Trióxido de arsénio

DCI com Advertência na Gravidez DCI com Advertência no Aleitamento
O que é
O Trióxido de arsénio é um agente quimiomoterapêutico de função idiopática usado para tratar a leucemia que não responde a agentes de primeira linha.

Suspeita-se que o trissulfureto de arsénio induz as células de cancro a sofrer apoptose.

Devido à natureza tóxica do arsénio, este fármaco carrega riscos significativos para a saúde.

A enzima tioredoxina redutase foi recentemente identificada como um alvo para o Trióxido de arsénio.
Usos comuns
Trióxido de arsénio é utilizado em doentes adultos com leucemia promielocítica aguda (APL) cuja doença não respondeu a outras terapêuticas.

A APL constitui um tipo de leucemia mielóide única, uma doença na qual ocorrem glóbulos brancos anormais e hemorragia anormal e nódoas negras.
Tipo
Molécula pequena.
História
O trióxido de arsénio foi aprovado para uso médico nos Estados Unidos em 2000.
Está na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial de Saúde.
Indicações
Trióxido de arsénio está indicado na indução da remissão e consolidação em doentes adultos com leucemia promielocítica aguda (APL) recidivante/refratária, caracterizada pela presença da translocação t(15;17) e/ou pela presença do gene da leucemia promielocítica/receptor alfa do ácido retinoico (PML/RAR- alfa).

O tratamento anterior deverá ter incluído um retinóide e quimioterapia.
Classificação CFT

16.1.9 : Outros citotóxicos

Mecanismo De Acção
O mecanismo de acção de Trióxido de arsénio não se encontra totalmente estabelecido.

O trióxido de arsénio provoca, in vitro, alterações morfológicas e fragmentação do ácido desoxirribonucleico (ADN) características da apoptose das células de leucemia promielocítica humana NB4.

O trióxido de arsénio também provoca danos ou a degradação da proteína de fusão PML/RAR-alfa.
Posologia Orientativa
Regime para o tratamento de indução:
Trióxido de arsénio deve ser administrado por via intravenosa numa dose fixa de 0,15 mg/kg/dia, administrada diariamente, até se atingir a remissão da medula óssea (menos de 5% de blastos presentes na medula óssea celular sem evidência de células leucémicas).

Se a remissão da medula óssea não tiver ocorrido até ao dia 50, a administração da dose tem de ser descontinuada.

Regime de consolidação:
O tratamento de consolidação deve iniciar-se 3 a 4 semanas após o final da terapêutica de indução.

Trióxido de arsénio deve ser administrado por via intravenosa numa dose de 0,15 mg/kg/dia, num total de 25 doses, administradas 5 dias por semana, seguido por 2 dias de interrupção, repetido durante 5 semanas.
Administração
Via intravenosa.

Trióxido de arsénio deve ser administrado sob a supervisão de um médico com experiência no tratamento de leucemias agudas.

Trióxido de arsénio deve ser administrado por via intravenosa ao longo de 1-2 horas.

A perfusão poderá prolongar-se por 4 horas, caso sejam observadas reacções vasomotoras.

Não é necessária a colocação de um cateter venoso central.

Os doentes têm de ser hospitalizados no início do tratamento devido a sintomas da doença e para assegurar uma monitorização adequada.
Contra-Indicações
Hipersensibilidade conhecida ao trióxido de arsénio.
Efeitos Indesejáveis/Adversos
Informe imediatamente o médico ou enfermeiro se sentir os seguintes efeitos secundários, pois estes podem ser sinais de uma doença grave chamada “síndrome de diferenciação” que pode ser fatal:
- dificuldade em respirar
- tosse
- dor no peito
- febre

Informe imediatamente o médico ou enfermeiro se sentir um ou mais dos seguintes efeitos secundários, pois estes podem ser sinais de reacção alérgica:
- dificuldade em respirar
- febre
- aumento súbito de peso
- retenção de água
- desmaios
- palpitações (fortes batimentos do coração que consegue sentir no peito)

Durante o tratamento com Trióxido de arsénio, poderá sentir algumas das seguintes reacções:

Muito frequentes: podem afectar mais de 1 em cada 10 pessoas
- fadiga (cansaço), dor, febre, dor de cabeça
- náuseas, vómitos, diarreia
- tonturas, dores musculares, entorpecimento ou formigueiros
- erupção na pele ou comichão
- aumento do açúcar no sangue, edema (inchaço devido ao excesso de líquido)
- falta de ar, ritmo do coração acelerado, alterações no traçado do ECG do coração
- diminuição do potássio ou do magnésio no sangue, alterações nos testes da função hepática incluindo a presença de bilirrubina ou de gama-glutamiltransferase em excesso no sangue

