Toda a mulher que está grávida ou que já esteve tem alguma história para contar sobre os desejos durante a gestação: a irmã teve vontade de comer pickles durante a noite, uma amiga queria comer gelo...

Desejos e aversões alimentares são sintomas frequentemente referidos pelas mulheres grávidas, logo, seria errado ignorá-los, desprezá-los ou apelidá-los de mito, quando de facto são uma realidade. Desde chocolate, doces, citrinos, pickles, gelado a opções mais estranhas, como barro ou pasta de dentes, muitas mulheres relatam desejos durante a gravidez, sobretudo no período da tarde e da noite.

As razões para esses desejos dividem a comunidade científica. Alguns especialistas acreditam que se devem a uma maior disponibilidade de alimentos, outros referem deficiências nutritivas e flutuações hormonais como a sua causa.

Estes desejos podem aparecer desde o início da gestação.

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Tanto é que, quando uma mulher diz que está com muita vontade de comer algo, logo alguém sugere que talvez esteja grávida.

Os três primeiros meses de gestação normalmente são marcados por náuseas e enjoos. Para algumas mulheres, frutas ácidas, como abacaxi, quivi, laranja e limão e alimentos gelados amenizam o mal-estar desse período.

A vontade por determinados alimentos – o tal desejo de grávida – só costuma aparecer no segundo trimestre. É nesta altura que surgem as vontades mais inusitadas.

A partir da 12ª semana de gestação, o controle das hormonas deixa de ser feito pelos ovários e passa para a placenta. Por causa disso, as características do estrogénio, por exemplo, mudam. Essas mudanças levam à oscilação de humor, e também do gosto das comidas, do cheiro e das preferências alimentares.

A grávida pode querer comer algo a que não estava habituada, ou rejeitar alimentos do costume, como café ou ovos, por exemplo. O aparecimento dessas vontades pode ser explicado com a mudança no padrão das hormonas.

Outro fator que está envolvido no surgimento do desejo por determinada comida é a carência nutricional. A falta de ferro e magnésio, por exemplo, podem provocar alguns desejos inusitados. Assim, uma mulher grávida que sofre de anemia, por exemplo, pode começar a desejar comer mais carne. E isso acaba por ser uma maneira do organismo substituir a deficiência de ferro.

Há ainda alimentos que contêm compostos que podem ajudar a aliviar certos sintomas presentes na gravidez, e isso também pode estar relacionado com os desejos. O chocolate, por exemplo, contém metilxantinas, que são compostos que ajudam a melhorar a fadiga.

Desejos mais incomuns e excêntricos, como a vontade de ingerir terra ou tijolo, também podem estar ligados à deficiência de minerais. Nesses casos, é importante a ajuda de um profissional que oriente e prescreva suplementos de vitaminas ou minerais, caso seja necessário.

Além das hormonas, o lado emocional também tem um papel muito importante quando se fala em desejos de grávida. Com toda a ebulição hormonal, a mulher fica mais sensível e pode requerer a atenção de quem está à sua volta.

E como forma de suprir essa carência, surgem as vontades de comer determinados alimentos e a necessidade de que quem esteja ao seu lado a ajude na busca pela realização desses peculiares desejos.

Assim, ela vai cativando a atenção dos amigos, familiares ou do companheiro. Ao perceber que atenderam ao seu desejo, a grávida sente-se acolhida. Este tipo de atitude é, geralmente, inconsciente.

Contudo, ao expor as vontades às pessoas mais próximas, a grávida deve ter bom senso – nada de acordar o marido de madrugada ou pedir a uma colega de trabalho para sair do escritório a meio da tarde para comprar algo.

E não é preciso ficar preocupada, porque caso não tenha o pedido acatado, nem a grávida nem o bebé sofrerão algum dano físico, ou seja, a crença de que o(a) filho(a) nascerá com a cara ou com alguma mancha que lembre a comida desejada não é verdadeira, mas mera superstição.

Importa referir que satisfazer todos os desejos na gravidez pode tornar-se num caminho difícil de retornar. Estas vontades extremas e repentinas que muitas mulheres sentem por determinado tipo de alimentos podem ser prejudiciais à saúde da futura mãe e consequentemente à saúde e desenvolvimento fetal.

É obrigação do companheiro e dos familiares próximos tentar controlar os comportamentos alimentares mais excessivos e desequilibrados.

Felizmente, a maioria dos desejos e das aversões das grávidas acabam por ser mais curiosos e até engraçados do que sérios e, de uma forma geral, não constituem motivo de preocupação, nem indicam nenhum problema de saúde. As grávidas devem ter consciência de que uma alimentação saudável e equilibrada durante o período de gestação é tão importante para a saúde da mamã como para a do bebé. Todo o excesso é negativo.