Soníferos impedem que o cérebro elimine resíduos adequadamente
O sono é essencial para a recuperação do corpo e para a regeneração das células e dos neurónios. Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, permitiu confirmar que o cérebro usa o sono para a sua limpeza e que esse processo fica mais lento quando se tomam comprimidos para dormir.
Dormir é uma necessidade fisiológica indispensável e pode funcionar como um excelente tratamento de beleza e de saúde. Mas dormir o “sono dos justos” parece ser o privilégio só de alguns.
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A qualidade do sono é essencial para uma boa qualidade de vida e perspetivas de longevidade. Quem dorme pouco corre um risco maior de adoecer. Muitos processos biológicos complicados ocorrem durante as horas de sono. Na infância, enquanto se dorme, as hormonas do crescimento são ativadas e, ao longo da vida, os órgãos utilizam essas horas de descanso para se regenerar.
O sono é ainda essencial para a saúde mental. Vários estudos neurológicos confirmam que é durante o descanso noturno que as memórias são organizadas e consolidadas, e as emoções são processadas. A falta de sono facilita a depressão e a ansiedade.
Investigações sobre doenças neurodegenerativas também mostraram que o cérebro aproveita o tempo em que se está a dormir não apenas para se reorganizar, mas também para se limpar. O sistema glinfático é um autêntico sistema de “esgotos” do cérebro. O líquido cefalorraquidiano flui entre as células cerebrais e remove os resíduos formados durante as conexões neuronais.
Segundo o Dr. Maiken Nedergaard, um dos especialistas envolvidos, durante o sono, as células cerebrais contraem-se até 60%, o que aumenta o espaço entre elas e facilita a circulação do líquido cefalorraquidiano para eliminar as toxinas. Essa limpeza é coordenada por uma molécula chamada norepinefrina. A norepinefrina também faz com que os vasos sanguíneos do cérebro se contraiam, e essa contração inicia o fluxo de fluido que elimina as proteínas nocivas do cérebro.
A limpeza ocorre principalmente durante o sono profundo, que é considerado o sono mais restaurador. É por isso que é muito importante ter um sono de qualidade que passe pela fase de sono profundo.
Todo o processo foi observado em ratinhos de laboratório. No entanto, os investigadores acreditam que é altamente provável que este mecanismo seja reproduzido nos humanos. São vários os estudos a apontar nessa direção.
Durante o estudo a equipa deparou-se com uma questão preocupante. Quando os ratinhos receberam um comprimido para dormir, não se produziu tanta norepinefrina e, portanto, o fluido não fluiu adequadamente e não removeu as toxinas. Os medicamentos para dormir, que causam dependência e têm vários efeitos colaterais potenciais, acrescentam outro problema.
Assim, as pessoas devem estar cientes dos prós e contras dos medicamentos para dormir e fazer todo o possível para recuperar um sono de qualidade natural. Existem patologias que o dificultam mas é importante fazer um esforço para o conseguir.
