Organismo tem relógios circadianos distintos que operam independentes
Os vários relógios circadianos do organismo podem operar de forma independente do relógio central localizado no hipotálamo do cérebro, atestaram dois novos estudos.

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COLESTEROL
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Os estudos foram conduzidos pela Universidade da Califórnia em Irvine, nos Estados Unidos, em colaboração com o Instituto para a Investigação em Biomedicina, em Barcelona, Espanha.
Para os estudos, os investigadores manipularam ratinhos de forma a poderem analisar a rede de relógios internos que regulam o metabolismo. A equipa descobriu como desativar todo o sistema circadiano dos roedores e depois ativou os relógios presentes na pele ou fígado. Os resultados foram, segundo a equipa, surpreendentes.
“Ninguém se tinha apercebido que o fígado ou a pele poderiam ser tão diretamente afetados pela luz”, avançou Paolo Sassone-Corsi, investigador que liderou um dos estudos.
A equipa mencionou, a título de exemplo, que, apesar de terem desativado todos os outros relógios circadianos, incluindo o relógio central do cérebro, o fígado sabia que horas eram, respondeu a alterações na luz à medida que o dia se converteu em noite e manteve funções essenciais como preparar-se para digerir alimentos à hora das refeições e converter glicose em energia.
O relógio circadiano do fígado conseguiu de alguma forma detetar a luz, possivelmente através de outros órgãos. Só quando os ratinhos foram expostos a escuridão total é que os fígados deixaram de funcionar.
“As implicações futuras dos nossos achados são vastas”, comentou Paolo Sassone-Corsi. “Com estes ratinhos, podemos agora começar a decifrar as vias metabólicas que controlam os nossos ritmos circadianos, processos de envelhecimento e bem-estar geral”, concluiu.
O estudo foi publicado na revista Cell.