Diagnóstico precoce e tratamento adequado podem tratar surdez
Em Portugal, quatro em cada mil crianças nascem com surdez profunda. De acordo com Victor Correia da Silva, coordenador da Unidade de Implantes Auditivos do Hospital CUF Porto, são principalmente estes casos que devem ser diagnosticados atempadamente para que seja possível dar a melhor solução.
De acordo com o otorrinolaringologista, "hoje em dia, e perante as alternativas terapêuticas disponíveis, pode-se afirmar que a maioria dos casos de surdez, quando detetados a tempo, pode ser totalmente revertida".
Entre implantes e próteses auditivas, e com um correto acompanhamento da Terapia da Fala e da reabilitação auditiva após as cirurgias, as pessoas com défice de audição podem ter uma vida perfeitamente normal.
Victor Correia da Silva explica que "se uma criança com uma surdez profunda for precocemente implantada com um implante coclear, isto é, por volta dos 12 meses de vida, e não tiver outros défices neurológicos, quando tiver quatro anos de idade poderá ter um desenvolvimento de linguagem igual a uma normo-ouvinte e iniciar escolaridade em estabelecimento de ensino regular aos seis anos".
"Estas crianças têm um desenvolvimento cognitivo de linguagem fabuloso. É gratificante ver como uma criança que nasceu sem audição consegue, ao final de muito pouco tempo, ter um desempenho semelhante ao de uma normo-ouvinte", afirma o coordenador da Unidade de Implantes Auditivos.
Por outro lado, acrescenta, cada vez se aposta mais na colocação de implantes em pessoas idosas. "A idade não é um fator de exclusão e se a pessoa estiver bem mentalmente os resultados são muitos bons", menciona, sublinhando que os resultados numa pessoa com mais de 80 anos são iguais a uma de 60.
"Quando não ouve, a pessoa de idade isola-se e regride sob o ponto de vista cognitivo e tem uma maior possibilidade de demência. Quando estimulamos essas pessoas e lhes voltamos a dar audição, rejuvenescem. É muito interessante ver como modificam o comportamento quando voltam a ouvir", conclui.
No Dia Mundial da Audição, 3 de março, o Hospital CUF Porto lançou uma campanha de sensibilização para alertar para o perigo da progressão e do sub-diagnóstico das doenças auditivas que, atualmente, têm uma série de soluções disponíveis ao nível da medicina.
"Estar atento às dificuldades auditivas ou de fala nas crianças, percecionar cedo as diferenças de audição nos adultos, zumbidos ou alterações que fazem a diferença na audição normal, são alguns dos sinais a que devemos estar atentos", alerta Victor Correia da Silva.