AUTOMEDICAÇÃO, A IRRESPONSÁVEL E A RESPONSÁVEL
MEDICINA E MEDICAMENTOS
Tupam Editores
Os medicamentos são, hoje em dia, essenciais no tratamento das mais variadas doenças, no entanto, a sua toma pode tornar-se perigosa, seja devido à sua nocividade intrínseca, ou a uma má utilização.
Não existem medicamentos completamente inofensivos e só devem ser tomados quando realmente necessitamos deles, isto é, quando um profissional de saúde os indica depois de uma avaliação cuidadosa. Mas isto nem sempre acontece, na verdade, a automedicação é uma prática em constante crescimento.
A automedicação consiste na utilização de medicamentos por parte do indivíduo (sem prescrição médica) após um autodiagnóstico, para tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade.
Normalmente envolve apenas a utilização de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), contudo, por vezes também inclui o uso de medicamentos já prescritos em situações anteriores para uma doença crónica ou recorrente do próprio ou de alguém conhecido.
É um comportamento errado, sendo frequente que se dêem conselhos nesta área, ignorando-se que o que resulta para um determinado organismo não resulta noutro e que muitas vezes existe um risco associado à toma conjunta com outros medicamentos prescritos pelos médicos.
A automedicação é frequente e transversal a toda a população: adultos, idosos e crianças. A prevalência de automedicação na população adulta portuguesa situa-se entre 21,5% e 31,6%. Relativamente aos idosos, alguns estudos mostraram uma prevalência entre 17,7% e 35,3%. Outros estudos evidenciaram uma prevalência de automedicação nas crianças elevada, entre 11,0% e 77,5%.
O uso de medicamentos por iniciativa própria, sem o aconselhamento e supervisão de um profissional de saúde qualificado, pode implicar um risco direto para a saúde dos indivíduos.
Qualquer medicamento, mesmo os MNSRM podem ser prejudiciais em determinadas situações, se não forem usados corretamente.
São várias as consequências associadas a uma automedicação irresponsável, mas o destaque vai para:
– Seleção de um tratamento inadequado, incluindo a dosagem, posologia e duração do mesmo;
– Efeito subterapêutico ou tóxico devido a dose inadequada do medicamento;
– Interação medicamentosa, isto é, o medicamento com que se automedicou poderá interagir com outros medicamentos que tome habitualmente;
– O uso indiscriminado de alguns medicamentos, como os antibióticos, poderá provocar resistências dos microrganismos;
– Risco de dependência ou abuso;
– Risco de duplicação terapêutica, ou seja, não reconhecer que se pode estar a tomar a mesma substância ativa, mas com um nome diferente;
– Poderá estar a mascarar sintomas de uma doença mais grave, dificultando ou atrasando o seu diagnóstico e tratamento;
Ao acumular medicamentos em casa poderá ainda correr o risco de fazer trocas entre eles, tomar alguns fora do prazo de validade, de os conservar em condições inapropriadas e, até, facilitar uma ingestão acidental por crianças.
É responsável a automedicação que se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, e conte com a assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde.
A utilização de MNSRM é uma prática integrante do sistema de saúde, no entanto, a automedicação deverá estar limitada a situações clínicas bem definidas e efetuar-se de acordo com as especificações estabelecidas para aqueles medicamentos.
As situações passíveis de automedicação estão previstas na legislação e incluem, entre outras:
Estados gripais e constipações, rinorreia, congestão nasal, tosse e rouquidão; Diarreia, obstipação, vómitos; Dores musculares ligeiras, dores pós-traumáticas, dores reumatismais ligeiras a moderadas; Verrugas, queimaduras de 1º grau, micoses, picadas de insetos, seborreia, herpes labial; Cefaleias e enxaquecas; Ansiedade ligeira; Dificuldade temporária em adormecer; Febre, com duração inferior a 3 dias; Tratamento da dependência da nicotina para alívio dos sintomas de privação em pessoas que pretendam deixar de fumar; Dismenorreia primária e higiene vaginal; Contraceção de emergência, métodos contracetivos de barreira e químicos.
Para uma automedicação responsável, antes de mais, o doente deve conhecer os efeitos terapêuticos, as reações adversas e as doses dos medicamentos que vai tomar. Esta não deve ultrapassar os 7 dias de duração – se os sintomas persistirem por mais tempo, a automedicação está contraindicada e o indivíduo deverá recorrer a uma consulta médica.
A aquisição da medicação deverá ser feita pelas vias legais, e não devem ser utilizados medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM).
O farmacêutico tem a importante missão de promover uma automedicação responsável, ou seja, a automedicação sob indicação farmacêutica promove o uso racional do medicamento. O farmacêutico é o especialista do medicamento e está preparado para alertar sobre as interações, contraindicações e precauções da terapêutica.
A educação para a saúde e a informação fornecida ao doente são ações que podem melhorar a prática da automedicação.
Tenha em mente que só uma pessoa informada e consciente será capaz de assumir, em segurança, a sua saúde. Ajude-se a si próprio: procure o aconselhamento farmacêutico/médico e assegure uma medicação responsável e eficaz.
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