Propiltiouracilo

DCI com Advertência na Gravidez DCI com Advertência no Aleitamento DCI com Advertência na Insuficiência Hepática DCI com Advertência na Insuficiência Renal
O que é
O Propiltiouracilo pertence ao grupo dos medicamentos conhecidos como antitiróideus.

A glândula da tiróide quando está hiperactiva produz demasiada hormona da tiróide o que causa uma condição conhecida como hipertiroidismo.

Esta situação pode levar a sintomas como ritmo cardíaco irregular e rápido, suor abundante, mudanças bruscas de humor, tremores, alteração de peso, fraqueza, fadiga, intolerância a temperaturas elevadas, alterações menstruais e outros.
Alguns doentes podem também sofrer de bócio e protusão dos olhos (doença de Graves).
Usos comuns
Este medicamento é administrado para corrigir o desequilíbrio da hormona da tiróide.

Pode também ser utilizado em certas formas de doenças da tiróide como adenoma autónomo tóxico da tiróide ou na preparação de cirurgias (tiróidectomia) ou terapêutica com radioiodo.
Tipo
Molécula pequena.
História
O propiltiouracil entrou em uso médico na década de 1940.
Está na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial de Saúde.
Indicações
Está indicado no tratamento do hipertiroidismo, incluindo antes de cirurgia e de radioterapia e como adjuvante no tratamento da tirotoxicose ou da tempestade tiróideia.
Classificação CFT

8.3 : Hormonas da tiróide e antitiróideus

Mecanismo De Acção
Os tiouracilos actuam como agentes antitiróideus através da inibição do sistema da peroxidase intratiróide.

Os tiouracilos reduzem a incorporação de iodo na tiroglobulina, inibindo assim a produção de tiroxina. Verifica-se também a inibição do acoplamento dos resíduos de tirosil já iodados com as moléculas de tiroglobulina.

O propiltiouracilo provoca a depleção de iodo na glândula tiróide e reduz a conversão da tiroxina em triiodotironina no tecido periférico.
Estas características permitem o tratamento sintomático do hipertiroidismo, independentemente da sua etiologia.

Este medicamento provavelmente não influencia o processo imunológico natural da doença. As hormonas da tiróide já sintetizadas não são influenciadas. Isto explica porque varia o tempo para a melhoria dos sinais clínicos entre os doentes.

A libertação de hormonas da tiróide devido à destruição de tecido da tiróide, por exemplo, por radioterapia, não será influenciada pelo propiltiouracilo.
Posologia Orientativa
Hipertiroidismo:
Adultos, adolescentes e crianças com mais de 10 anos:
A dose inicial (dose diária total) no hipertiroidismo moderado é de 100 mg a 300 mg de propiltiouracilo (2 a 6 comprimidos) dividida em 2 a 3 doses individuais de 50 mg a 100 mg (1-2 comprimidos).

Em casos graves ou após ingestão de iodo são recomendadas entre 300 mg a 600 mg de propiltiouracilo como dose diária inicial (6 a 12 comprimidos por dia) divididos por 4 a 6 tomas individuais.
A dose de manutenção varia entre 50 mg a 150 mg de propiltiouracilo (1 a 3 comprimidos) por dia.

Adjuvante da crise tireotóxica 200 mg por via oral (4 comprimidos), de 4 em 4 horas, durante o primeiro dia, como adjuvante de outras medidas.
A dose inicial é reduzida progressivamente e à medida que a crise regride.

Crianças entre os 6 e os 10 anos de idade:
A dose inicial varia entre 50 mg e 150 mg de propiltiouracilo (1 a 3 comprimidos) por dia e a dose de manutenção aproximadamente entre 25 mg e 50 mg de propiltiouracilo diariamente (1/2 a 1 comprimido).

Doentes Idosos:
É recomendada a dose mais baixa do intervalo normal de dosagem.

Insuficiência renal:
A dose de propiltiouracilo na insuficiência renal fraca a moderada deve ser reduzida em 25% e nos casos graves a redução deve ser de 50%.

Insuficiência hepática:
Nos casos de redução da função hepática deve ser considerada uma dose baixa.

Antes de iniciar o tratamento com este medicamento a função hepática e renal devem ser examinadas.
Administração
Geralmente, o propiltiouracilo é administrado a cada 6 a 8 horas.

Administração oral. Os comprimidos devem ser ingeridos com bastante água e sem mastigar.

Os alimentos podem alterar a resposta deste medicamento, quer aumentando, quer diminuindo a absorção. Recomenda-se que o medicamento seja administrado diariamente, sempre na mesma altura, em relação com as refeições.

Duração do tratamento médio:
A duração do tratamento necessária para promover uma remissão prolongada varia entre 6 meses a vários anos, com uma duração média de 1 ano.
Contra-Indicações
Hipersensibilidade ao Propiltiouracilo.

