Com a suspensão imediata da atividade não urgente dos hospitais do SNS da região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), ordenada pela Ministra da Saúde a 6 de janeiro, devido à evolução mais recente da pandemia da COVID-19, foi dado um sinal claro de que a situação continua a agravar-se. Muito embora esse agravamento fosse espectável após as festividades do Natal e Fim do Ano, na realidade começam a confirmar-se todos os receios, com o número de infetados e de óbitos diários a atingir máximos diários desde que se registou o primeiro caso da pandemia em março de 2020.
Em consequência, foi comunicado pelo Ministério da Saúde à Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo, que todos os hospitais “devem, de imediato, escalar os seus planos de contingência para o nível máximo” e “garantir a alocação de meios humanos à área dos cuidados críticos”, tendo por objetivo concentrar todos os recursos humanos disponíveis na área dos cuidados intensivos, neste momento a mais afetada.
Foi também fator determinante para essa decisão da Ministra Marta Temido, o facto dos principais hospitais centrais terem vindo a reportar taxas de ocupação superiores a 90 por cento nos últimos dias, com tendência para atingirem rapidamente os limites de capacidade de internamento, uma vez que em menos de uma semana os doentes internados com covid-19 aumentou cerca de 30 por cento, obrigando os utentes ter de esperar por camas disponíveis.
Decorreram já 310 dias desde que o Presidente da Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a 2 de março do ano transato o estado de pandemia, originada pelo SARS-Cov-2 e, não obstante se terem dado passos gigantescos para travar o seu avanço e minimizar os seus efeitos, na realidade a COVID-19 continua entre nós transmutando-se continuamente, andando à frente da ciência e não dando tréguas aos incansáveis profissionais de saúde e cuidadores, um pouco por todo o mundo.
Contrariando alguns especialistas que vieram a público anunciar que o pico da segunda vaga da pandemia seria atingido na terceira semana de novembro de 2020 e que a partir daí os números começariam a baixar, na realidade, a COVID-19 continuou a provocar cada vez mais mortes e infeções, limitando a ação dos governantes da maioria parte dos países e obrigando-os a adaptarem as políticas de saúde em função do evoluir da doença, correndo sempre atrás do prejuízo e assim provocando desorientação e natural ansiedade entre as populações.
A nível global o número de pessoas infetadas já ultrapassou os 88 milhões, as mortes contam mais de 1,9 milhões e o número de casos diários ativos continua a crescer de forma alarmante em particular na europa, américas e subcontinente asiático, com novas estirpes a serem identificadas em vários países.
Uma das novas estirpes do SARS-CoV-2 identificada pela primeira vez no sul de Inglaterra há pouco mais de um mês, mas já disseminada por muitos países europeus, Oceania e África, embora menos letal, é considerada uma das mais contagiosas representando cerca de 70 por cento das novas infeções, o que traz preocupações acrescidas à OMS que a está a monitorizar em permanência.
Enquanto isso, as novas vacinas que os responsáveis da OMS, Agência Europeia de Medicamentos (EMA), Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) e as Entidades Certificadoras dos vários países garantem serem absolutamente seguras e eficazes estão a chegar em simultâneo a quase todas as regiões do globo.
São responsáveis pelo desenvolvimento das novas vacinas algumas dezenas de laboratórios de pesquisa de todo o mundo, dos quais se destacaram na última fase de testes em humanos, 13 iniciativas e destas, pelo menos quatro divulgaram resultados promissores, certificados, que já têm acordos firmados com a União Europeia. Destaques para a parceria Pfizer/BioNTech (EUA/Alemanha), Moderna (EUA), AstraZeneca (Suécia/Reino Unido), CanSino Biologics (China).
Jamais na história da humanidade se obtiveram resultados tão rapidamente no desenvolvimento de uma vacina para combater um vírus com as caraterísticas do SARS-CoV-2 e se mobilizaram tantos recursos. O novo vírus precisou só de alguns meses para infetar milhões de pessoas por todo o mundo. A necessidade de uma vacina para imunizar a população, a fim de evitar um maior número de infeções e, acima de tudo, um maior número de mortes, direcionou os cientistas para um método que está a dar os primeiros passos, mas que se acredita seja uma arma eficaz contra esta e futuras pandemias: as vacinas mRNA e o reforço do sistema imunitário.
Ao contrário das vacinas tradicionais, em que é necessária uma “amostra” do próprio organismo, as novas vacinas mRNA incorporam um mensageiro de ácido ribonucleico (mRNA), com informação genética do vírus que “dribla” o sistema por forma a que seja ele próprio a produzir a proteína do “visitante” agressor, que uma vez detetada inicia a produção de anticorpos de defesa. Além disso, as vacinas mRNA são consideradas, em teoria, mais seguras para o paciente, por não introduzirem elementos infeciosos no organismo, sendo também mais rápidas e mais baratas na produção, podendo ser administradas por injeção ou via spray nasal.
Situação na europa
No seguimento da tendência das últimas semanas, o cenário não se alterou substancialmente. Todavia, a situação continua a agravar-se de forma preocupante na europa e nas américas. Segundo o European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), que se baseia em dados fornecidos pelos Estados-Membros da UE à base de dados do Sistema Europeu de Vigilância (TESSy), com vista a uma abordagem coordenada da restrição da liberdade de circulação, adotada pelos Estados-Membros em outubro de 2020, refletem bem esse agravamento: mais de 25 154 282 contágios e 574 292 fatalidades desde o início da pandemia.
