Assinalado anualmente a 14 de setembro, desde 2018, o Dia Mundial da Dermatite Atópica, foi estabelecido com o objetivo de chamar a atenção da doença a nível global, através da parceria e coordenação da Global Skin e da Federação Europeia de Associações de Pacientes com Alergia e Doenças das Vias Aéreas (EFA), para uma tomada de consciencialização e para dar visibilidade a uma doença que pode assumir formas moderadas a severas e ter um impacto muito debilitante no dia-a-dia e na qualidade de vida dos portadores da doença.
A dermatite atópica, vulgarmente chamada de eczema, é uma infeção pruriginosa crónica das camadas superficiais da pele e que afeta comummente os indivíduos que sofrem da febre dos fenos ou de asma, bem como as pessoas que tenham familiares portadores dessas doenças.
O eczema atópico é uma doença alérgica da pele, que está no centro de outros problemas de saúde, afetando a saúde mental e que pode levar ao desenvolvimento de outras doenças. Trata-se de uma doença muito difícil para os pacientes e suas famílias, impactando seriamente a sua vida quotidiana, sendo por isso muito importante que o testemunho de todas as pessoas direta ou indiretamente envolvidas, bem como dos pacientes afetados, chegue às associações específicas de doentes.
Em Portugal, esses testemunhos podem ser encaminhados para a Associação Dermatite Atópica Portugal (ADERMAP), que através do apoio dos seus associados e patrocínio de algumas empresas da indústria farmacêutica, lhe permite apoiar e beneficiar muitos dos pacientes, estabelecendo protocolos com várias entidades no sentido de promover a adesão à terapêutica tópica e aliviar o peso financeiro da patologia, cuja gestão implica, nalguns casos, custos consideráveis.
A dermatite atópica é uma das doenças da pele mais comuns, particularmente em áreas urbanas e nos países desenvolvidos e não é contagiosa. Estima-se que em cada ano, 10% dos adultos e 20% das crianças são diagnosticadas com a patologia, sendo que a maioria desenvolve o distúrbio antes de atingir os 5 anos de idade e muitas outras com menos de um ano.
Frequentemente, a dermatite atópica que se desenvolve durante a infância desaparece ou diminui consideravelmente até à fase adulta, todavia, ela pode ter início em qualquer idade.
Na sua fase inicial ou aguda, desenvolvem-se áreas vermelhas com uma comichão intensa, exsudativas, com crosta e, por vezes, bolhas; já na fase crónica, o ato de coçar e esfregar a zona afetada, origina áreas que parecem estar secas ou com aspeto de líquenes, um espessamento da pele que exibe pregas cutâneas ou fendas acentuadas semelhantes a sulcos e rugas profundas, que resultam de coçar e esfregar a pele repetidamente, durante a doença.
As pessoas que sofrem de dermatite atópica também correm maior risco de desenvolver reações alérgicas de contacto, que são desencadeadas quando a pele entra em contacto com um alérgeno que sensibiliza a pele.
A melhor forma de prevenir a doença é evitar os banhos e lavagens excessivas, reduzindo o uso de sabão, usar água tépida para se lavar ou tomar banho e aplicar cremes hidratantes com frequência, medidas que podem prevenir as exacerbações, podendo ser útil identificar e evitar os fatores desencadeantes que pioram o quadro clínico, como por exemplo o stresse, suor, alguns sabões, detergentes e perfumes.
Embora não exista uma cura conhecida para a dermatite atópica, alguns sintomas como a comichão podem ser atenuados com medicamentos tópicos aplicados na pele ou administrados por via oral, podendo geralmente ser aplicados em casa, excetuando em pessoas com outras complicações na pele, em que é necessário recorrer à hospitalização em função da gravidade. O importante é que se interrompam os ciclos de comichão, orientando as pessoas para as boas práticas de cuidados da pele.
Para esse efeito é necessário tomar algumas medidas, que podem passar por utilizar substitutos de sabonetes; aplicar pomadas ou cremes hidratantes imediatamente depois do banho, enquanto a pele está húmida; reduzir a frequência dos banhos de chuveiro ou banheira; usar água tépida nos banhos, nunca água quente; secar a pele como se estivesse a usar um mata-borrão em vez de esfregar.
A par destas medidas, as pessoas devem fazer um esforço para reduzir o stresse emocional e tomar um anti-histamínico como hidroxizina e difenidramina para aliviar a comichão, de preferência antes de adormecer, a fim de evitar a sonolência que provocam.
No caso das crianças e adolescentes atingidas pela dermatite atópica, os pais ou outros cuidadores, precisam de dedicar várias horas diárias para dela cuidarem, desviando o foco das outras crianças que também necessitam de atenção. Além disso, o tempo é perdido em repetidas visitas ao médico e os familiares dos pacientes são obrigados a fornecer apoio contínuo, provocando por vezes graves consequências nas economias familiares e nas relações laborais, além de tornarem a gestão da doença muito desafiante, proporcionalmente à gravidade e às comorbilidades existentes.