Chegou a altura de iniciar a diversificação alimentar do seu bebé e não sabe por onde começar? É normal que surjam dúvidas e receios mas esta fase deve ser encarada com tranquilidade. Aqui ficam algumas dicas e cuidados que o vão ajudar.
A diversificação alimentar é o período de transição entre o aleitamento exclusivo e a inclusão na alimentação da família. A Organização Mundial de Saúde (OMS) também lhe atribui a designação de alimentação complementar, para reforçar que nesta fase a alimentação deve ser um complemento e não um substituto do leite.
A oferta de novos alimentos para além do leite materno ou de substituição representa para os pais um grande desafio. Se para uns é um período extremamente gratificante, encarado com muito entusiasmo, para outros pode ser motivo de alguma angústia e preocupações.
Antes de mais, é importante que saiba que não existe uma idade fixa para o início da diversificação, devendo cada bebé ser analisado de forma individual; contudo, a introdução da alimentação complementar faz-se habitualmente entre os quatro e os seis meses de idade. Idealmente, os novos alimentos seriam introduzidos a partir dos seis meses.
Nesta fase do desenvolvimento do bebé o aleitamento materno exclusivo começa a não ser suficiente para suprir as suas necessidades nutricionais e as reservas de alguns nutrientes existentes desde a gestação, como o ferro, esgotam-se.
Aos seis meses o organismo do bebé já está preparado para digerir novos alimentos e as suas necessidades energéticas aumentam à medida que cresce e ganha mobilidade.
As funções de digestão e do funcionamento intestinal e renal estão aptas a lidar com outros alimentos para além do leite e menos sensíveis a intolerâncias e alergias alimentares.
Por esta altura a maturidade neuromotora do bebé permite uma boa coordenação e diminui o risco de engasgamento. O bebé desenvolve a capacidade de mastigação (essencial para o desenvolvimento dos músculos da fala) e de deglutição e o gosto por novos sabores, cheiros e texturas. Aparece o primeiro dente, normalmente, um dos incisivos centrais inferiores, dentes com a função de cortar, e que é rapidamente seguido pelos outros dentes incisivos centrais inferiores e superiores.
Apesar da importância dos novos alimentos, a mãe deve manter a amamentação até aos 24 meses ou mais, se possível, uma vez que o leite materno continua a ser uma importante fonte de calorias, nutrientes e agentes protectores.
Tenha em mente que cada bebé é único e, por isso, tem necessidades nutricionais específicas. A introdução de novos alimentos deve ser planeada com o apoio de um profissional. Cabe ao pediatra/nutricionista avaliar o bebé e definir um plano alimentar (que alimentos, em que quantidade, número de refeições) que se ajuste às suas necessidades.
Por onde começar? As etapas da diversificação alimentar
Na verdade não existem regras rígidas no que diz respeito à diversificação, contudo, se optar pela introdução alimentar seguindo o método tradicional (porque existe outro, de que adiante se falará), deve começar pela sopa. E porquê?
Porque o ser humano nasce com o paladar geneticamente condicionado, havendo uma preferência inata para o doce e aversão para o amargo. Se começar pela papa, à partida o bebé vai aceitar bem, no entanto, esta fase é fundamental para dar início à formação de hábitos saudáveis. Assim, ao iniciar a diversificação com a sopa estará a promover a aceitação precoce do sabor amargo e a educar o palato.
As refeições devem ser dadas ao ritmo do bebé e se este rejeitar um alimento não deve desistir logo pois vários estudos indicam que são necessárias cerca de 8 a 10 tentativas para se afirmar com certeza que o bebé não gosta de determinado alimento ou sabor. Nunca é demais reforçar que não devem ser oferecidos alimentos processados, nem adicionar açúcar ou sal na comida do bebé.
A introdução de alimentos novos deve ser efectuada com um intervalo de três a cinco dias de forma a identificar com mais facilidade uma possível reacção adversa ao alimento e para dar tempo ao bebé de se adaptar ao novo paladar.
As primeiras refeições podem ser um pouco frustrantes para os pais. É normal que o bebé coma apenas algumas colheres. Quando parecer cheio e satisfeito, não insista.
Para o ajudar nesta fase do desenvolvimento do seu bebé, aqui ficam as principais etapas da diversificação:
1ª etapa: 6 meses (ou 4 meses em crianças não amamentadas)
Comecemos então pela sopa: esta deve ser simples, ter a textura de um creme (tornando-se, gradualmente, mais granulosa) e não deve possuir mais de 4 legumes. De preferência deve conjugar: um legume “base” (por exemplo, batata) + um legume rico em betacarotenos (cenoura, por exemplo), um legume rico em antioxidantes (por exemplo, alho francês) + um legume com folhas (por exemplo, couve-coração).
Para variar pode optar ainda por ingredientes como couve-flor, curgete, cebola, alho, abóbora, alface e brócolos. Adicionar uma colher de chá de azeite, em cru, a cada dose de sopa.
A papa deve ser de cereais e pode ser láctea ou não láctea, isto é, preparada com água ou leite (de fórmula ou materno), respectivamente. O bebé não deve comer mais de uma papa por dia.
Quanto à fruta, entre os 6 e os 12 meses de vida, a criança não deve comer mais do que duas peças de fruta/dia. A fruta deve ser da época (na fase inicial maçã, pera ou banana), crua, ralada e servida nas refeições principais, depois do creme de legumes, por exemplo. Nunca se usa fruta em substituição de uma refeição.
