OBESIDADE SAUDÁVEL: MITO OU REALIDADE?
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Tupam Editores
Se há conceito que tem gerado debate no campo da medicina é o da “obesidade saudável”. A ideia nasceu há alguns anos baseada num estudo que afirmava que indivíduos sem doenças associadas à obesidade, poderiam ser considerados saudáveis. Chegou-se mesmo a sugerir que indivíduos obesos, mas que eram ativos no dia-a-dia, poderiam ser tão saudáveis quanto pessoas magras.
A realidade, porém, é bem diferente. Embora alguns indivíduos com obesidade possam apresentar exames laboratoriais normais, a presença de excesso de gordura corporal continua a ser um fator de risco significativo para várias doenças. O termo “saudável” não faz sentido quando se fala de obesidade.
Isto porque, mesmo sem nenhum problema metabólico aparente, como diabetes, colesterol elevado e tensão alta, as pessoas obesas (IMC entre 30 e 35) ou com excesso de peso (IMC entre 25 e 30) têm risco 24% maior de morte prematura causada por problemas súbitos como o enfarte, quando comparadas a pessoas que estão dentro do peso.
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no corpo, o que pode levar a uma série de complicações. Mesmo quando exames como colesterol, glicemia e pressão arterial estão dentro dos limites normais, o corpo pode estar num estado de inflamação crónica. Isto significa que ainda que os exames pareçam normais, o corpo está a trabalhar contra si mesmo.
A gordura, especialmente a visceral (aquela que se acumula ao redor dos órgãos), é metabolicamente ativa e pode secretar substâncias pró-inflamatórias. Essa inflamação de baixo grau, embora muitas vezes silenciosa, pode causar danos a longo prazo. Ela afeta não apenas o sistema digestivo, mas também o sistema cardiovascular, o fígado, e até o sistema nervoso.
A obesidade é a principal causa de diabetes e triplica as probabilidades de desenvolver a doença. Pessoas não diabéticas, mas com antecedentes familiares, podem prevenir, ou retardar o aparecimento da diabetes, perdendo peso. Quando a doença já está estabelecida, emagrecer pode reduzir a necessidade de medicação.
Também é um fator de risco para a hipertensão – estima-se que a obesidade seja responsável por um terço dos casos. O risco de ser hipertenso aumenta 50% em pessoas com excesso de peso. Perder dez quilos reduz em 26% o risco de ter tensão alta. A obesidade é ainda fator de risco para dislipidemia, aumentando o colesterol, os triglicéridos e reduzindo a fração do colesterol bom.
Outras doenças estão ainda associadas à obesidade, como algumas formas de cancro, doenças respiratórias, cálculo biliar e doenças ósteoarticulares. Não pode ficar esquecido o aspeto psicológico, que tem a ver com a estigmatização do obeso, e que leva a quadros depressivos, diminuição da autoestima e do relacionamento social.
Basear-nos nos resultados dos exames laboratoriais e ignorar o impacto da obesidade no corpo é um erro que pode sair muito caro.
A ideia de uma “obesidade saudável” pode parecer reconfortante, mas não reflete a realidade dos riscos associados ao excesso de peso. A saúde vai além dos valores dos exames – trata-se de manter o corpo em equilíbrio, livre de inflamações e preparado para enfrentar desafios ao longo da vida.
Reconhecer que a ideia de “obesidade saudável” não existe, que é apenas um mito, é o primeiro passo para tomar medidas adequadas de prevenção e combate. O controle de peso, uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios físicos são fundamentais para reduzir o risco de inflamação crónica e melhorar a saúde geral.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2030, mais da metade do mundo sofrerá de obesidade.
Prevenir esta epidemia pode passar por fazer uma alimentação equilibrada. Assim, a dieta deve ser rica em frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras e evitados alimentos processados, ricos em gorduras saturadas, açúcares adicionados e sódio em excesso.
A prática regular de exercício é crucial para a perda de peso e a manutenção da saúde. Devem ser escolhidas atividades físicas que sejam adequadas ao condicionamento e interesses pessoais. Caminhadas, corridas, natação, musculação e ioga são opções populares. Um profissional poderá criar um plano de exercícios adequado a cada caso.
O stress crónico também pode desencadear o aumento de peso e dificultar a sua perda. Existem formas saudáveis de lidar com o stress, como a prática de técnicas de relaxamento, exercícios, meditação ou terapia.
É muito importante consultar um médico ou um especialista em endocrinologia que avaliará a saúde geral do indivíduo, discutirá opções de tratamento e dará orientações personalizadas. O acompanhamento médico adequado é fundamental para identificar e tratar possíveis problemas de saúde relacionados à obesidade.
Quando se trata de enfrentar a obesidade não há tempo a perder. É fundamental a consciencialização sobre os riscos envolvidos, procurar apoio profissional e adotar um estilo de vida saudável. Combater a obesidade é investir na saúde e bem-estar a longo prazo.
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