A adolescência é, só por si, um processo de crescimento, amadurecimento e preparação para a fase adulta, um período complexo de alterações físicas e psicológicas. Daí que, a gestação na adolescência causa geralmente grande impacto na saúde da gestante e do feto, podendo gerar consequências nas relações interpessoais e dificultando o acolhimento e a estratégia de vigilância adequada que normalmente é realizada nos cuidados de saúde primários.
A ocorrência de uma gravidez precoce e a perspetiva de uma eventual maternidade, traz implicações que importa acautelar, a fim de atenuar os impactos negativos que daí podem advir para a jovem mãe e não só, além de evitar constrangimentos nos serviços dos cuidados de saúde, tendo por referência a necessidade de uma maior vigilância da gravidez na adolescência, que pode ser agravada pela ausência de apoio familiar.
Nessas circunstâncias, o acompanhamento médico deve ser iniciado precocemente, de preferência até às 10 semanas, segundo os especialistas, e a frequência das consultas deve ser aumentada ao longo da gravidez e ajustada de acordo com as necessidades definidas pelo clínico assistente.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência constitui um processo biológico durante o qual se dá o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade, sendo considerada pré-adolescência entre os 10 a 14 anos de idade e a adolescência dos 15 aos 19 anos. Entre a população portuguesa, estima-se que as primeiras relações sexuais comecem em média aos 16 anos, sendo igualmente referido que a gravidez na adolescência comporta algumas particularidades, podendo nalguns casos específicos, provocar riscos acrescidos para a saúde da mãe e do futuro bebé.
A grande maioria das gravidezes na adolescência não é desejada e resulta principalmente da falta de conhecimento ou falha dos métodos contracetivos, sendo que quanto mais cedo se iniciarem relações sexuais e quanto mais parceiros, maior será o risco de uma adolescente adquirir uma infeção sexualmente transmissível (DST), e de surgir uma gravidez não desejada, muito embora em determinados contextos sociais culturais a gravidez em idades jovens possa ser vista como um evento normal e desejado.
A adolescente deve estar atenta aos principais sinais e sintomas de gravidez. O primeiro sinal de suspeita de gravidez é a falta ou atraso da menstruação, tendo em consideração que nessa faixa etária, o fluxo menstrual é frequentemente irregular, podendo levar à desvalorização de um atraso ou a sua falta, com risco de diagnóstico tardio.
É por isso necessário que a adolescente esteja também atenta ao início de outros sintomas que se manifestam por náuseas e vómitos, aumento inesperado de apetite, cansaço inexplicado, sensibilidade mamária, dores abdominais e necessidade mais frequente de urinar. A confirmação definitiva de gravidez pode ser feita através de um teste à urina na farmácia comunitária, ou ao sangue em laboratório de análises clínicas.
Face a um teste positivo e após reflexão consciente sobre as implicações de uma gravidez, a jovem gestante deve considerar uma de três opções: prosseguir com a gestação e assumir a maternidade, prosseguir com a gestação e entregar a criança a uma instituição para adoção ou interromper a gravidez, caso cumpra os requisitos legais para o efeito.
Em Portugal, todas as mulheres com mais de 16 anos podem interromper a gravidez até à décima semana, porém, se a jovem for menor de 16 anos, terá de obter o consentimento do seu representante legal. No entanto, dependendo de certas condições específicas, a interrupção pode ser realizada até mais tarde.
Caso a adolescente opte por prosseguir a gravidez, deve providenciar uma consulta médica o mais cedo possível, de forma a iniciar a vigilância, sendo muito provavelmente encaminhada para as consultas hospitalares, a fim de garantir um acompanhamento multidisciplinar.
Nos cuidados de saúde primários, a adolescente grávida deve inteirar-se dos cuidados particulares que deverá ter nomeadamente nas consultas de planeamento familiar, para obtenção de toda a informação de que necessite, bem como do apoio e acompanhamento médico que deverá ter.
As consultas de planeamento familiar no nosso País são gratuitas e a grávida pode deslocar-se sem acompanhantes, não sendo necessária a autorização ou presença dos pais ou de outro adulto. Os cuidados de saúde que a gestante tiver consigo própria durante a gravidez são muito importantes para a sua saúde e a saúde do seu bebé, pelo que deverá ir regularmente às consultas e não faltar a nenhuma.
Nas consultas de planeamento familiar, sempre que seja possível, é desejável e muito importante a presença do pai do bebé, pois a gravidez não diz respeito somente apenas à mãe mas também ao pai, que deverá viver a gravidez junto da mãe e participar em todos os cuidados e atos de vigilância, como forma de gerarem uma criança saudável e feliz.
Um período pré-natal eficaz, com a realização de vários exames e cuidados básicos, pode evitar consideravelmente os riscos de desenvolvimento de deficiências físicas, motoras e intelectuais.
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