Numa sociedade em que a aparência assume, cada vez mais, um papel preponderante, um sorriso saudável e atraente funciona como requisito obrigatório, seja a nível
pessoal ou profissional.
A boca e os dentes são o cartão de visita que define a nossa imagem. A boca – uma pequena parte da nossa anatomia em geral –, é preenchida por diversas partes, que trabalham em conjunto para nos ajudar a comer, beber, falar e a ter um sorriso radiante.
O sorriso adulto é formado, normalmente, por 32 dentes: 8 incisivos, 4 caninos, 8 pré-molares e 12 molares (incluindo 4 dentes do siso). Os incisivos são os dentes frontais, afiados em forma de cinzel (quatro superiores, quatro inferiores) para cortar os alimentos; os caninos, por vezes chamados presas, são em forma de pontos (presas) e são usados para rasgar e segurar os alimentos; os pré-molares possuem duas cúspides pontiagudas na sua superfície cortante, sendo usados para esmagar e moer os alimentos; e os molares, usados para os moer e mastigar. Estes dentes possuem várias cúspides na superfície de mordida, o que ajuda nesse processo.
A maioria das pessoas tem o conjunto completo de dentes adultos assim que atingem a adolescência. É comum os adultos extraírem os dentes do siso, pois nem sempre há espaço suficiente para que estes cresçam confortavelmente sem causar o desalinhamento dos outros dentes.
Porém, a perda de dentes não se deve unicamente a este tipo de situações. Atualmente existem, em todo o mundo, milhões de pessoas afetadas pela falta de dentes devido ao processo natural de envelhecimento, a acidentes, doenças ou fatores genéticos. Independentemente das causas, a questão assume um papel negativo na vida quotidiana e no bem-estar geral.
Para além de poderem deixar de saborear alguns dos seus alimentos favoritos as pessoas podem sentir-se inseguras nas relações sociais, e em casos mais extremos o problema pode mesmo pôr fim a um sorriso espontâneo e natural.
Na verdade, a falta de apenas um dente pode tornar-se, a longo prazo, num problema de saúde. Os dentes não são independentes, constituem um sistema integrado e complexo onde cada elemento desempenha um papel importante. Cada dente garante que os dentes adjacentes se mantenham na sua posição, permitindo igualmente a correta mastigação dos alimentos. Quando existem dentes em falta, os restantes tendem a deslocar-se ocupando os espaços vazios podendo originar futuramente problemas oclusais e articulares.
Por outro lado, a falta de dentes causa perda óssea nos maxilares, pois o osso deixa de ser estimulado através da mastigação, o que, a longo prazo, pode implicar a perda de mais dentes. A perda óssea provoca muitas vezes o recuo da linha do maxilar, alterando o perfil e fazendo as pessoas parecerem mais velhas do que na realidade são.
Assim, entre as várias razões para cuidar dos dentes e das gengivas salienta-se o conservar a saúde e o bem-estar; manter uma boa aparência; ter uma boa dicção; e evitar o mau hálito, que pode transtornar as pessoas com quem se convive.
Além disso, a digestão começa na boca. Se os dentes estiverem cariados, ou se houver a falta de algum, a digestão tornar-se-à mais difícil e todo o organismo poderá ser afetado. Bons dentes favorecem uma boa mastigação, esta favorece a digestão e, portanto, uma assimilação mais perfeita e completa dos alimentos.
Os motivos mencionados já seriam por si só suficientes para se dar mais importância à saúde oral e à dentição, mas há mais! Com bons dentes é muito mais fácil o relacionamento social e, hoje em dia, na vida profissional uma boa aparência e um sorriso "perfeito" podem ser o fator decisivo para se ser selecionado ou preterido.
Lamentavelmente, uma grande parte da população é descurada no que toca a cuidados de saúde e higiene oral (os cuidados básicos não são praticados de forma correta) e, para agravar a situação, as visitas regulares ao dentista ou ao higienista, como forma de prevenir eventuais problemas, são vistas como algo supérfluo, dando origem a situações, a maior parte das vezes, irreversíveis.
Dados do Barómetro de Saúde Oral 2017 revelam que menos de um terço dos portugueses tem a dentição completa e a mais de 12 por cento faltam mais de oito dentes. Mas as más notícias não se ficam por aqui pois a percentagem de portugueses com dentes em falta e que nada têm a substituí-los tem vindo a aumentar, ainda que ligeiramente, em comparação com os dados de 2014 e de 2015.
Para além das questões estéticas existem outros problemas associados à não substituição dos dentes perdidos: quando se perde um dente, por exemplo, na arcada inferior da boca, para além dos dentes adjacentes terem tendência a movimentarem-se de forma a ocuparem esse espaço, é muito frequente os dentes da arcada oposta (neste exemplo, a arcada superior) começarem a deslocar-se no sentido de ocupar o espaço do dente em falta, o que pode levar à perda, consequente, desse dente.
Deixar "espaços abertos" no sorriso não é uma opção inteligente, até porque as soluções para a falta de dentes são cada vez mais.
Soluções para libertar um sorriso
Uma das soluções mais comuns para substituir dentes em falta, seja por perda ou pela carência natural de alguns deles, é a prótese dentária, também conhecida por "dentadura". Existem vários tipos de próteses dentárias. As mais conhecidas são possivelmente as próteses removíveis, que podem ser parciais e totais.