Está contra-indicado se, com base na história clínica do doente, foram conhecidos efeitos indesejáveis graves relacionados com o tratamento com propiltiouracilo (especialmente após agranulocitose e lesão grave hepática causada por hepatite).

Deve ser administrado apenas sob cuidadosa supervisão médica em doentes com desvios na contagem das células sanguíneas e aumento das transaminases ou das enzimas indicadoras da existência de colestase.
Efeitos Indesejáveis/Adversos
Doenças do sangue e do sistema linfático:
Frequentes: Neutropenia sem relevância clínica.
Pouco frequentes: Agranulocitose.
Muito raros: Trombocitopenia, pancitopenia, distúrbios na eritropoiese, hemólise, teste de Coombs positivo, linfoadenopatia.

Pode ocorrer agranulocitose em 0.3- 0.6% dos casos.
Esta pode manifestar-se após semanas a meses do início da terapêutica, requerendo a descontinuação permanente do propiltiouracilo. Na maioria dos casos a agranulocitose regride espontaneamente após a descontinuação.

A aplicação de um factor de estimulação das colónias de granulócitos (G-CSF, filgrastim) deve ser considerada após consulta de um hematologista.

Doenças do sistema imunitário:
Frequentes: reacções de hipersensibilidade.
Ocorre frequentemente rash alérgico cutâneo (prurido, exantema, urticária).

Geralmente têm uma evolução não grave e regridem com a continuação da terapêutica
Raros: Febre medicamentosa, lesão hepática.
Muito raros: Artralgia.

Doenças do sistema nervoso:
Raros: Tonturas, distúrbios neuro-musculares.

Vasculopatias:
Muito raros: Vasculite, síndrome similar a lúpus, periarterite nodosa, edemas periféricos.

Os doentes com doença de Graves a fazerem terapêutica com propiltiouracilo, podem elevar os anticorpos antineutrofílicos citoplasmáticos contra a mieloperoxidase (MPO-ANCA), combinados com distúrbios reumáticos (mialgia, artralgia) ou sintomas similares à gripe.

Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneos:
Frequentes: Exantema prurítico, urticária
Muito raros: Alopécia, edema periférico.

Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino:
Muito raros: Pneumonia intersticial, asma.

Doenças gastrointestinais:
Frequentes: Distúrbios gastrointestinais, náuseas, vómitos.
Pouco frequentes: Distúrbios no sabor e no odor (disgeusia, ageusia) que são reversíveis dentro de várias semanas após a descontinuação do propiltiouracilo.

Afecções hepatobiliares:
Raros: Lesões hepáticas, particularmente quando são utilizadas doses elevadas.
Foram descritas reacções com necrose hepatocelular e colestase transitória como na hepatite. Os sintomas são reversíveis após descontinuação do medicamento.

Deve ser considerado que o hipertiroidismo, por si só, pode causar níveis elevados de gama-glutamiltransferase e fosfatase alcalina (isoenzima do osso) antes de começar a terapêutica com propiltiouracilo.

Muito raro: Foram descritas evoluções hepatopáticas graves causadas pelo propiltiouracilo.
Frequência desconhecida: Hepatite, Insuficiência hepática.

Afecções musculo-esqueléticas e dos tecidos conjuntivos:
Muito raros: Artralgia sem sinais de inflamação.

Doenças endócrinas:
Muito raros: Formação de bócio no recém-nascido.

Doenças do ouvido e do labirinto:
Muito raros: Em casos isolados pode aparecer perda de audição.

Pesquisa laboratorial:
Muito frequentes: Aumento temporário das transaminases.

Observações:
Pode ocorrer um aumento do peso corporal durante o tratamento com propiltiouracilo devido à redução no consumo da energia excessiva característica do hipertiroidismo.
Os doentes devem ser informados que o consumo de energia será normalizado com a melhoria da doença.

Durante o tratamento tireostático deve ser monitorizada regularmente a função da tiróide para evitar sobredosagem.
Uma dosagem elevada de tratamento tireostático resulta em bócio ou num alargamento (extensão) do bócio já existente. Isto deve ser considerado nos casos de bócio intratorácico com risco de extensões para dentro da bifurcação traqueal.

Também, através de um tratamento com elevadas dosagens, existe um risco de hipotiroidismo clínico e subclínico. A dosagem de propiltiouracilo deve ser reduzida após se ter atingido o estado de eutiroidismo ou adicionalmente deve ser administrada levotiroxina.
Este medicamento não deve ser totalmente descontinuado enquanto se estiver a fazer o tratamento com tiroxina.

