ENTOMOFAGIA, UMA ALTERNATIVA PROMISSORA

ENTOMOFAGIA, UMA ALTERNATIVA PROMISSORA

DIETA E NUTRIÇÃO

  Tupam Editores

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Fica com pele de galinha só de pensar em comer um grilo, um gafanhoto ou um besouro? Pois saiba que para dois biliões de pessoas em todo o mundo comer insetos é um gesto banal, até porque a entomofagia não é uma novidade, mas uma prática humana com alguns milénios.

Os insetos são um recurso utilizado por muitas populações devido à sua palatibilidade, crenças e tradições culturais, mas principalmente devido à riqueza nutricional.

No geral, existem três formas principais de entomofagia. A primeira e mais básica é a ingestão do inseto visível e reconhecível como tal. A segunda forma é transformar o inseto em pó ou farinha para incorporação em massas utilizadas na alimentação. E, por fim, a terceira consiste em consumir apenas um extrato do inseto, como por exemplo uma das suas proteínas isolada.

A entomofagia é uma prática corrente em partes da Ásia, África e América Latina. Em termos de comestibilidade, vários estudos estimaram as espécies mais consumidas, tendo concluído que são consumidas mais de 1900 espécies de insetos. Cerca de 31% desse consumo corresponde a espécies da ordem Coleoptera (besouros), 18% de Lepidoptera (lagartas de mariposas ou borboletas), 14% de Hymenoptera (abelhas, vespas e formigas), 13% de Orthoptera (gafanhotos, esperanças e grilos), 10% de Hemiptera (cigarras, cigarrinhas, cochonilhas e percevejos), 3% de Dictyoptera (cupins), 3% de Odonata (libélulas), 2% de Diptera (moscas) e outras ordens 5%.

Um erro comum sobre os insetos utilizados como fonte alimentar é pensar que estes são consumidos unicamente em épocas de fome. A verdade é que em muitos locais onde já fazem parte da dieta, são consumidos pelo seu sabor e não devido a escassez alimentar.

Certas espécies, como as lagartas de mariposas imperador no sudoeste africano e os ovos de formigas tecelãs no sudoeste asiático podem atingir preços elevados e são consideradas iguarias.

Na Europa a entomofagia nunca teve grande adesão. Até agora. Há alguns anos começaram a surgir produtores e empresas interessados em investir na produção de insetos para consumo, mas só em maio de 2021 é que a União Europeia aprovou o primeiro produto derivado de insetos para consumo humano: a farinha produzida a partir de larvas de escaravelho.

Para já, os insetos que podem ser consumidos em Portugal são: Acheta domesticus (grilo-doméstico), Alphitobius diaperinus (besouro), Gryllodes sigillatus (grilo-doméstico tropical), Locusta migratória (gafanhoto-migratório) e Tenebrio mollitor (tenébrio). Estes insetos só podem ser comercializados ou usados inteiros (não vivos) e moídos.

Como alimento, o uso de insetos confere muitos benefícios ao meio ambiente, à saúde, à sociedade e como meio de subsistência.

No que diz respeito à saúde, ainda que o conteúdo nutricional dependa do estágio de desenvolvimento, habitat e dieta dos insetos, sabe-se que constituem uma excelente opção, pois são uma grande fonte de proteína (os níveis podem ser superiores a 70%), contêm aminoácidos importantes para o ser humano, têm alto teor de gorduras mono e polinsaturadas e são ricos em fibras e micronutrientes, como cobre, ferro, manganésio, manganês, fósforo, selénio e zinco.

Não existem casos conhecidos de transmissão de doenças ou parasitoides para humanos devido à ingestão de insetos (sendo esses insetos criados e manipulados sob as mesmas condições sanitárias de qualquer outro alimento). Podem ocorrer alergias, mas estas são comparáveis com alergias a crustáceos. Comparados com mamíferos e aves, os insetos têm menos riscos de transmissão de infeções zoonóticas aos humanos.

De acordo com os especialistas, e ao ritmo a que a população mundial está a crescer, dentro de algum tempo não será possível alimentar toda a gente. O consumo de insetos pode ser a solução pois, além de poder ajudar a resolver o problema da fome, os produtos à base de insetos também podem ser a chave para combater as alterações climáticas.

A criação de gado e as aquaculturas exigem cada vez mais recursos e trazem consequências devastadoras como, por exemplo, emissão de grandes quantidades de gases com efeito de estufa, desflorestação e contaminação de solos. Já a produção de insetos para alimento tem várias vantagens ambientais, pois utiliza-se uma quantidade muito menor de alimento; é emitida muito pouca quantidade de gases com efeito de estufa e amoníaco; não é necessária grande quantidade de água e ainda depende menos da terra do que a pecuária tradicional.

A criação e colheita de insetos poderia ser uma estratégia importante na diversificação dos meios de subsistência. Os insetos podem ser facilmente recolhidos na natureza. Os membros mais pobres poderiam recolhê-los diretamente do ambiente, cultivá-los, processá-los e vendê-los. Poderia gerar ainda oportunidades de negócio em economias desenvolvidas, em transição e em desenvolvimento.

Embora o valor nutricional seja uma mais-valia e o impacto ambiental reduzido, existem alguns aspetos que exigem atenção quando se põe a hipótese de consumir insetos como alimento (ou alimentos que contenham insetos). É fundamental que esteja garantida a segurança alimentar nesta “novel food”. No entanto, são muito poucos e muito vagos os estudos feitos neste campo, não sendo ainda possível definir com certidão o caracter dos insetos.

Existem ainda muitas dúvidas quanto a qual a categoria de alimentos nos quais se devem inserir os insetos. Isto deve-se, em parte, à falta de clareza na legislação da União Europeia relativamente ao tipo de alimento em que se inserem os insetos – porque os produtos contendo insetos na sua composição tanto podem ser classificados como produtos de origem animal ou como novel foods. Para cada caso os produtores devem seguir legislações, normas e regras diferentes de processamento.

A implementação do sistema HACCP (Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos) pode constituir uma resposta a esta situação. Se por um lado aumenta a qualidade e segurança alimentar de determinado produto, por outro seria uma forma de controlo e regulamentação do próprio produto, por parte de entidades especializadas, aumentando a confiança do consumidor e promovendo o mercado internacional. A adoção deste sistema na cadeia de fornecimento de insetos comestíveis poderá ser um fator determinante no sucesso e desenvolvimento deste setor.

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