CRIANÇAS E LEGUMES, UMA COMBINAÇÃO DIFÍCIL

CRIANÇAS E LEGUMES, UMA COMBINAÇÃO DIFÍCIL

CRIANÇAS E ADOLESCENTES

  Tupam Editores

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Conhecidos pela sua riqueza em vitaminas e sais minerais, os legumes representam uma batalha para os pais que desejam introduzir estes alimentos na dieta infantil. Quantas vezes já ouviu os seus filhos dizerem: “Não gosto de brócolos” ou “Não gosto de cenoura”?


Como explicar esta aversão, que atinge a maioria das crianças?


De acordo com os cientistas, a resistência a este grupo alimentar durante os primeiros anos de infância tem raízes genéticas, sociais e até evolutivas.

Na pré-história, os filhos dos primeiros hominídeos corriam sérios perigos quando começavam a andar sozinhos e a ganhar mais autonomia.

Podiam tornar-se presas fáceis para animais maiores ou comer alguma coisa desconhecida que os pudesse matar. Em geral, as plantas tóxicas e desconhecidas tinham uma característica principal em comum: eram verdes e um tanto amargas.

Assim, a aversão aos legumes que muitas crianças demonstram, especialmente a partir de 1 ano e meio de idade, pode ser ainda um resquício da “regra evolutiva” que pretendia protegê-los: É verde e desconhecido? Então, é melhor não comer.

Ao que parece, os vegetais e os legumes também não fazem questão de ser comidos. As plantas protegem-se, secretando pesticidas naturais e outras toxinas. Sabia que 99% dos pesticidas ingeridos pelo ser humano são produzidos pela própria planta?

Mas as razões para esta seletividade alimentar podem ter motivos reais. Um estudo científico realizado por uma equipa de investigadores australianos permitiu descobrir que alguns legumes e verduras podem causar reações químicas na boca que fazem com que, para algumas crianças, os alimentos fiquem com um gosto pouco agradável.

Vegetais como brócolos, couve-flor, repolho e couve-de-bruxelas têm um composto denominado S-metil-cisteína sulfóxido que, ao entrar em contacto com as bactérias da boca, pode produzir um cheiro forte, semelhante ao do enxofre. Isso só acontece quando essas bactérias produzem uma enzima capaz de ativar o efeito. Se essas bactérias e enzimas estiverem em maior quantidade, a probabilidade de a criança recusar o alimento é muito maior.

Além disso, os legumes e as verduras não matam a fome das crianças que, normalmente, gastam muita energia durante o dia. Por essa razão estão mais predispostas a comer coisas que têm mais gordura ou açúcar porque são uma boa fonte de calorias, e os vegetais não são.

Nos últimos anos tem-se assistido a várias mudanças no que diz respeito aos hábitos alimentares dos mais pequenos. Alguns estudos recentes indicam, por exemplo, que as crianças de apenas quatro anos de idade já consomem em média uma a três vezes por semana alimentos do tipo fast food (pizzas, cachorros e batatas fritas, por exemplo), sendo que 52% já consomem refrigerantes diariamente nas refeições principais e 65% comem igualmente doces e bolos todos os dias.

O consumo deste tipo de alimentos acaba, quase sempre, por desencorajar o gosto por hortícolas e frutas e tornar mais árdua a tarefa dos pais de os levar a comê-los. Para o ajudar a resolver esse problema e poder colocar todos os dias legumes no prato dos seus filhos, aqui ficam algumas dicas.

Está comprovado que o modelo de comportamento alimentar dos pais influencia as escolhas alimentares das crianças. Isto significa que, se em casa o consumo de legumes e vegetais não for algo rotineiro, a adesão ao consumo deste tipo de alimentos terá uma dificuldade acrescida. Uma boa forma de começar esta inclusão é iniciar sempre as refeições principais (almoço e jantar) com uma sopa de legumes.

Leve as crianças ao supermercado. Já reparou que a maioria das crianças conhece praticamente todas as marcas e variedades de bolachas e cereais açucarados? Mas será que sabem distinguir uns hortícolas dos outros? Incluí-las na escolha dos vegetais e legumes no supermercado, na sua confeção, ou na preparação da lancheira para a escola cria uma dinâmica que ajuda a própria criança a reconhecer e a criar uma ligação com os diferentes alimentos.

A apresentação dos pratos é outra forma de influenciar o consumo de vegetais e legumes. Pode-se tornar o prato mais apelativo, criativo e colorido, utilizando alimentos de várias cores, texturas e/ou criando figuras conhecidas pelas crianças.

Além do processo criativo no próprio prato, pode realçar os benefícios dos alimentos e associá-los aos super-heróis favoritos deles. Quem não se lembra do Popeye e dos benefícios dos espinafres, que o deixavam forte, confiante e disposto a superar qualquer desafio?

Descentralizar a utilização destes alimentos apenas nas refeições principais, utilizando-os em refeições intermédias é outra ideia que funciona.


Por exemplo, em snacks como palitos de cenoura, aipo ou de pepino ou até na inclusão em batidos/smoothies de fruta ou em bolos/muffins caseiros.


Não desanime se a criança não comer os legumes que preparou. É apenas uma questão de tempo. Um bom método para pôr uma criança a comer legumes, é encontrar outra criança que goste de legumes. Se o seu filho tem algum amigo que gosta e coma brócolos, convide-o para jantar. Experimente!

 

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