As articulações no corpo humano e na generalidade dos vertebrados superiores, são ligações móveis naturais existentes entre dois ou mais ossos, ou entre os artículos das membranas no caso dos invertebrados.

Para manter as articulações em bom estado de funcionamento e sem dor, elas precisam de cartilagem, um tecido viscoso e escorregadio que reveste as extremidades dos ossos e que incluem bolsas de fluído lubrificante, e atuam como amortecedor dos choques, ajudando as articulações a moverem-se suavemente, reduzindo o atrito entre elas.

Segundo Joaquim Sanches-Sotelo, médico-cirurgião ortopedista na Mayo Clinic, Minnesota EUA, muitas pessoas perdem cartilagem ao envelhecer, mas isso não significa que a substituição da articulação seja inevitável, deixando-mos antes algumas dicas para que possamos manter as articulações saudáveis.

Por diversas razões, a cartilagem pode degenerar ao longo do tempo, quer seja pelo facto de algumas pessoas nascerem com ossos de formato anormal ou com tendência genética para virem a ter uma cartilagem mais frágil, mas fatores externos como a obesidade, o uso excessivo de exercício ou as lesões causadas por acidentes também podem contribuir para danificar as articulações e a cartilagem.

Ainda segundo Sanches-Sotelo, quando a cartilagem degenera, o corpo forma esporões ósseos, também conhecidos por osteófitos ou bicos-de-papagaio, crescimentos ósseos lisos que se formam durante longos períodos de tempo e que mesmo não sendo dolorosos, podem vir a afetar a área circundante. Embora apenas cerca de 40% de casos de esporão ósseo causem sintomas que requerem tratamento médico, eles podem embater uns nos outros e tornarem-se dolorosos.

Por outro lado, quando os esporões ósseos ocorrem dentro da coluna vertebral podem pressionar os nervos e irritar as raízes nervosas, causando dor o que é uma situação rara pois geralmente ocorrem ao lado da osteoartrite, sendo assim possível que causem poucos ou nenhuns sintomas.

Manter um peso corporal saudável, dentro dos padrões normais ao longo da vida é importante para evitar o problema, pois a obesidade prejudica as articulações. Embora a glucosamina e condroitina sejam comummente usadas e associadas pela medicina alternativa como suplementos alimentar, para as dores nas articulações, segundo Sanches-Sotelo ainda faltam evidências convincentes de que elas funcionam, sugerindo entretanto outras medidas para controlar a dor associada à artrose, a começar por uma mudança de atividade física que exija menos esforço e reduza a carga sobre as articulações.

No caso da dor persistir, considerar o uso de medicamentos de venda livre como o ibuprofeno, tendo sempre em consideração os potenciais efeitos colaterais e interações com outros fármacos e evitando os medicamentos narcóticos na osteoartrite. Se ainda assim a dor se mantiver, deverá considerar-se o uso de medicamentos injetáveis como a cortisona ou similares terapêuticos, que ajudam a aliviar a dor quando aplicados na articulação, devendo o paciente, neste caso, ser consultado um profissional de saúde pois esses medicamentos têm efeitos colaterais.

O ácido hialurónico, na sua forma injetável, usa componentes semelhantes ao fluido lubrificante das articulações para o tentar reconstruir, sendo que o seu uso tem sido bem-sucedido nas articulações do joelho, mas não tanto nas articulações do quadril. Mais recentemente, alguns medicamentos regenerativos incluindo células-estaminais indiferenciadas e plasma rico em plaquetas, têm sido usadas de forma experimental por cada vez mais pacientes, pois ainda não há evidências consistentes sobre a sua eficácia.

No passado, as pessoas apenas aceitavam a dor nas articulações como uma coisa natural, resultante do processo de envelhecimento, porém hoje vive-se em média mais tempo e as pessoas querem permanecer ativas e com boa qualidade de vida, sendo frequente encontrar algumas na faixa etária dos 80-90 anos com as articulações em ótimo estado de mobilidade.

Por isso, para manter os padrões de saúde almejados, articulações saudáveis ao longo do processo de envelhecimento e uma boa qualidade de vida, é crucial, além da manutenção de peso, manter uma atividade física regular de baixo impacto, como natação, caminhadas, ciclismo e ioga, desportos que são “amigos das articulações”.

Além disso, inclua a prática de exercícios de fortalecimento muscular na sua rotina, concentrando-se em particular nos que envolvem as áreas mais propensas a problemas, como os joelhos e quadris. Ao meso tempo, mantenha uma postura correta ao sentar-se, ficar de pé ou em movimento, de forma a evitar stresse desnecessário nas articulações.

A par de uma hidratação diária adequada e uma dieta rica em nutrientes que promovam a saúde das articulações, como os ácidos graxos ómega-3, vegetais verdes, frutas e alimentos ricos em antioxidantes, deve proceder-se a um aquecimento prévio antes de qualquer exercício para aumentar a circulação sanguínea e à incorporação de alongamentos, que podem ajudar a manter a flexibilidade das articulações e músculos, reduzindo a rigidez.

As pessoas com condições médicas pré-existentes devem ter sempre presente que é aconselhável consultar um profissional de saúde antes de fazerem alterações significativas em suas rotinas de dieta ou exercício.