EFEITOS PLACEBO E NOCEBO: O PODER DA MENTE NA SAÚDE
MENTE E RELACIONAMENTOS
Tupam Editores
A administração de medicamentos é acompanhada pelo aparecimento de efeitos benéficos e indesejáveis que nem sempre se devem ao mecanismo farmacológico. Os primeiros são conhecidos como efeito placebo, enquanto os últimos são denominados efeito nocebo – ambos fazem parte de todo o processo terapêutico e podem ter um impacto positivo ou negativo nos resultados.
Os efeitos placebo e nocebo são intrigantes e há décadas que fascinam investigadores e profissionais de saúde, desafiando a compreensão sobre a interação complexa entre mente e corpo.
O efeito placebo (que significa “agradar”) destaca o poder das expetativas e crenças positivas na promoção da cura e alívio dos sintomas. Já o efeito nocebo (do latim “prejudicar”) revela como as expetativas negativas podem desencadear respostas físicas desfavoráveis, mesmo na ausência de uma causa física direta.
Estes fenómenos não só revelam o poder surpreendente da mente sobre a saúde e o corpo, mas também têm implicações significativas na prática médica.
O efeito placebo ocorre quando um paciente experimenta melhorias na sua sintomatologia após receber um tratamento inerte ou inativo, como um comprimido de açúcar – e isto acontece simplesmente porque os pacientes acreditam que o tratamento é genuíno. Ou seja, é o poder da expetativa e da crença que desencadeia uma resposta terapêutica, mesmo na ausência de qualquer intervenção farmacologicamente ativa.
Este fenómeno realça o incrível papel que a mente desempenha na cura e no alívio dos sintomas. Quando se acredita sinceramente que um tratamento nos irá beneficiar, o cérebro pode libertar substâncias químicas naturais, como endorfinas e dopamina, que podem aliviar a dor, reduzir a ansiedade e até fortalecer o sistema imunológico.
Mas além da psicologia humana, o efeito placebo também tem implicações na prática médica. Estudos mostraram que pacientes que recebem placebos podem experimentar melhorias reais numa variedade de condições, desde dores crónicas até transtornos psiquiátricos, destacando a importância das abordagens holísticas no cuidado de saúde.
Apesar dos benefícios potenciais, o uso do efeito placebo na prática médica levanta questões éticas importantes. É fundamental garantir que os pacientes sejam informados adequadamente sobre os tratamentos que estão a receber e que o uso dos placebos seja feito de maneira ética e transparente, respeitando sempre o princípio do consentimento informado.
Apesar dos benefícios potenciais, o uso do efeito placebo na prática médica levanta questões éticas importantes. É fundamental garantir que os pacientes sejam informados adequadamente sobre os tratamentos que estão a receber e que o uso dos placebos seja feito de maneira ética e transparente, respeitando sempre o princípio do consentimento informado.
Importa referir que, embora o efeito placebo seja frequentemente associado a tratamentos médicos formais, o seu poder não se limita apenas a comprimidos e a procedimentos. O simples ato de se cultivar uma mentalidade positiva e otimista pode desencadear poderosos efeitos placebo na nossa vida, promovendo a cura e o bem-estar a todos os níveis. O efeito placebo é um lembrete do incrível potencial de cura que reside dentro de cada um de nós.
Menos conhecido, e muitas vezes subestimado, o efeito nocebo ocorre quando uma pessoa experimenta efeitos colaterais negativos devido a um tratamento ou intervenção simplesmente porque já esperava que isso acontecesse. Por exemplo, alguém pode desenvolver dor de cabeça, náuseas ou fadiga após tomar um comprimido de açúcar, apenas porque foi informado de que esse medicamento poderia causar tais efeitos colaterais.
Vários estudos mostraram aumento nas notificações de efeitos adversos de medicamentos quando são divulgados alertas sobre a sua segurança nos meios de comunicação, o que pode afetar as expetativas das pessoas sobre o tratamento.
Também há quem experimente maiores efeitos adversos com medicamentos genéricos. O ceticismo em relação a estes medicamentos pode ser a causa dos efeitos que algumas pessoas sentem ao mudar de um produto “de marca” para um genérico. Até a perceção em relação ao custo (acreditar que os genéricos por serem mais baratos são menos eficazes) pode potenciar o efeito nocebo.
Também podem ser geradas expetativas negativas simplesmente pela leitura do folheto informativo ou do consentimento informado.
Mulheres, pessoas com ansiedade ou depressão, ou com uma personalidade pessimista, podem ter um maior risco de desenvolver este efeito.
Na verdade, este efeito resulta da interação entre as características da pessoa e o seu contexto, a relação com os profissionais de saúde e a forma como a informação é proporcionada e recebida. Isto realça a importância da comunicação médico-paciente e como as palavras e expetativas do médico podem influenciar significativamente a resposta do paciente ao tratamento.
Aliás, o efeito nocebo é de particular importância na adesão ao tratamento e, logo, nos resultados. Os efeitos adversos relacionados com este efeito devem ser reconhecidos e não negligenciados, pois podem levar à descontinuação de terapêuticas apropriadas, ou ao uso de medicação adicional.
Os profissionais de saúde devem saber reconhecer o efeito nocebo e estar cientes da sua capacidade para o minimizar, mas também de que o podem induzir involuntariamente ao comunicar com as pessoas.
O efeito nocebo relembra o papel fundamental que a mente desempenha na nossa saúde e bem-estar. Ao entender esse fenémeno, podem-se criar ambientes de tratamento mais positivos e compassivos, onde as expetativas negativas sejam minimizadas e o poder de cura da mente possa desenvolver-se plenamente.
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