Embora os termos senescência e senilidade estejam ambos relacionados com o processo de envelhecimento, são realidades com impactos diferentes sobre a saúde, havendo considerável diferença entre eles.
A senescência é um processo metabólico ativo que abrange todas as alterações que ocorrem no organismo humano no decorrer do tempo e que não configuram doenças, sendo, portanto, alterações decorrentes de processos fisiológicos do envelhecimento. Como exemplos de senescência podem ser considerados o aparecimento de cabelos brancos ou a sua queda, a perda de flexibilidade da pele e o aparecimento de rugas, a redução da estatura, perda de massa muscular e outros sinais ou fatores que provocam o encurtamento da vida, tornando a morte um desfecho natural.
Por sua vez, na perspetiva da geriatria, a senilidade é considerada como um complemento da senescência no quadro dos processos de envelhecimento, sendo geralmente definida como as condições que acometem o indivíduo no decurso da vida, devido a mecanismos fisiopatológicos, isto é, devido ao conjunto de processos fisiológicos desordenados que causam as doenças ou lesões no indivíduo.
De entre estas destacam-se as doenças crónicas como a hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca e renal, doença pulmonar e outras, além das interferências ambientais e medicamentosas que podem comprometer a funcionalidade e a qualidade de vida das pessoas, mas que não sendo comuns a todas as pessoas não constituem por isso, alterações normais do envelhecimento.
Em caso de dúvida, o idoso que apresente queixas de possível doença deve antes de mais ser avaliado por um geriatra que o ajudará a diferenciar as condições de senescência e de senilidade. Quando por exemplo as queixas incidirem sobre lapsos de memória, frequentes com o avanço da idade, é provável que se trate de senescência. Há, no entanto, algumas alterações de memória que causam prejuízo funcional e que são caraterísticas de doenças como a demência e doença de Alzheimer, configurando nestes caos um quadro de senilidade.
O envelhecimento do organismo como um todo, está relacionado com o facto das células somáticas, que são responsáveis pela formação de tecidos e órgãos no corpo humano, irem morrendo ao longo do tempo e não serem substituídas por novas, como sucede enquanto se é jovem. A senescência ocorre por meio de um sistema de programação genética que envolve a redução do tamanho dos telómeros e ativação dos genes de supressão tumoral, responsáveis pelo retardamento da divisão celular e pela reparação de erros do ADN (ácido desoxirribonucleico), ou indicando quando terá início o processo de morte celular programada, conhecido na gíria médica por apoptose.
Os telómeros, extensões com sequências repetidas de ADN e que servem para a sua proteção, são estruturas presentes nas extremidades livres dos cromossomas, que garantem a sua replicação e estabilidade, sendo que quando as células entram em senescência perdem a sua capacidade proliferativa após um determinado número de divisões celulares, até atingirem um limite crítico de comprimento, em consequência das múltiplas divisões registadas pela célula individual ao longo do tempo.
É principalmente devido a estes processos e como consequência deles, que surgem as conhecidas doenças da velhice, sendo as mais comuns, a doença de Alzheimer, Parkinson, diabetes, osteoporose, hipertensão arterial e as infeções urinárias e respiratórias.
Considerando o crescente aumento da população idosa em todo o mundo, a senescência e a senilidade são temas cada vez mais investigados e discutidos. A assistência à pessoa idosa deve assim pautar-se pela manutenção da qualidade de vida, tendo em conta o processo de perdas próprias do envelhecimento e as possibilidades de prevenção, manutenção e reabilitação do seu estado de saúde.
Seguir uma política de proximidade para melhor conhecer o quotidiano dos idosos é cada vez mais um desafio para os profissionais de saúde no sentido de implementar programas e ações que visem alcançar a manutenção do difícil equilíbrio no processo de saúde-doença nessa classe etária.
É nessa busca permanente que teremos de envidar os melhores esforços para contribuir, de forma efetiva, nas estratégias de fortalecimento das condições de bem-estar dos idosos e seus familiares, por forma a tornar possível o desencadeamento de ações na promoção da saúde, considerando que o desafio para este milénio é construir uma consciência coletiva para se alcançar uma sociedade para todas as idades, com justiça e plena garantia de direitos.
Frequentemente, ouvimos idosos queixarem-se de que a sua cabeça já não é a mesma de antes. Trata-se de uma perceção normal, porque as alterações cognitivas verificadas com o avançar da idade são normais, uma vez que há uma redução do número de neurónios e das sinapses do hipocampo, uma pequena formação no cérebro que desempenha um papel importante na formação de novas memórias, aprendizagem e emoções, as chamadas memórias explícitas.
Menor prontidão de resposta da memória, lentidão em executar tarefas e nas reações, esquecimento de nomes de pessoas que por vezes lhe são próximas, embora com posterior lembrança, rememoração de factos remotos com maior recurso emocional e repetição da mesma história para as mesmas pessoas em ocasiões diferentes, fazem parte do conjunto de sinais de senescência natural, que não deve preocupar as pessoas em demasia pois fazem parte do envelhecimento natural.
Nunca é demais lembrar que o uso de algumas estratégias de prevenção de doenças mais comuns na velhice, como um bom regime alimentar, exercício físico, exercício cognitivo e lúdico e uma boa interação social, podem ajudar na promoção de um envelhecimento saudável, prevenir a senilidade e favorecer a evolução natural da senescência, além de prolongar a distância para o inevitável final.
Etimologicamente, a palavra iatrogenia deriva do grego e refere-se a qualquer alteração patológica provocada no doente por ação dos profissionais de saúde.
O envelhecimento da população emergiu como uma realidade irrefutável nas sociedades ocidentais e globais, desencadeando uma série de novos desafios e oportunidades.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.