As removíveis parciais podem ser totalmente em acrílico ou terem uma parte metálica chamada esqueleto – próteses esqueléticas – e destinam-se a substituir um ou mais dentes.
Por razões sócio-económicas estas próteses, que deveriam ter apenas um caráter temporário, são as mais usadas. Apoiam-se nos tecidos moles e, no caso de algumas esqueléticas, também nos dentes naturais ainda presentes.
As próteses removíveis totais, mais conhecidas por dentaduras, são normalmente em acrílico e destinam-se à substituição de todos os dentes sendo suportadas apenas pelos tecidos moles e estrutura óssea subjacente. Mantêm-se na boca pela ação conjunta de pequenas retenções da anatomia do que resta do osso alvéolar, da língua, dos músculos faciais e, no caso da prótese superior, do efeito de vácuo entre a superfície interna da prótese e o palato (céu da boca). A retenção destas próteses é muito problemática quando há uma reabsorção quase total do osso alvéolar. Nesta situação a única solução é recorrer aos implantes dentários, ainda que o método seja bastante mais dispendioso.
Um implante dentário é uma raiz artificial. Insere-se no osso maxilar ou na mandíbula e vai servir de âncora ou pilar para segurar o novo dente, denominado de coroa dentária. Essa coroa de metal fundido ou zircónio substitui de forma temporária ou permanente o dente em falta.
Os implantes dentários são compostos de titânio – um material totalmente compatível com o organismo humano –, e assemelham-se a pequenos parafusos em forma de cilindro ou rosca. As células do osso maxilar ou osteoblastos vão envolver o titânio e ambos, osso e parafuso, tornam-se numa estrutura única.
Para poder receber um implante é necessário ter gengivas saudáveis, um bom osso de suporte, e manter estas estruturas saudáveis.
A razão é simples: os implantes dentários são colocados cirurgicamente no osso dos maxilares, por debaixo das gengivas, de forma a permitir ao dentista colocar dentes artificiais sobre eles.
Existem dois tipos de implantes. Os implantes endósseos que são implantados cirurgicamente diretamente no osso do maxilar. Quando o tecido gengival circundante estiver cicatrizado é necessária uma segunda cirurgia para fazer a ligação do pilar com o implante colocado anteriormente. Por último o dente artificial é colocado no implante.
Os implantes periósteos consistem numa peça de metal que é colocada no osso do maxilar logo abaixo do tecido gengival. Ao mesmo tempo que a gengiva cicatriza, a peça de metal fixa-se ou osteointegra-se no osso do maxilar. O pilar que está ligado ao implante surge através das gengivas. Tal como nos implantes endósseos os dentes artificiais são, então, fixados nos pilares.
As próteses removíveis e as pontes colocadas sobre o implante não caem nem se deslocam na boca – um benefício importante para a mastigação e para a fala. Esta adaptação segura, ajuda a que as próteses removíveis e as pontes – tal como as coroas individuais colocadas sobre implantes – sejam sentidas mais naturalmente do que as pontes e próteses convencionais.
Para algumas pessoas, as pontes e as próteses mais vulgares não são confortáveis ou mesmo possíveis, tendo em conta locais de feridas, má retenção ou agonias. Com a agravante destas pontes terem de ser cimentadas nos dentes que circundam o espaço. Uma vantagem dos implantes é que não precisam que os dentes adjacentes sejam preparados ou reduzidos para suportarem o seu novo dente ou dentes.
Geralmente os implantes duram entre 10 a 20 anos dependendo da sua localização e da capacidade da pessoa manter uma boa higiene oral e fazer manutenção regular no dentista. Como os molares sofrem mais pressão, desgaste e uso, estes implantes não duram tanto tempo quanto os colocados na zona frontal da boca.
Na verdade, a chave para o sucesso a longo prazo dos implantes dentários, passa pela sua manutenção. É imprescindível o controlo periódico dos implantes e dos tecidos que o suportam – os tecidos perimplantares –, o osso e os tecidos moles que circundam o implante. Estes controlos devem ser realizados de acordo com a necessidade específicas de cada paciente, tendo em conta os fatores que possam contribuir para o desenvolvimento de doença periodontal (nos dentes naturais) assim como evitar que esta se desenvolva nos tecidos perimplantares, pois o risco destes pacientes desenvolverem doença perimplantar é maior do que em pacientes com tecidos moles e osso saudáveis.
Independentemente do tipo de situação que se pretenda solucionar, todos os procedimentos estéticos dentários devem ser feitos por profissionais competentes, especializados e experientes. Por serem procedimentos complexos, devem ser planeados e executados com precisão e cuidado.
Na nossa sociedade o sorriso é parte ativa na construção da nossa identidade porque transmite bem-estar, segurança e satisfação. Os nossos dentes são o símbolo de força, vaidade, sensualidade, afirmação e positivismo e o facto de os perder transforma esta simbologia em ansiedade, insegurança, timidez, isolamento e infelicidade.
Assim, não ignore dentes em falta. É tão fácil transformar um sorriso hoje em dia!