Projeto iLoF para detetar biomarcadores neurodegenerativos
A iLoF (Intelligent Lab on Fiber), vencedor em 2019 do EIT Health Wild Card, anuncia que acaba de assegurar um milhão de dólares em investimentos por parte da Microsoft Ventures (M12) e Mayfield Fund.
A iLoF foi criada em 2019 após a participação dos membros da equipa no programa de inovação aberta do EIT Health, Wild Card, no qual recebeu um investimento de dois milhões de euros e um pacote de mentoria que permitiu desenvolver a empresa e a sua solução.
Ainda no ano passado, a iLoF obteve o Grande Prémio na categoria Saúde do EIT Jumpstarter (um dos concursos europeus mais reconhecidos para projetos inovadores que se encontram numa fase inicial do seu negócio), e recebeu um valor pecuniário de dez mil euros.
Ao focar-se nas sucessivas falhas que se registam em ensaios clínicos de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer, a solução visa melhorar o processo de triagem de ensaios clínicos e acelerar a descoberta de medicamentos em doenças que registem poucas ou nenhuma opção de tratamento.
Para lá do recente impulso dado pelo M12, a iLoF atraiu a atenção do mundo da biotecnologia com a nomeação este ano dos seus cofundadores para a lista Forbes 30 under 30 Europe, na categoria de Ciência e Saúde.
A equipa venceu ainda o concurso “Female Founders”, uma competição organizada pela Microsoft, em parceria com a Mayfield e a Pivotal Ventures - organização criada por Melinda Gates, que se dedica a projetos de investimento e incubação.
O EIT Health é uma rede europeia com mais de 140 parceiros e que acompanha startups com projetos inovadores na área da saúde. Desde 2016, o EIT Health já contribuiu para o lançamento de mais de 87 produtos e serviços no mercado, apoiou mais de 754 startups e formou mais de 36 mil profissionais de saúde. As startups apoiadas pelo EIT Health angariaram mais de € 205 milhões desde 2016.
“É fantástico ver a iLoF a crescer desta forma, depois da sua formação como parte do programa Wild Card do EIT Health”, afirma Jorge Juan Fernández García, diretor de Inovação do EIT Health.
“O Wild Card foi criado para descobrir e potenciar indivíduos de grande talento, os quais podem unir-se no sentido de formar empresas que trilhem um caminho em áreas onde as soluções para determinados desafios permanecem ainda desconhecidas. É fundamental encontrar tratamentos eficazes para doenças neurodegenerativas, as quais se encontram tantas vezes um passo à frente – pelo que a inovação ao nível do processo de pesquisa, que vise encontrar novas estratégias para combater essas doenças, terá um impacto significativo, sem esquecer o valor científico. Deste modo, esperamos continuar a trabalhar com a iLoF e a apoiar o projeto ao longo deste seu percurso”, acrescenta.
Em Portugal, com seis parceiros e dois hubs, a mentoria, acompanhamento de projetos e financiamento do EIT Health permitiram que inúmeras empresas ganhassem destaque internacional e apoio financeiro para o desenvolvimento dos seus projetos, que se encontram entre os mais inovadores e relevantes para o desenvolvimento de soluções na área da saúde.
Para Inês Matias, Business Creation Manager do EIT Health InnoStars, “este considerável investimento na iLoF reflete bem o papel do EIT Health InnoStars em países como Portugal. Portugal é reconhecido cada vez mais como um país inovador e dinâmico, com muitos jovens a demonstrar vontade em desenvolver soluções que tenham impacto no bem-estar de todos. Algo que se comprova com a recente ascensão do nosso país ao grupo dos Inovadores Fortes do European Innovation Scoreboard de 2020, e a iLoF é um dos exemplos mais evidentes desta realidade”.
Mas a responsável não deixa de salientar que este não é caso único em Portugal, “pois cresce o ecossistema de projetos altamente aliciantes e para os quais o EIT Health está muito atento. Orgulhamo-nos da nossa capacidade de apoiar estes projetos, de lhes dar destaque e dimensão, e com isso oferecer todas as condições para o seu sucesso. Este é o trabalho do EIT Health desde 2015, e sabemos que podemos e devemos ter um papel ainda mais relevante, no atual cenário que todos vivemos”.
Os desafios em torno do atual processo de ensaios clínicos limitam significativamente a descoberta de possíveis tratamentos para doenças como a doença de Alzheimer, e isso inclui a dificuldade no recrutamento de participantes.
A solução da iLoF aplica a biofotónica (utilização de tecnologias baseadas na luz com a intenção de estudar tecidos biológicos, células e processos celulares) e Inteligência Artificial para o desenvolvimento de métodos não invasivos de triagem de pacientes para ensaios clínicos, e pretende acelerar o processo de descoberta de medicamentos, bem como melhorar a sua viabilidade económica.
“Este investimento será crucial para a nossa missão de acelerar tratamentos personalizados em pacientes em todo o mundo”, explica Luís Valente, CEO da iLoF.
“A nossa plataforma tecnológica está a evoluir de forma célere e encontra-se já a ser implementada nos principais hospitais e centros biotecnológicos à escala global, acelerando a descoberta e desenvolvimento de novas terapêuticas para doenças neurodegenerativa”, destacou o responsável.
“Até 2021 pretendemos acelerar um ensaio clínico em larga escala enquanto ferramenta de pré-triagem precisa e não invasiva para a doença de Alzheimer, aproximando-nos um pouco do nosso objetivo, que é tornar o percurso do paciente muito mais humano, enquanto transformamos drasticamente todo o processo numa experiência mais eficiente e flexível para a indústria”, concluiu.