Efeitos colaterais dos anticoagulantes diminuem com o tempo
Os anticoagulantes prescritos após coágulos sanguíneos na perna ou no pulmão inicialmente aumentam o risco de hemorragia, especialmente nas mulheres e nos idosos mas, com o tempo, esse risco diminui e as diferenças de género e de idade desaparecem, revelou um estudo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
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O objetivo do estudo, publicado no Journal of Internal Medicine, era investigar o aumento do risco de hemorragia durante o tratamento com anticoagulantes após um coágulo sanguíneo na perna ou pulmão, isto porque apesar de o tratamento proteger contra novos coágulos, aumenta o risco de hemorragias.
O protocolo padrão é prescrever anticoagulantes durante, pelo menos, três a seis meses, o que se denomina de tratamento inicial. Após esse período, o médico tem de decidir se o doente continua o tratamento – o que se denomina tratamento estendido. A decisão deve ter em consideração o risco de novos coágulos sanguíneos se o tratamento for interrompido, em relação ao risco de hemorragia se este se mantiver.
Os efeitos colaterais comuns dos anticoagulantes incluem hemorragia nasal, sangue na urina, sangue nas fezes e hematomas maiores e mais frequentes, isto porque o sangue não está a coagular como é normal.
O risco de hemorragia está ligado ao tratamento em si, ou seja, um risco induzido pelo tratamento, mas também ao risco de base do paciente, que nem sempre é considerado.
Durante a investigação, os especialistas utilizaram dados do registo sueco que abrangeram mais de 36.000 pacientes em tratamento com anticoagulantes após um coágulo sanguíneo na perna ou no pulmão pareados com um número igual de controles de sexo e idade correspondentes que não haviam tido um coágulo e não estavam a tomar anticoagulantes.
Os resultados permitiram apurar que durante os primeiros seis meses, 338 pessoas (1,07%) no grupo dos pacientes apresentaram hemorragia, em comparação com 103 pessoas (0,29%) no grupo de controle. O risco induzido pelo tratamento para as mulheres foi maior do que para os homens, e os participantes mais velhos, com 80 anos ou mais, apresentavam um risco maior.
Durante o tratamento estendido, no estudo dos seis meses aos cinco anos, o risco induzido pelo tratamento de hemorragias maiores já não estava associado ao género nem à idade avançada. No geral, o risco induzido pelo tratamento diminuiu de pouco mais de 2% durante o tratamento inicial para 0,7% durante o tratamento estendido.
De acordo com Katarina Glise Sandblad, uma das investigadoras envolvidas, o estudo revelou que a quota de risco de hemorragia devido aos anticoagulantes é baixa durante o tratamento estendido e não parece aumentar com a idade – o que é tranquilizante para os médicos e para os pacientes.