Efeitos secundários frequentes: podem afectar até 1 em cada 10 pessoas
- diminuição da contagem de células sanguíneas (plaquetas, glóbulos vermelhos e/ou brancos), aumento dos glóbulos brancos
- arrepios, aumento de peso
- febre devido a uma infecção e baixos níveis de glóbulos brancos, infecção por herpes zoster
- dor no peito, hemorragia no pulmão, hipoxia (baixo nível de oxigénio), acumulação de líquido em redor do coração ou do pulmão, diminuição da pressão arterial, alteração do ritmo do coração
- desmaios, dor nas articulações ou nos ossos, inflamação dos vasos sanguíneos
- aumento do sódio ou do magnésio, cetonas no sangue e urina (cetoacidose), alterações nos testes da função renal, insuficiência renal
- dores de estômago (abdominais)
- vermelhidão da pele, cara inchada, visão desfocada

Desconhecido: a frequência não pode ser calculada a partir dos dados disponíveis.
- infecção pulmonar, infecção no sangue
- inflamação dos pulmões que pode causar dores no peito e falta de ar, insuficiência cardíaca desidratação, confusão
Advertências
Gravidez
Gravidez
Gravidez:Não utilizar durante a gravidez.
Aleitamento
Aleitamento
Aleitamento:A amamentação tem de ser suspensa antes e durante a sua administração.
Precauções Gerais
Fale com o médico, farmacêutico ou enfermeiro antes de utilizar Trióxido de arsénio o médico tomará as seguintes precauções:
- Serão realizadas análises para verificar a quantidade de potássio, magnésio, cálcio e creatinina no sangue antes da sua primeira dose de Trióxido de arsénio.

- Deve também efectuar um registo eléctrico do coração (electrocardiograma, ECG) antes da sua primeira dose.

- As análises sanguíneas (potássio e cálcio) devem ser repetidas durante o seu tratamento com Trióxido de arsénio.

- Para além disso, fará electrocardiogramas duas vezes por semana.

- Se correr o risco de ter um certo tipo de ritmo do coração anormal (p.ex. torsades de pointes ou prolongamento QTc), o seu coração será monitorizado continuamente.

- Deverá informar o médico se tiver compromisso renal ou afecção hepática.

Trióxido de arsénio não é recomendado em crianças com menos de 18 anos de idade.
Cuidados com a Dieta
Não há restrições de alimentos ou de bebidas enquanto estiver a receber Trióxido de arsénio.
Resposta à overdose
Procurar atendimento médico de emergência, ou ligue para o Centro de intoxicações.

Caso surjam sintomas sugestivos de uma toxicidade aguda grave ao arsénio (p.ex. convulsões, fraqueza muscular e confusão), Trióxido de arsénio deve ser imediatamente suspendido e pode considerar-se a instituição de uma terapêutica com agentes quelantes com penicilamina numa dose diária ≤ 1 g por dia.

A duração do tratamento com penicilamina deve ser avaliada tendo em consideração os valores laboratoriais de arsénio na urina.

Em doentes que não possam tomar medicação oral pode considerar-se a administração intramuscular de uma dose de 3 mg/kg de dimercaprol, de 4 em 4 horas, até ao desaparecimento de qualquer toxicidade com risco de vida imediato.

Em seguida, poderá administrar-se penicilamina numa dose diária de <1 g por dia.

Em presença de coagulopatia, recomenda-se a administração oral do agente quelante, succímero do ácido dimercaptosuccínico (DCI), 10 mg/kg ou 350 mg/m2, de 8 em 8 horas, durante 5 dias e de 12 em 12 horas, durante 2 semanas.

Em doentes com uma sobredosagem aguda grave de arsénio deve considerar-se a diálise.
Terapêutica Interrompida
Este medicamento é administrado em meio hospitalar.
Cuidados no Armazenamento
Não congelar.
Após a diluição, se não for utilizado imediatamente, os tempos de conservação e condições antes da utilização são da responsabilidade do seu médico e normalmente não deverão ser superiores a 24 horas, a 2°C – 8°C, a menos que a diluição tenha ocorrido em ambiente estéril.
Este medicamento não pode ser utilizado no caso de verificar partículas suspensas ou se a solução apresentar descoloração.

