Melfalano

DCI com Advertência na Gravidez DCI com Advertência no Aleitamento DCI com Advertência na Insuficiência Renal
O que é
Melfalano pertence ao grupo farmacoterapêutico dos citotóxicos alquilantes.
Trata-se de um agente alquilante bifuncional.
O melfalano é usado como um tratamento "paliativo" para aliviar os sintomas de mieloma múltiplo (um tipo de cancro do sangue) ou de um certo tipo de cancro de ovário.

A injecção de melfalano é usada como um tratamento de "condicionamento" para mieloma múltiplo antes de receber um transplante de células-tronco.
Usos comuns
Está indicado no tratamento das seguintes patologias:
Mieloma múltiplo; adenocarcinoma avançado do ovário.

Poderá ser utilizado no tratamento das seguintes patologias:
Carcinoma da mama: em monoterapia ou em terapêutica de associação, tem um efeito terapêutico significativo em alguns doentes com carcinoma da mama avançado;
policitemia rubra vera: é eficaz no tratamento de alguns doentes com policitemia vera.
Tipo
Molécula pequena.
História
O melfalano foi aprovado para uso médico nos Estados Unidos em 1964.
Está na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial de Saúde.
Indicações
Melfalano está indicado no tratamento das seguintes patologias:
- mieloma múltiplo;
- adenocarcinoma avançado do ovário.

Melfalano poderá ser utilizado no tratamento das seguintes patologias:
- carcinoma da mama: em monoterapia ou em terapêutica de associação, tem um efeito terapêutico significativo em alguns doentes com carcinoma da mama avançado;
- policitemia rubra vera: Melfalano é eficaz no tratamento de alguns doentes com policitemia vera.
Classificação CFT

16.1.1 : Alquilantes

Mecanismo De Acção
O melfalano é um composto alquilante bifuncional.
A formação de intermédios carbónicos de cada um dos 2 grupos bis-2-cloroetilo permite a alquilação (através da formação de ligações covalentes com o azoto na posição 7 da guanina do ADN), com formação de ligações cruzadas entre as 2 cadeias de ADN e evitando a replicação celular.
Posologia Orientativa
Mieloma múltiplo
A dose oral usual é de 0,15 mg/kg de peso corporal por dia, em doses divididas, durante 4 dias, com repetição do ciclo de tratamento a intervalos de 6 semanas.

Adenocarcinoma avançado do ovário
A dose usual é de 0,2 mg/kg de peso corporal por dia, por via oral, durante 5 dias.

Este ciclo de tratamento deve ser repetido a intervalos de 4-8 semanas, ou assim que ocorra recuperação dos valores da contagem do sangue periférico.

Carcinoma da mama
Melfalano tem sido administrado por via oral em doses de 0,15 mg/kg peso corporal por dia ou 6 mg/m2 de área corporal por dia, durante 5 dias, com repetição do ciclo de tratamento de 6 em 6 semanas.

A dose era reduzida caso se observasse mielotoxicidade.

Policitemia rubra vera
Na indução da remissão foram administradas doses de 6-10 mg por dia, durante 5-7 dias, seguidas de 2-4 mg por dia até ao controlo satisfatório da doença.

Têm sido utilizadas doses de 2 a 6 mg, uma vez por semana, como terapêutica de manutenção.
Administração
Deve ser prescrito apenas por médicos experientes no controlo de doenças malignas com estes fármacos.

Deve tomar com um pouco de água.

Os comprimidos devem ser deglutidos inteiros, sem mastigar.
Contra-Indicações
Hipersensibilidade ao melfalano.
Efeitos Indesejáveis/Adversos
Distúrbios do sangue e do sistema linfático
Muito frequentes: mielodepressão conduzindo a leucopenia, trombocitopenia e anemia.
Raros: anemia hemolítica.

Distúrbios do sistema imunitário
Raros: reacções alérgicas (ver Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneos).
Foram relatados casos pouco frequentes de reacções alérgicas a melfalano, tais como urticária, edema, erupções cutâneas e choque anafiláctico, após administração de doses iniciais ou subsequentes, particularmente após administração intravenosa. Foram também relatados casos raros de paragem cardíaca em associação com estes efeitos.

Distúrbios respiratórios, torácicos e do mediastino
Raros: peumonite intersticial e fibrose pulmonar (incluindo casos fatais).

Distúrbios gastrointestinais
Muito frequentes: náuseas, vómitos e diarreia; estomatites (com doses elevadas).
Raros: estomatites (com doses convencionais).
Foram relatados efeitos gastrintestinais, tais como náuseas e vómitos em até 30% dos doentes em tratamento com doses orais convencionais de melfalano.

Afecções hepatobiliares
Raros: distúrbios hepáticos, variando de resultados anómalos nos testes de função hepática a manifestações clínicas tais como hepatite e icterícia.

