MICROPLÁSTICOS, UM PERIGO PARA A SAÚDE

MICROPLÁSTICOS, UM PERIGO PARA A SAÚDE

SOCIEDADE E SAÚDE

  Tupam Editores

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A produção de plástico não dá sinais de abrandamento. Todos os anos são produzidos a nível mundial milhões e milhões de toneladas de plásticos. Isto faz com que os microplásticos – partículas de plástico com uma dimensão inferior a cinco milímetros –, estejam em praticamente todo o lado.

Existem dois tipos de microplásticos, os primários e os secundários. Os primários são fabricados de propósito para serem usados em produtos de plástico, tintas ou fertilizantes, sendo também adicionados a produtos de cosmética.

Já os microplásticos secundários resultam da fragmentação de produtos de plástico maiores. Sob a ação da luz solar e da água, os plásticos degradam-se em partículas cada vez mais pequenas, sendo considerados microplásticos quando passam a ter menos de cinco milímetros.

Alguns dos tipos de microplásticos mais comuns são: o Politereftalato de etileno – o PET, com que se fabrica as garrafas de plástico; o polipropileno – usado, por exemplo em brinquedos, tupperwares e cadeiras de plástico; o polietileno, um plástico de baixo custo muito usado para embalar alimentos; o polimetilmetacrilato, o conhecido acrílico; e o polistireno, ou seja, a esferovite.

Com dimensões tão pequenas, estes plásticos são quase invisíveis ao olho humano. Estão presentes nas areias, nas águas do oceano e nos produtos que usamos no dia-a-dia, mas também já foram detetados dentro do próprio corpo humano, por exemplo, na corrente sanguínea e em pulmões de pessoas vivas, pelo que se acredita que a inalação seja o principal foco de exposição.

Foram também encontrados na placenta – o que muito preocupa os cientistas, na medida em que podem condicionar o desenvolvimento do sistema imunitário dos bebés ou causar outros danos –, e no leite materno. Uma das formas que o corpo encontra para excretar parte dos compostos que absorve é o leite, no caso da mulher que está a amamentar.

Uma investigação realizada por especialistas da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, apurou que os bebés têm concentrações de microplásticos 10 a 20 vezes mais elevadas nas suas fezes do que os adultos, mais especificamente de microplásticos PET. O facto de levarem muitos objetos à boca pode ser um dos motivos.


Além dos seres vivos em que foram encontrados – são centenas as espécies animais em que a sua presença foi detetada –, os microplásticos também estão presentes em areias, na água do mar, em rios, na neve, na chuva, em água engarrafada, em frutas e outras comidas.

Muitos produtos de higiene e cosmética – como pasta e escovas de dentes, champôs, gel de banho, cremes ou detergentes – têm microesferas plásticas, usadas como agentes esfoliantes. São usados ainda em tintas e fertilizantes.

Pode ser assustador, mas inalamos todos os dias microplásticos e não se sabe quanto tempo estes permanecem no nosso corpo, nem se conhece o seu impacto na saúde humana, no entanto, como qualquer substância estranha ao corpo, há-de ter consequências.

A maioria dos estudos conclui que os microplásticos que permanecem fisicamente no organismo poderiam acumular-se em alguns órgãos como estômago, rins, pulmão e fígado, causando inflamações, obstruções ou alergias, algo já observado em animais marinhos em contacto com a substância.

Acredita-se que, no organismo, os microplásticos se podem acumular nos tecidos danificando as células, levando à produção de substâncias tóxicas e provocando inflamação crónica, o que pode aumentar o risco de cancro.

A presença destas partículas também pode irritar o trato gastrointestinal, libertar substâncias tóxicas e causar desequilíbrios na flora intestinal, provocando sintomas como dor no abdómen, sensação de inchaço na barriga, diarreia ou prisão de ventre, náuseas e vómitos.

Quando inalados, os microplásticos podem causar inflamação nas vias aéreas e nos pulmões, podendo agravar doenças respiratórias existentes e provocar sintomas como tosse, falta de ar e nariz a pingar. Acredita-se ainda que os microplásticos nos pulmões podem levar ao desenvolvimento de doença pulmonar obstrutiva crónica em algumas pessoas.

Devido à inflamação e efeitos sobre a atividade das enzimas no tubo digestivo, por exemplo, os microplásticos podem causar desequilíbrios no metabolismo energético, especialmente em animais, aumentando ou diminuindo o gasto de energia do organismo e a ingestão de alimentos.

As doenças cardiovasculares também podem estar entre as consequências da presença dos microplásticos. No sangue, parecem ter efeitos tóxicos no coração e vasos sanguíneos, podendo aumentar o risco de problemas como arritmias, aterosclerose, enfarte e anormalidades na coagulação sanguínea.

 

Acredita-se ainda que os microplásticos podem chegar até ao cérebro e, devido aos seus efeitos tóxicos, causar alterações no funcionamento dos neurónios, contribuindo para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.

Muita coisa pode, e deve, ser feita para reduzir tanto a quantidade de microplasticos que se ingere quanto a que se liberta no meio ambiente.

Ações simples como substituir a água engarrafada por garrafas térmicas reutilizáveis, de preferência de aço inoxidável; reutilizar os sacos de compras e evitar adquirir outros sempre que se vá ao mercado; armazenar os alimentos em recipientes reutilizáveis em vez de em embalagens plásticas descartáveis contribuem para alcançar este objetivo.


Melhorar o mundo e a saúde das suas populações também está nas suas mãos. É hora de agir!


 

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