Este medicamento é armazenado em meio hospitalar.
Espectro de susceptibilidade e Tolerância Bacteriológica
Sem informação.
Usar com precaução

Trióxido de arsénio Diuréticos

Observações: Não foram formalmente avaliadas as interações farmacocinéticas entre o Trióxido de arsénio e outros medicamentos terapêuticos. É previsível a ocorrência de um prolongamento QT/QTc durante o tratamento com Trióxido de arsénio e têm sido referidos casos de torsade de pointes e bloqueio cardíaco completo. Não é conhecida a influência do Trióxido de arsénio na eficácia de outros medicamentos antileucémicos.
Interacções: Nos doentes que se encontram medicados ou que estiveram medicados com medicamentos que provocam hipocaliemia ou hipomagnesiemia, tais como diuréticos ou anfotericina B, o risco de ocorrência de torsade de pointes poderá ser mais elevado. - Diuréticos
Usar com precaução

Trióxido de arsénio Anfotericina B

Observações: Não foram formalmente avaliadas as interações farmacocinéticas entre o Trióxido de arsénio e outros medicamentos terapêuticos. É previsível a ocorrência de um prolongamento QT/QTc durante o tratamento com Trióxido de arsénio e têm sido referidos casos de torsade de pointes e bloqueio cardíaco completo. Não é conhecida a influência do Trióxido de arsénio na eficácia de outros medicamentos antileucémicos.
Interacções: Nos doentes que se encontram medicados ou que estiveram medicados com medicamentos que provocam hipocaliemia ou hipomagnesiemia, tais como diuréticos ou anfotericina B, o risco de ocorrência de torsade de pointes poderá ser mais elevado. - Anfotericina B
Usar com precaução

Trióxido de arsénio Macrólidos

Observações: Não foram formalmente avaliadas as interações farmacocinéticas entre o Trióxido de arsénio e outros medicamentos terapêuticos. É previsível a ocorrência de um prolongamento QT/QTc durante o tratamento com Trióxido de arsénio e têm sido referidos casos de torsade de pointes e bloqueio cardíaco completo. Não é conhecida a influência do Trióxido de arsénio na eficácia de outros medicamentos antileucémicos.
Interacções: Deverão tomar-se precauções quando o Trióxido de arsénio é co-administrado com outros medicamentos que reconhecidamente provocam um prolongamento do intervalo QT/QTc, tais como os antibióticos macrólidos, o antipsicótico tioridazina, ou medicamentos que causam hipocaliemia ou hipomagnesiemia. - Macrólidos
Usar com precaução

Trióxido de arsénio Tioridazina

Observações: Não foram formalmente avaliadas as interações farmacocinéticas entre o Trióxido de arsénio e outros medicamentos terapêuticos. É previsível a ocorrência de um prolongamento QT/QTc durante o tratamento com Trióxido de arsénio e têm sido referidos casos de torsade de pointes e bloqueio cardíaco completo. Não é conhecida a influência do Trióxido de arsénio na eficácia de outros medicamentos antileucémicos.
Interacções: Deverão tomar-se precauções quando o Trióxido de arsénio é co-administrado com outros medicamentos que reconhecidamente provocam um prolongamento do intervalo QT/QTc, tais como os antibióticos macrólidos, o antipsicótico tioridazina, ou medicamentos que causam hipocaliemia ou hipomagnesiemia. - Tioridazina
Contraindicado

Ziprasidona Trióxido de arsénio

Observações: Não existem estudos realizados em crianças sobre a interacção da ziprasidona com outros medicamentos.
Interacções: Não foram desenvolvidos estudos farmacocinéticos e farmacodinâmicos entre ziprasidona e outros fármacos que prolongam o intervalo QT. Não pode ser excluído um efeito aditivo da ziprasidona com estes fármacos, pelo que, a ziprasidona não deverá ser administrada concomitantemente com medicamentos que prolongam o intervalo QT, tais como, antiarrítmicos de classe IA e III, trióxido de arsénio, halofantrina, acetato de levometadil, mesoridazina, tioridazina, pimozida, sparfloxacina, gatifloxacina, moxifloxacina, mesilato de dolasetrona, mefloquina, sertindol ou cisaprida. - Trióxido de arsénio
Usar com precaução

Fosnetupitant + Palonossetrom Trióxido de arsénio

Observações: n.d.
Interacções: interacções farmacodinâmicas Fosnetupitant + Palonossetrom contém um antagonista do receptor da 5-HT3, o palonossetrom, que pode aumentar o prolongamento do intervalo QT. Por conseguinte, deve proceder-se com cautela no caso de utilização concomitante com medicamentos que aumentam o intervalo QT, incluindo, entre outros: a levofloxacina, amitriptilina, alfuzosina, azitromicina, trióxido de arsénio. - Trióxido de arsénio
Identificação dos símbolos utilizados na descrição das Interacções do Trióxido de arsénio
Informe o seu Médico ou Farmacêutico se estiver a tomar ou tiver tomado recentemente outros medicamentos, incluindo medicamentos obtidos sem receita médica (OTC), Produtos de Saúde, Suplementos Alimentares ou Fitoterapêuticos.

Os homens e as mulheres com potencial para engravidar têm de utilizar métodos contraceptivos eficazes durante o tratamento com Trióxido de arsénio.

Não utilizar durante a gravidez.

A amamentação tem de ser suspensa antes e durante a sua administração.
Informação revista e actualizada pela equipa técnica do INDICE.EU em: 28 de Janeiro de 2022