A alimentação natural, orgânica e sem cereais é uma tendência que tem vindo a penetrar aos poucos no mercado da nutrição animal, contudo, a Food and Drugs Administration (FDA) iniciou recentemente uma investigação por suspeita de que as rações sem cereais para cães podem estar relacionadas com uma maior probabilidade de os animais desenvolverem uma doença cardíaca – a cardiomiopatia.

A cardiomiopatia é caracterizada por uma dilatação ventricular progressiva, com redução de função ventricular esquerda ou de ambos os lados. A sintomatologia inclui letargia, perda de peso e, por vezes, tosse.

Os cães mais afetados pela cardiomiopatia dilatada são os de grande porte ou gigantes ou aqueles animais com predisposição genética para a doença cardiovascular, como é o caso dos Doberman pinschers ou dos Boxers. De referir que a maioria dos animais afetados são cães idosos, sendo também os machos mais afetados do que as fêmeas.

O aviso veio de uma clínica veterinária em Baltimore, que alertou a FDA para um elevado número de cães de raças como Golden Retriever e Labradores a darem entrada com esta patologia e com um fator comum:  uma dieta rica em leguminosas, como lentilhas e grão de bico, e batata, nutrientes utilizados para substituir os cereais da alimentação destes animais.

Após contactar a FDA, a clínica decidiu realizar um inquérito aos tutores dos seus pacientes, tendo apurado a existência de 150 cães com cardiomiopatia, sendo que todos faziam uma dieta à base de alimentos sem cereais.

Este tipo de alimentação começou a ganhar destaque em 2007, e em 2011, as vendas de rações sem cereais para cães já eram responsáveis por 15 por cento das vendas totais de lojas de animais nos EUA. Em 2017, representava já 44 por cento do mercado de alimentação animal, com vendas de 2,8 mil milhões de dólares.