BRUXISMO

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DOENÇAS E TRATAMENTOS

  Tupam Editores

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O nome assusta e quem ouve o diagnóstico recupera do seu imaginário infantil imagens de bruxas e bruxarias, mas não se deixe enganar pois o bruxismo é, nada mais, nada menos, que um problema de saúde oral. Fique a saber tudo sobre este distúrbio.

O termo deriva do grego brychein e significa, literalmente, ranger os dentes. De um modo simples, o bruxismo é um hábito parafuncional (o que quer dizer que não faz parte da função normal dos dentes), que se caracteriza pelo hábito de apertar ou ranger os dentes de forma involuntária. Através de movimentos que aplicam muita força sobre os músculos, o distúrbio pode danificar significativamente os dentes dos pacientes, desgastando o esmalte e originando várias consequências negativas para a saúde oral.

Actualmente estima-se que pelo menos 100 mil portugueses são afectados por alguma forma de bruxismo. A nível mundial, os estudos desenvolvidos indicam que cerca de 20 por cento da população, pelo menos num momento da sua vida, acabará por desenvolver algum tipo de parafunção oral relacionada com esta perturbação.

Apesar de ser relativamente comum na infância e tender a desaparecer com a idade, o bruxismo pode ocorrer em qualquer pessoa e em qualquer fase da vida, sendo um problema transversal a todas as faixas etárias. Manifesta-se, contudo, com maior frequência entre os 20 e os 50 anos e no sexo feminino, numa fase mais activa do paciente.

Pode acontecer, essencialmente, de duas formas. Pode-se sofrer de bruxismo diurno, rangendo os dentes sem intenção ao longo do dia, ou ter uma das formas mais “invisíveis” e mais prejudiciais de bruxismo, o nocturno, rangendo os dentes durante o sono, mas o problema também se pode manifestar em ambos os períodos. Pode ainda ser dividido em bruxismo primário – sem relação com qualquer condição médica prévia; e bruxismo secundário – onde uma condição médica ou psiquiátrica é conhecida.

Independentemente do caso, para quem sofre da disfunção o mais importante é o seu diagnóstico, compreender as causas e procurar tratamento, até porque, no limite, esta pode levar à destruição completa da dentição.

Por ser muito silencioso o bruxismo nem sempre apresenta sintomatologia. Assim, mesmo sofrendo do problema, a maioria dos pacientes não sabe que o tem, ainda que com o passar do tempo surjam alguns sinais de alerta que revelem que algo não está bem na boca.

Um dos principais sinais tem a ver com a aparência dos dentes. A dentição pode começar a ficar lascada e mais curta, com um aspecto desgastado. Nestes casos ocorrem perdas significativas do esmalte associando-se o bruxismo à sensibilidade dentária.

Mas existem outros sintomas que devem alertar para o problema. Ao nível muscular, acordar com rigidez dos músculos da face, cabeça e pescoço, dor facial e dor a nível da articulação que une os maxilares ao crânio podem também ser sinais de que se sofre de bruxismo. As dores de cabeça na zona temporal podem igualmente dever-se a excesso de actividade muscular.

Esteja atento pois, quanto mais rapidamente for identificado este hábito, menores serão os seus efeitos. Quanto à causa, não se pode dizer que exista uma causa única.

Causas, consequências e tratamento

A causa do bruxismo nem sempre é muito clara mas habitualmente – em 70 por cento dos casos – está relacionada com o stress e com a ansiedade. O seu desenvolvimento pode, no entanto, ser provocado por muitas outras situações, como por exemplo: Perturbações do sono (síndrome da apneia obstrutiva do sono, o acto de ressonar, pesadelos frequentes); Toma de medicamentos para o sono, depressão ou ansiedade; Má oclusão (quando os dentes superiores e inferiores não estão bem alinhados); Obstrução nasal e outras queixas respiratórias; Hereditariedade; Tabagismo ou uso de drogas recreativas; Consumo excessivo de álcool ou cafeína (seis chávenas de café ou mais por dia).

É importante que saiba que as pessoas que bebem álcool e os fumadores têm, aproximadamente, o dobro da probabilidade de cerrar e ranger os dentes.

O impacto deste problema na saúde oral manifesta-se a vários níveis: desgaste do esmalte dentário e até mesmo da dentina; quebra dos dentes e próteses; sensibilidade dentária; dor e mobilidade dos dentes; dificuldade em mastigar; gengivas inchadas; cliques ao movimentar a mandíbula (abrir e fechar a boca); dor facial devido à força com que os músculos maxilares são pressionados; dor de cabeça, de ouvidos e pescoço; fadiga facial geral, e dor na articulação temporomandibular.