Afecções cutâneas e dos tecidos subcutâneos
Muito frequentes: alopecia (com doses elevadas).
Frequentes: alopecia (com doses convencionais).
Raros: erupções maculopapulosas e prurido (ver Distúrbios do sistema imunitário).

Distúrbios renais e urinários
Frequentes: elevação temporária, significativa da uremia nas fases iniciais do tratamento com melfalano em doentes com mieloma e lesões renais.
Advertências
Gravidez
Gravidez
Gravidez:Deve evitar-se a administração de melfalano durante a gravidez, particularmente nos três primeiros meses.
Aleitamento
Aleitamento
Aleitamento:As mulheres em tratamento com Melfalano não devem amamentar.
Insuf. Renal
Insuf. Renal
Insuf. Renal:Reduzir dose inicial; evitar doses altas na IR moderada a grave.
Precauções Gerais
Melfalano é um fármaco citotóxico activo que deve ser utilizado apenas sob vigilância de médicos com experiência na administração destes fármacos.

A imunização através da administração de uma vacina viva apresenta potencial para originar infecção em indivíduos imunocomprometidos.
Como tal, imunizações com vacinas vivas não estão recomendadas.

Monitorização da terapêutica
Dado Melfalano ser um potente mielodepressor, é essencial uma monitorização cuidadosa da contagem hematológica, para evitar uma possível mielodepressão excessiva e risco de aplasia irreversível da medula óssea.

Os valores hematológicos podem continuar a diminuir mesmo após interrupção do tratamento, devendo este ser temporariamente suspenso ao primeiro sinal de diminuição acentuada do número de leucócitos ou plaquetas.

Deve ser administrado com precaução em doentes que tenham sido submetidos a radioterapia ou quimioterapia recente, devido ao aumento da mielotoxicidade.

Doentes com insuficiência renal
A depuração deste medicamento poderá estar diminuída em doentes com insuficiência renal, os quais poderão ter também depressão urémica da medula óssea.
Como tal, poderá ser necessário proceder-se à redução da dose.
Estes doentes devem ser cuidadosamente observados.
Cuidados com a Dieta
Tomar com o estômago vazio.
Resposta à overdose
Procurar atendimento médico de emergência, ou ligue para o Centro de intoxicações.

Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas precoces mais prováveis em caso de sobredosagem oral aguda, são efeitos gastrintestinais, incluindo náuseas, vómitos e diarreia.

O principal efeito tóxico é a mielodepressão, conduzindo a leucopenia, trombocitopenia e anemia.

Controlo
Devem instituir-se as medidas gerais de suporte, com transfusão sanguínea e de plaquetas, se necessário.

Poderá ser considerada a possibilidade de hospitalização, administração de fármacos anti-infecciosos e a utilização de factores de crescimento hematológicos.

Não há nenhum antídoto específico.

O perfil hematológico deve ser cuidadosamente monitorizado durante pelo menos 4 semanas após sobredosagem, até os sinais de recuperação serem evidentes.
Terapêutica Interrompida
Se se esquecer de tomar, contacte com o seu médico.
Não tome uma dose a dobrar para compensar a dose que se esqueceu de tomar.
Cuidados no Armazenamento
Conservar a 2-8°C (no frigorífico).

Mantenha todos os medicamentos fora do alcance de crianças e animais de estimação.

Não deite fora quaisquer medicamentos na canalização ou no lixo doméstico. Pergunte ao seu médico, enfermeiro ou farmacêutico como deitar fora os medicamentos que já não utiliza. Estas medidas ajudarão a proteger o ambiente.
Espectro de susceptibilidade e Tolerância Bacteriológica
Sem informação.
Não recomendado/Evitar

Melfalano Vacinas vivas

Observações: n.d.
Interacções: A vacinação de indivíduos imunocomprometidos com vacinas vivas não é recomendada. - Vacinas vivas
Contraindicado

Melfalano Ácido nalidíxico

Observações: n.d.
Interacções: A administração de doses elevadas de melfalano por via intravenosa em associação com ácido nalidíxico provocou morte em crianças devido a enterocolite hemorrágica. - Ácido nalidíxico
Usar com precaução

Melfalano Ciclosporina

Observações: n.d.
Interacções: Foi descrita insuficiência renal em doentes submetidos a transplante de medula óssea, previamente tratados com doses elevadas de melfalano, por via intravenosa, e subsequentemente tratados com ciclosporina para prevenir a rejeição do transplante. - Ciclosporina
Sem efeito descrito

