O pé humano é caraterizado como sendo uma estrutura complexa, que funciona como suporte do corpo, recebe e distribui cargas, sendo indispensável para a locomoção e estabilidade corporal, suas principais funções.
Anatomicamente, o pé é a extremidade dos membros que assenta no solo, sendo que no homem e outros bípedes, o termo somente se aplica à parte final das extremidades inferiores, que é composta por 26 ossos e se divide em três partes: tarso, a parte superior que se liga aos ossos da perna; metatarso, a parte mediana e os dedos em si, cujo número básico no Homem é de cinco.
Sendo os pés a base de sustentação de todo o corpo, sujeitos por isso a esforços tremendos, é natural que nalgumas circunstâncias em que se verifique excesso de peso ou de pressão excessiva exercida nos tornozelos e pés, se desenvolva sintomatologia dolorosa, quer em pé ou a caminhar, bem como alterações musculosqueléticas que poderão dar origem a patologias diversas. Daí que não se devam descurar as dores e os sinais que podem causar desconforto, como calosidades, pé chato, edemas, fraturas de stresse, joanetes e úlceras de pressão, risco de entorse, com as consequentes alterações de marcha, por forma a garantir que mantemos os pés saudáveis.
Podologista é um profissional de saúde licenciado, detentor de cédula profissional emitida pela Administração Central de Saúde (ACSS), que está habilitado a diagnosticar e a efetuar o tratamento das patologias que afetam o pé, atuando nas áreas desportiva, laboral, geriátrica, pediátrica e pé diabético, além de outras. Segundo a Associação Portuguesa de Podologia (APP), a podologia é a especialidade das ciências da saúde que tem por objetivo a investigação, estudo, prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças dos pés e suas repercussões no corpo humano.
Apesar da importância dos pés, enquanto se mantêm saudáveis e não forem afetados por doença ou qualquer outra anomalia, raramente nos lembramos que eles existem. Contudo, tal como para qualquer outro órgão do corpo humano é necessário que cuidemos deles, particularmente no que respeita à sua higiene, pois são muito sensíveis aos fungos nocivos e bactérias que vivem à nossa volta, em ambiente fechado e muitas vezes húmido, propício a infeções fúngicas, especialmente se o sistema imunitário estiver enfraquecido.
De entre as infeções fúngicas da pele mais comuns, destacam-se o pé de atleta, as onicomicoses (fungos das unhas) e a pitiríase versicolor, entre outras, e geralmente são contagiosas, podendo passar de uma parte do corpo para outra ao coçar ou de pessoa para pessoa, através do contacto físico direto, mas também da partilha de roupa ou toalhas e do contacto com superfícies ou objetos contaminados. Daí ser tão importante manter uma boa higiene na prevenção de infeções fúngicas que afetam a saúde da pele e em particular dos pés.
Boas práticas de higiene da pele e dos pés, podem ajudar a reduzir o risco de infeções fúngicas, impedir a sua recorrência e prevenir a sua propagação, pois os fungos proliferam facilmente em ambientes quentes e húmidos, como é o caso dos pés. Se a higiene for descurada, nas situações em que as pessoas transpiram muito dos pés e não tiverem particular cuidado após o duche ou banho, secando-os devidamente, correm maior risco de contrair infeções fúngicas da pele e dos pés.
Cuidar bem dos pés, para prevenir ou travar a reincidência de infeções como por exemplo o pé de atleta implica: usar meias que evitem a transpiração; evitar sapatos que impeçam os pés de respirar e que façam pressão sobre as unhas; nos balneários de ginásios ou piscinas, usar sempre chinelos; tirar os sapatos assim que chegar a casa para deixar os pés respirar.
Além disso, ao cuidar dos pés e unhas, deve evitar usar os mesmos acessórios ou instrumentos de unhas infetadas em unhas saudáveis; manter as unhas dos pés curtas, aparadas e limpas; se eventualmente usar os serviços de manicure ou pedicure, usar os seus próprios acessórios como corta-unhas, limas, etc., devendo certificar-se de que os instrumentos usados são limpos e esterilizados devidamente entre clientes.
Para além de muitos outros problemas com que o podologista se depara no seu dia-a-dia, o pé diabético é provavelmente um dos mais preocupantes e difíceis de tratar. O pé diabético é um conjunto de alterações que surgem nos pés de pessoas com a diabetes não controlada. Inicialmente começa por surgir como pequenas feridas e úlceras que demoram muito tempo a cicatrizar e que, por isso, podem causar infeções que se vão agravando e podendo aumentar o risco de amputação.
O diabético deve permanecer muito atento aos seus pés, pois a doença pode colocá-lo em risco de desenvolver uma vasta gama de problemas, para além das infeções e úlceras, designadamente calos, quando está presente uma neuropatia com perda de sensibilidade, que podem causar zonas de pressão ou fricção, devendo nestes casos recorrer aos cuidados de um podologista, a fim de evitar que surjam novas úlceras.
A angiopatia, pode tornar a pele seca e, embora isso possa parecer inofensivo, pode resultar em fissuras ou gretas, que se transformam em feridas e consequentemente em portas de entrada de microrganismos. Devido à perda de sensibilidade nos pés, podem também ocorrer distúrbios ungueais, isto é, unhas com tendência para encravar na pele ou infeções fúngicas não detetadas, que devem ser prontamente tratadas pelo podologista.
Além disso, a neuropatia motora pode causar debilidade muscular e perda de tónus nos pés, resultando em deformações ósseas que se não forem tratadas podem causar úlceras por fricção no calçado. Ao mesmo tempo, a neuropatia e a angiopatia, podem dar origem a osteoporose, mesmo sem lesão na pele.
Ainda que não se verifiquem alterações visíveis nos pés de um doente diabético, este deve fazer revisões periódicas em um podologista e no caso de se verificar qualquer anomalia, deve procurar ajuda profissional com urgência, pois principalmente na diabetes, a prevenção é o melhor tratamento.