Felizmente é uma patologia muito simples de tratar. Se suspeita que sofre de bruxismo, é fundamental consultar, o mais precocemente possível, um médico especialista na área para que este proceda a um diagnóstico completo do estado da sua boca. Após determinada a gravidade, o dentista irá recomendar o melhor tratamento para si.

Ainda que cada caso seja um caso, podem destacar-se três procedimentos principais.

As placas de bruxismo, ou goteiras oclusais, conseguem evitar que os dentes superiores e inferiores entrem em contacto e se desgastem. Estes dispositivos podem ser feitos em silicone ou acrílico e uma vez encaixados nos dentes superiores ou inferiores, fazem com que a actividade muscular seja reduzida, o que protege os dentes.

O aparelho em silicone normalmente encaixa melhor nas arcadas e é mais confortável, porém, é necessário que o paciente mantenha uma higienização impecável, pois o uso constante da placa sem a devida limpeza pode causar mau hálito ou proliferação de bactérias.

A placa de acrílico costuma ser mais eficaz no tratamento por ser um material mais resistente. É um aparelho menos confortável e, tal como a de silicone, necessita de uma boa manutenção higiénica.

A correcção da mordida é outra opção de tratamento. Uma vez que uma mordida incorrecta pode potenciar o atrito entre os dentes, uma outra forma de tratamento passa pela restauração dentária. Além das próteses, de coroas ou até do alinhamento dos dentes, é possível diminuir a tensão muscular e garantir que os dentes encaixam perfeitamente.

Como o stress parece ser uma das causas associadas ao bruxismo, algumas técnicas de relaxamento (meditação, ioga, massajadores faciais) também podem ser úteis. Tente diminuir o tempo que passa em frente aos ecrãs. Para além dos conteúdos aliciantes que deixam o cérebro mais alerta, a luz emitida pela televisão, monitores, smartphones e tablets estimulam o nosso sistema nervoso. O resultado são noites mal dormidas e o agravamento dos sintomas do bruxismo.

Um estilo de vida saudável, a prática regular de exercício físico ou, caso se justifiquem, consultas de psicologia ou neurologia são exemplos de tratamentos que podem ajudar o paciente a relaxar. Podem ainda ser recomendados medicamentos ou remédios caseiros (chá de camomila ou de outras ervas como a passiflora, a valeriana, a lavanda, o alecrim, ou a erva-cidreira podem ajudar a relaxar antes de dormir).

Para além dos procedimentos mencionados existe ainda um tratamento moderno – amplamente utilizado para fins estéticos, para combater esta tendência. Trata-se da aplicação da toxina botulínica tipo A. O efeito relaxante da toxina actua localmente, eliminando a tensão que leva à mordida sistemática. Além de reduzir a frequência de episódios de bruxismo, a toxina elimina o desconforto e a dor provocados pela patologia. É aplicado por injecção directamente nos músculos mastigatórios e actua por um período de três a seis meses.

O problema com a aplicação da toxina botulínica no músculo mastigatório e a razão pela qual a FDA não a aprovou como tratamento contra esta doença é que ela leva ao desgaste ósseo.

Existem ainda alguns comportamentos que deve adoptar para ajudar a prevenir ou diminuir o bruxismo. Assim, evite ou elimine o consumo de alimentos e bebidas estimulantes como o álcool, o café, o chocolate, as bebidas energéticas e os refrigerantes açucarados pois podem provocar alguma agitação e tensão muscular. Esqueça as pastilhas elásticas e não mastigue lápis ou canetas, ou qualquer coisa que não seja alimento.

Treine para não ranger nem cerrar os dentes. Se notar que o faz quando está acordado, coloque a ponta da língua entre os dentes pois esta prática treina os músculos a relaxar. Relaxe os músculos da mandíbula à noite segurando uma toalha de rosto quente contra a bochecha junto do lóbulo da orelha.

Se ao ler este artigo chegou à conclusão de que pode sofrer de bruxismo, não se assuste. Fale com o seu médico dentista e obtenha um diagnóstico concreto e a protecção de que os seus dentes precisam.

Não deixe o problema arrastar-se pois num diagnóstico demasiado tardio as consequências para a sua boca podem ser devastadoras. Não adie, para que possa continuar a sorrir para a vida!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

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