A partir dos 7 a 8 meses de idade, dependendo da evolução da criança, é importante começar a dar-lhe legumes e frutas menos ralados, de modo a que o bebé se comece a habituar às diferentes texturas.
A partir dos 6 meses, o bebé também precisa de uma fonte de ferro heme, que vai encontrar na proteína animal.
Nesta fase, pode começar por lhe dar 30 g de carne ou peixe por dia. Inicie com carne branca e depois vermelha: galinha, peru, coelho, avestruz e depois borrego e vaca. Adicione a carne apenas na fase final da cozedura dos legumes.
A introdução do peixe deve ser alternada com a carne, a partir dos sete meses. Utilize peixe magro, fresco ou congelado: pescada, linguado, besugo, entre outros.
Até aos 6 meses de vida do bebé a ingestão de água através do leite materno ou do leite de fórmula era suficiente mas, a partir do meio ano, deve incentivar a criança a bebê-la, inclusive entre as refeições.
2ª etapa: entre os 7 e os 12 meses
Entre os 7 e os 8 meses de idade, deve começar a oferecer à criança pequenas porções de leguminosas, como lentilhas ou feijão-frade, branco ou preto.
O iogurte, de preferência natural, sem aroma e sem nata, pode ser experimentado entre os 8 e os 9 meses de idade. Ele deve substituir outro produto lácteo, como a papa ou o leite.
Aos 9 meses deve ser introduzida a gema de ovo cozida, em substituição da proteína animal, e de forma de despistar eventuais alergias. Comece por lhe dar ½ gema, depois uma gema inteira e, finalmente, um ovo inteiro (gema e clara). A criança não deve consumir mais de 3 ovos por semana.
Nesta altura também pode experimentar dar-lhe frutos oleaginosos como noz, amêndoa, amendoim, entre outros. Neste caso é igualmente importante estar atento a eventuais alergias, assim como ao risco de engasgamento.
A partir dos 10 meses pode substituir a pescada por peixes mais gordos como a sardinha, o salmão ou a cavala, por exemplo, nunca excedendo os 30 g de proteína animal diários. Se a criança já se habituou aos sólidos, pode retirar a proteína animal da sopa e dar-lha acompanhada por um hidrato como o arroz ou massa.
Até aos 12 meses de vida da criança há alimentos absolutamente desaconselhados como, por exemplo, leite de vaca, mel, chás, produtos processados, bebidas açucaradas, açúcar e sal. Os boiões também só deverão ser oferecidos como último recurso.
3ª etapa: após os 12 meses
Normalmente, a partir do primeiro ano de vida, a criança pode ser gradualmente integrada na dieta familiar que deve ser saudável e equilibrada. Nesta etapa, é importante oferecer uma alimentação rica e variada, de modo a que o bebé conheça o maior número de sabores e de texturas possível.
As porções também devem ser adequadas à idade e ao tamanho da criança e os pais e restantes membros da família não devem habituar a criança a petiscar ou andar sempre com comida na mão. Aliás, não devem ser excedidas as três refeições principais por dia (pequeno-almoço, almoço e jantar), acrescidas de dois lanches (meio da manhã e meio da tarde).
Ninguém duvide de que uma alimentação correcta pode prevenir doenças na idade adulta e que a educação alimentar desde as fases mais precoces da vida é crucial. A questão que se põe, no que diz respeito à diversificação alimentar, é, será que os bebés necessitam de se acostumar aos purés antes de poderem transitar para os alimentos que se comem à mão? Segundo o método BLW (Baby-Led Weaning) não. Sabe de que se trata?
O método Baby-led Weaning: comer com as mãos em vez da papa
Baby-led Weaning (BLW) é uma variante da alimentação complementar, relativamente nova, e significa algo como “desmame conduzido pelo bebé”. Levar o bebé a participar na refeição, mesmo quando ele ainda é um principiante, é o grande desafio deste método.
Em vez de comer alimentos em forma de papa, os bebés devem decidir o que querem comer e em que quantidade, desde o início. Com o método BLW, originário do Reino Unido, não se dá comida ao bebé, é ele quem come os pedaços de fruta e legumes com as mãos.
Segundo o método BLW, aos 6 meses, o bebé já desenvolveu as capacidades necessárias para se alimentar de forma autónoma, não necessitando de ser alimentado com uma colher por uma terceira pessoa. Se optar por este método deve usar vegetais macios como cenouras, batatas e pastinagas. De acordo com a necessidade, deve continuar a amamentar para complementar a alimentação da criança. Pode começar com o BLW a partir do sexto mês, tal como com a alimentação complementar normal.
Independentemente do método de diversificação alimentar que escolher, acima de tudo deve respeitar o ritmo e desenvolvimento do seu bebé. Procure envolver o bebé nas refeições em família porque eles aprendem por imitação.
Será muito mais fácil que eles experimentem alimentos novos se virem os pais também a comer, assim, deve tentar que pelo menos uma das refeições seja feita em simultâneo com toda a família.
Leve esta fase com tranquilidade, ouça o seu bebé e tudo correrá bem eles acabam sempre por nos orientar.
Um período pré-natal eficaz, com a realização de vários exames e cuidados básicos, pode evitar consideravelmente os riscos de desenvolvimento de deficiências físicas, motoras e intelectuais.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.