Vacina da tuberculose destroi cancro da bexiga
Um grupo de cientistas da Fundação Champalimaud, Lisboa, revela num artigo hoje publicado, como a vacina contra a tuberculose, usada no tratamento do cancro da bexiga, destrói as células tumorais, baseando-se numa experiência com peixes-zebra.
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A vacina contra a tuberculose, descoberta em 1921 e conhecida popularmente pelas inicias BCG é usada como monoterapia para o cancro da bexiga em fase inicial após a remoção do tumor. Administrada na bexiga através de um cateter, a solução BCG contém bactérias vivas e enfraquecidas que estimulam o sistema imunitário a matar as células cancerígenas naquele órgão.
“A forma como a vacina BCG atua como imunomodulador para eliminar os tumores da bexiga não era totalmente conhecida até ao momento, assinala a Fundação Champalimaud em comunicado. Em artigo publicado na revista médica de acesso aberto Disease Models an Mechanisms, a equipa da Fundação Champalimaud descreve como as células imunitárias macrófagas de peixes-zebra “induzem, literalmente, as células cancerosas ao suicídio e, em seguida, devoram rapidamente essas células mortas”.
“Os macrófagos são fortemente recrutados para o local do tumor após a injeção de BCG, matando diretamente as células do cancro da bexiga através de um processo de suicídio celular, designado por apoptose dependente de uma substância chamada fator de necrose tumoral (TNF), segregada pelos macrófagos, que atua como uma potente molécula sinalizadora do sistema imnunitário”, adianta o comunicado.
Neste trabalho, os investigadores utilizaram técnicas de microscopia para observar macrófagos a interagirem com células tumorais retiradas previamente de um doente com cancro da bexiga e depois injetadas em embriões de peixe-zebra, onde os tumores cresceram.
Quando os macrófagos foram retirados dos peixes-zebra com células de cancro da bexiga humana, “os efeitos antitumorais da vacina BCG eram totalmente bloqueados, demonstrando assim que os macrófagos são, de facto, cruciais para a resposta antitumoral inicial provocada pela vacina”, sustenta o comunicado da Fundação Champalimaud.
A experiência foi levada a cabo no Laboratório de Desenvolvimento do Centro do Cancro e Evasão Imunitária Inata, que é coordenado pela bióloga Rita Fior.