O desenvolvimento de bócio, durante o tratamento com propiltiouracilo e em situações em que a TSH está deprimida é resultado de doença em geral e não pode ser prevenido com o tratamento com hormonas tiróideias adicionais.

A incidência e o aumento da orbitopatia endócrina são independentes das doenças tiróideias. Tal complicação não deve ser razão para reconsiderar o tratamento (medicamentos tireostáticos, cirurgia, radioiodo) e não deve ser interpretada como um efeito indesejável de um tratamento apropriado.

Pode ocorrer um hipotiroidismo atrasado, em casos raros. Isto não deve ser interpretado como um efeito indesejável da terapêutica, em detrimento de um processo inflamatório do tecido da tiróide.

Durante o tratamento com propiltiouracilo é recomendada uma monitorização contínua da contagem das células sanguíneas, transaminases e das enzimas indicadoras de colestase
Advertências
Gravidez
Gravidez
Gravidez:Durante a gravidez a dose de Propiltiouracilo deve ser a mais baixa possível de forma a evitar o aborto e o hipotiroidismo e bócio do feto. Durante este período é obrigatória uma vigilância cuidadosa.
Aleitamento
Aleitamento
Aleitamento:Durante a terapêutica com Propiltiouracilo o aleitamento é possível.
Insuf. Hepática
Insuf. Hepática
Insuf. Hepática:Redução posológica.
Insuf. Renal
Insuf. Renal
Insuf. Renal:Reduzir dose em 25% na IR ligeira a moderada e em 50% na IR grave.
Precauções Gerais
Pode desenvolver-se agranulocitose dentro de poucas horas. Embora o seu desenvolvimento não seja previsível na maioria dos casos, apesar da contagem das células sanguíneas ter sido monitorizada, o doente deve ser informado dos sinais clínicos de agranulocitose (febre, mal-estar, angina tonsilar, estomatite) e da necessidade de realizar imediatamente uma contagem das células sanguíneas.

Antes do início do tratamento com este medicamento deve ser realizada uma contagem completa das células sanguíneas. Adicionalmente e durante o tratamento é requerida monitorização contínua.
Se existir suspeita de agranulocitose, o medicamento deve ser descontinuado imediatamente. Adicionalmente, após consulta de um hematologista, deve ser considerada a aplicação de um factor de estimulação das colónias de granulócitos (G-CSF).

Foram notificados alguns casos de reacções hepáticas graves, tanto em adultos como em crianças tratados com propiltiouracilo, incluindo casos fatais e casos que obrigaram a transplante hepático.
O tempo de recuperação variou, mas, na maioria dos casos, a reacção hepática ocorreu no espaço de seis meses.

Se ocorrerem anomalias significativas das enzimas hepáticas durante o tratamento com propiltiouracilo, o medicamento deve ser imediatamente descontinuado.

Este medicamento só deve ser utilizado em crianças apenas se todas as outras medidas disponíveis para controlar a função tiróideia tiverem falhado.
Cuidados com a Dieta
O Propiltiouracilo pode ser tomado com ou sem alimentos.
Resposta à overdose
Procurar atendimento médico de emergência, ou ligar para o Centro de intoxicações.

Não foram reportados casos de intoxicação aguda com propiltiouracilo. Não são conhecidas medidas / acções especiais. Dado que a absorção gástrica é rápida, a lavagem e a remoção endoscópica dos resíduos dos comprimidos é de valor dúbio.

A sobredosagem crónica resulta na indução de bócio e estados de hipotiroidismo (com sintomas correlacionados com o grau do estado de hipotiroidismo) e requer a suspensão do tratamento com o medicamento.

A substituição com tiroxina deve ser iniciada nos casos em que o grau de gravidade do hipotiroidismo ou bócio o requer. Geralmente pode-se esperar por uma recuperação espontânea da função da tiróide após a suspensão do propiltiouracilo.
Terapêutica Interrompida
Não tome a dose que se esqueceu de tomar e tome a próxima na altura certa.
Não tome uma dose a dobrar para compensar uma dose que esqueceu.
Cuidados no Armazenamento
Não conservar acima de 25°C. Conservar na embalagem de origem, para proteger da luz.

Mantenha todos os medicamentos fora do alcance de crianças e animais de estimação.

