Cerca de um por cento da população mundial tem doença celíaca, uma doença autoimune grave em que a ingestão de glúten leva a danos no intestino delgado. Quando as pessoas com doença celíaca comem glúten (uma proteína encontrada no trigo), o seu organismo desencadeia uma resposta imune que ataca o intestino delgado.

Os celíacos encontram limitações na dieta que duram a vida inteira, uma vez que a doença ainda não tem cura. Agora, um estudo da Northwestern University, nos Estados Unidos, traz uma nova esperança para esses pacientes.

Os resultados de um novo ensaio clínico de fase 2 usando a tecnologia desenvolvida na Northwestern Medicine mostraram que é possível induzir tolerância imunológica ao glúten em indivíduos com doença celíaca. As descobertas podem abrir caminho para tratamentos que permitam ao paciente celíaco tolerar o glúten na sua dieta.

Para o estudo, os pesquisadores separaram aleatoriamente 34 participantes para receber placebo ou um tratamento para tolerância ao glúten. Nos dias 1 e 8, os pacientes receberam 12 gramas de glúten por três dias, seguidos por seis gramas por dia durante 11 dias. Os cientistas testaram a medida direta da ativação das células T e da resposta imune e se o tratamento poderia travar esse efeito.

Após o tratamento com a tecnologia, os pacientes foram capazes de comer glúten com uma redução substancial na inflamação. Os resultados também mostram uma tendência em proteger o intestino delgado dos pacientes da exposição ao glúten.

A tecnologia é uma nanopartícula biodegradável contendo glúten que “ensina” o sistema imunológico que o antígeno (alérgeno) é seguro. A nanopartícula age como um “cavalo de Troia”, escondendo o alérgeno numa concha “amigável”, para “convencer” o sistema imunológico a não o atacar.

Além da doença celíaca, os cientistas acreditam que a descoberta pode ser usada para tratar uma série de outras doenças e alergias, incluindo esclerose múltipla, diabetes tipo 1, alergia ao amendoim e asma.