeína. Refeições leves (cozidas no vapor, assadas, etc.) feitas com alimentos benéficos às membranas mucosas ajudam a minimizar a irritação.
O paciente deve fazer refeições pequenas e frequentes, evitando períodos prolongados com o estômago vazio, o que pode aumentar a produção de ácido e, consequentemente, o desconforto. Tomar o pequeno-almoço cedo e optar por um jantar leve pelo menos duas horas antes de se deitar também ajuda a evitar que os níveis de ácido estomacal disparem.
Tabaco e álcool devem ser evitados pois ambas as substâncias estimulam a H. pylori a causar uma úlcera. Mas esse não é o único efeito: o tabaco reduz a capacidade do estômago de se proteger do ácido, e o álcool irrita ainda mais a mucosa.
Perder peso, se tiver excesso, também pode ajudar. O peso extra pode aumentar a pressão abdominal e o refluxo ácido, piorando os sintomas da úlcera.
O tratamento farmacológico é baseado em medicamentos redutores de acidez, como os inibidores da bomba de protões, como o omeprazol, por exemplo. Se a úlcera for causada pelos efeitos da bactéria H. pylori, os medicamentos antes referidos são combinados com antibióticos. Independentemente do caso, o tratamento deve ser sempre prescrito por um médico após avaliação individual.