Não deite fora quaisquer medicamentos na canalização ou no lixo doméstico. Pergunte ao seu médico, enfermeiro ou farmacêutico como deitar fora os medicamentos que já não utiliza. Estas medidas ajudarão a proteger o ambiente.
Espectro de susceptibilidade e Tolerância Bacteriológica
Sem informação.
Redutora do efeito Terapêutico/Tóxico

Propiltiouracilo Tiroxina

Observações: n.d.
Interacções: interacções de outros medicamentos: A administração de tiroxina reduz a absorção do propiltiouracilo pela glândula da tiróide, além de que requer uma supressão mais pronunciada na síntese da hormona endógena, sendo necessária uma dose mais elevada de propiltiouracilo para obter um efeito depressor da tiróide comparável. - Tiroxina
Usar com precaução

Iodeto (131I) de sódio Propiltiouracilo

Observações: n.d.
Interacções: São conhecidos muitos fármacos que interagem com o iodo radioactivo. Podem fazê-lo através de uma série de mecanismos, afectando a ligação a proteínas, a farmacocinética ou influenciando os efeitos dinâmicos do iodo marcado. É portanto necessário considerar todos os fármacos tomados pelo doente e analisar que medicamentos é necessário interromper antes da administração do iodeto de sódio [131I]. Por exemplo, os anti-tiroideus, carbimazole (ou outros derivados do imidazole, como o propiltiouracilo), salicilatos, esteróides, nitroprussiato de sódio, sulfobromoftaleína, perclorato, ou outros medicamentos (anticoagulantes, Anti-histamínicos, antiparasitários, penicilinas, sulfonamidas, tolbutamida, tiopentona) são retirados durante 1 semana; a fenilbutazona por 1-2 semanas, expectorantes, vitaminas por 2 semanas; preparações naturais ou sintéticas da tiróide (tiroxina de sódio, liotironina de sódio, extracto de tiróide) por 2-3 semanas; amiodarona, benzodiazepinas, lítio por 4 semanas, iodetos tópicos por 1-9 meses; e para meios de contraste intravenosos, colecistográficos orais, meios de contraste contendo iodo por períodos até 1 ano, - Propiltiouracilo
Usar com precaução

Propiltiouracilo Iodo

Observações: n.d.
Interacções: A actividade anti-tiroideia do Propiltiouracilo pode ser reduzida se for administrado iodo concomitantemente, ou se tiver ocorrido uma contaminação prévia com medicamentos contendo iodo ou com meio de contraste de raio X. A ocorrência de um estado de eutiroidismo pode ser consideravelmente retardado. - Iodo
Usar com precaução

Propiltiouracilo Agentes/Meios de Contraste

Observações: n.d.
Interacções: A actividade anti-tiroideia do Propiltiouracilo pode ser reduzida se for administrado iodo concomitantemente, ou se tiver ocorrido uma contaminação prévia com medicamentos contendo iodo ou com meio de contraste de raio X. A ocorrência de um estado de eutiroidismo pode ser consideravelmente retardado. - Agentes/Meios de Contraste
Usar com precaução

Propiltiouracilo Propranolol (propanolol)

Observações: n.d.
Interacções: interacções de propiltiouracilo com outros medicamentos: O tratamento com propiltiouracilo pode influenciar a fracção efectiva do propranolol (não ligado às proteínas) e dos derivados da cumarina, de tal modo que, pode ser necessário um ajuste da dose. - Propranolol (propanolol)
Usar com precaução

Propiltiouracilo Anticoagulantes orais (Derivados da Cumarina)

Observações: n.d.
Interacções: interacções de propiltiouracilo com outros medicamentos: O tratamento com propiltiouracilo pode influenciar a fracção efectiva do propranolol (não ligado às proteínas) e dos derivados da cumarina, de tal modo que, pode ser necessário um ajuste da dose. - Anticoagulantes orais (Derivados da Cumarina)
Usar com precaução

Levotiroxina sódica Propiltiouracilo

Observações: n.d.
Interacções: Propiltiouracilo, glucocorticoides e bloqueadores de receptores beta: Estas substâncias inibem a conversão de T4 a T3. - Propiltiouracilo
Identificação dos símbolos utilizados na descrição das Interacções do Propiltiouracilo
Informe o seu Médico ou Farmacêutico se estiver a tomar ou tiver tomado recentemente outros medicamentos, incluindo medicamentos obtidos sem receita médica (OTC), Produtos de Saúde, Suplementos Alimentares ou Fitoterapêuticos.

Durante a gravidez a dose de Propiltiouracilo deve ser a mais baixa possível de forma a evitar o aborto e o hipotiroidismo e bócio do feto. Durante este período é obrigatória uma vigilância cuidadosa. A produção de hormona fetal inicia-se entre a 10ª e 14ª semana de gravidez.

Durante a terapêutica com Propiltiouracilo o aleitamento é possível.
A dose de deve ser baixa (150mg por dia). É necessária uma vigilância especial do recém-nascido, dado que foram reportados casos isolados de hipotiroidismo no bebé.

A combinação de Propiltiouracilo e da tiroxina durante a gravidez e o aleitamento não é recomendada.
Informação revista e actualizada pela equipa técnica do INDICE.EU em: 11 de Novembro de 2021