Bortezomib Melfalano

Observações: Os estudos in vitro indicam que o bortezomib é um inibidor fraco das isoenzimas 1A2, 2C9, 2C19, 2D6 e 3A4 do citocromo P450 (CYP). Com base na contribuição limitada (7%) do CYP2D6 para o metabolismo do bortezomib, não é esperado que o fenotipo de metabolizador lento CYP2D6 afete a eliminação total do bortezomib.
Interacções: Um estudo de interacção medicamentosa, que avaliou o efeito de melfalano-prednisona na farmacocinética do bortezomib (administrado por injecção intravenosa), baseado em dados de 21 doentes, demonstrou um aumento da média da AUC de bortezomib de 17%. Este resultado não é considerado clinicamente relevante. - Melfalano
Usar com precaução

Tasonermina Melfalano

Observações: Não foram executados estudos formais de interacção.
Interacções: O Resumo das Características do Medicamento do melfalan deve ser consultado para obter informações sobre as interacções do melfalan. - Melfalano
Consultar informação actualizada

Bussulfano Melfalano

Observações: n.d.
Interacções: Na população pediátrica, para o regime BuMel foi referido que a administração de melfalano antes de 24 horas após a última administração oral de bussulfano pode influenciar o desenvolvimento de toxicidades. - Melfalano
Sem efeito descrito

Ácido ibandrónico Melfalano

Observações: Os estudos de interacção foram realizados apenas em adultos. Relativamente à farmacocinética, não é provável a ocorrência de interações medicamentosas clinicamente significativas. O ácido ibandrónico é eliminado apenas por excreção renal e não sofre qualquer biotransformação. A via de excreção não parece incluir os conhecidos sistemas de transporte de natureza ácida ou básica, envolvidos na excreção de outras substâncias ativas. Além disso, o ácido ibandrónico não inibe as principais isoenzimas P450 hepáticas humanas e não induz o sistema do citocromo P450 hepático no rato. A concentrações terapêuticas, a ligação às proteínas plasmáticas é reduzida, pelo que é improvável que o ácido ibandrónico desloque outras substâncias ativas.
Interacções: Não se observou interacção quando o ácido ibandrónico foi administra do a doentes com mieloma múltiplo, concomitantemente com melfalam/prednisolona. - Melfalano
Potencialmente Grave

Ácido nalidíxico Melfalano

Observações: n.d.
Interacções: Tem-se verificado toxicidade gastrintestinal grave com o uso concomitante de ácido nalidíxico e melfanan. - Melfalano
Potencialmente Grave

Tiotepa Melfalano

Observações: n.d.
Interacções: A utilização concomitante de tiotepa e outros agentes mielossupressores ou mielotóxicos (ou seja, ciclofosfamida, melfalano, bussulfano, fludarabina, treossulfano) pode potenciar o risco de reacções adversas hematológicas devido aos perfis de toxicidade sobrepostos destes medicamentos. - Melfalano
Usar com precaução

Ciclosporina Melfalano

Observações: interacções medicamentosas: Encontram-se descritos de seguida os vários fármacos para os quais há relatos de interacções com a ciclosporina, devidamente fundamentadas e consideradas como tendo implicações clínicas. São conhecidos vários fármacos que aumentam ou diminuem os níveis plasmáticos ou sanguíneos de ciclosporina habitualmente pela inibição ou indução de enzimas envolvidos no metabolismo da ciclosporina, em particular as enzimas do citocromo P450.
Interacções: Outras interacções medicamentosas relevantes: Deve ser tomada precaução quando se utiliza ciclosporina juntamente com outros fármacos que exibem sinergia nefrotóxica, amiglicosídeos (incluindo gentamicina, tobramicina), anfotericina B, ciprofloxacina, vancomicina, trimetoprim (+sulfametaxazol), anti-inflamatórios não esteróides (incluindo diclofenac, naproxeno, sulindac), melfalam. - Melfalano
Identificação dos símbolos utilizados na descrição das Interacções do Melfalano
Informe o seu Médico ou Farmacêutico se estiver a tomar ou tiver tomado recentemente outros medicamentos, incluindo medicamentos obtidos sem receita médica (OTC), Produtos de Saúde, Suplementos Alimentares ou Fitoterapêuticos.

Tal como com todas as quimioterapias citotóxicas, recomendam-se precauções contraceptivas adequadas quando qualquer dos parceiros estiver sob tratamento com Melfalano.

Sempre que possível, deve evitar-se a administração de melfalano durante a gravidez, particularmente nos três primeiros meses.

Em qualquer caso particular, o risco potencial para o feto deve ser considerado em relação ao benefício esperado para a mãe.

As mulheres em tratamento com Melfalano não devem amamentar.

Melfalano origina depressão da função ovárica em mulheres na pré-menopausa, resultando em amenorreia num número significativo de doentes.

Estudos no animal evidenciaram efeitos adversos sobre a espermatogénese.

Portanto, é possível que Melfalano possa causar esterilidade temporária ou permanente em doentes do sexo masculino.
Informação revista e actualizada pela equipa técnica do INDICE.EU em: 25 de Setembro de 2023