O número acumulado de fatalidades por 100 000 habitantes (14 dias), embora tenha decrescido ligeiramente, mantém-se muito elevado, em particular no Liechtenstein (28,66), Eslovénia (25.6), Croácia (19.99), Eslováquia (19.72), Hungria (17.34), República Checa (15.58), Bulgária (26.8), Letónia (12.55), Áustria (11.71), Lituânia (11.52), Itália (10.82).
Mais inquietante, por se ter agravado consideravelmente, é também o número acumulado de infeções por 100 000 habitantes (14 dias), que em alguns países europeus tem vindo a crescer exponencialmente em países como Lituânia (1199.28), República Checa (1119.19), Liechtenstein (1024.02), Eslovénia (959.15), Suécia (785.12), Países Baixos (759.70), Chipre (717.66), Eslováquia (674.50), Letónia (601.94).
Parece haver boas razões para que algumas das soluções apontadas pela comunidade científica mundial se concretizem até à primavera deste ano, com a distribuição das vacinas salvadoras; porém, estas só deverão ficar disponíveis para a grande maioria da população, na farmácia comunitária, no segundo semestre de 2021, havendo também algumas dúvidas sobre a capacidade de produção para um tão elevado número de doses necessárias.
Com a chegada dos primeiros lotes de vacinas à europa, cuja distribuição em Portugal teve início a 27 de dezembro passado para os grupos considerados prioritários - os profissionais de saúde na linha da frente dos grandes hospitais -, tudo indiciava o fim para breve da pandemia, fazendo renascer a esperança entre as populações, já cansadas de confinamento e restrições cívicas.
Todavia, dada a evolução mais recente da COVID-19, é necessário andar com cuidado, ter paciência e saber esperar, além de manter as demais regras de prevenção como o uso de máscaras, a higienização e a prática de distanciamento, entre outras recomendações da Direção-Geral da Saúde.
O momento é tristemente histórico! A humanidade já deveria estar mais bem preparada para minimizar, senão para impedir que este tipo de pandemia provocada por vírus acelular, que desde tempos imemoráveis ciclicamente nos visita, pudesse disseminar-se com tamanha rapidez e magnitude.
Tudo indica que Portugal irá continuar em estado de emergência até meados de janeiro, altura em que será feita nova avaliação por forma a manter ou agravar as restrições impostas devido ao avanço da doença e ao estado crítico dos principais hospitais centrais.
Entretanto, nas últimas 24 horas registaram-se no País mais 95 mortes, tendo sido confirmados mais 9 927 novos casos de infeção pelo coronavírus SARS-Cov-2, o que perfaz um total – desde que a pandemia foi detetada no país em Março último –, de 456 533 infetados, 355 701 recuperados e 7 472 vítimas mortais. Há, ainda, a registar 93 360 doentes ativos e 514 casos críticos, que estão a ser acompanhados pelas autoridades de saúde em UCI.
Nestes tempos de incerteza, enquanto se mantiverem as restrições cívicas, as pessoas que necessitarem de deslocar-se pelo País, deverão consultar previamente na internet a “Lista de Concelhos – nível de risco”, onde estão listados todos os Concelhos, com a indicação dos respetivos níveis de risco, a fim de evitar surpresas desagradáveis.
Planeamento e logística
O governo português já assegurou as doses de vacinas para a COVID-19 necessárias (cerca de 22 milhões de doses), através de contratos com empresas farmacêuticas, em nome dos países da União Europeia, estando atualmente a trabalhar no seguimento da estratégia pré-definida de vacinação dos portugueses.
A Direção-geral da Saúde criou uma comissão técnica, para definir e ajustar os critérios em que a vacina contra a COVID-19 será aplicada no país, e uma “task force” para operacionalizar esse processo. Os planos de vacinação foram divulgados nos primeiros dias de dezembro e estão disponíveis para consulta no portal do SNS.
Esta “task force” tem como missão a operacionalização de todo o processo, ou seja, a logística do armazenamento, distribuição e administração, bem como a monitorização e acompanhamento dos grupos de pessoas a serem vacinadas.
A COVID-19 a nível Global
De acordo com o site worldometers, que aglutina a informação disponibilizada pela OMS e pelos principais Centros de Controle e Prevenção de Doenças em todo o mundo, desde 31 de Dezembro de 2019 até hoje, dia 07 de janeiro de 2021, foram notificados em todo o mundo 88 198 639 casos de doença, incluindo 1 901 164 mortes e 63 421 654 recuperados, números que não param de crescer, em particular na europa, a nível das fatalidades.
O continente americano continua a ser o mais fustigado pela pandemia, com o número de infetados a ultrapassar 38 748 620, seguido da europa, que de uma situação aparentemente controlada passou para uma explosão de novos focos de contágio e de mortes, em menos de duas semanas, com um total 25 216 387 infetados, seguidos da ásia com 21 226 298 casos reportados e de África também com um pequeno crescimento para 2 957 828 pessoas. A oceania com 48 785 contaminados continua a ser o continente com menos casos registados.
A experiência de outras pandemias que eclodiram no passado e que aqui já abordámos sumariamente, recomendam precaução absoluta. A COVID-19 transmuta-se e não dá tréguas! Decorrido quase um ano após a primeira infeção detetada em humanos, a incerteza quanto ao evoluir da doença apesar de tudo mantém-se, designadamente quanto à possibilidade de eclosão de novas vagas no futuro. Não podemos deixar ao acaso a nossa saúde e a das nossas famílias. Todos os cuidados são poucos!
Caracterização do novo vírus COVID-19
Os coronavírus são uma família de vírus de RNA que geralmente provocam doença respiratória leve em humanos, semelhante a uma gripe comum. Porém, algumas estirpes podem apresentar-se como doença mais grave, como o síndrome respiratório do Médio Oriente (MERS) e o síndrome respiratório agudo severo (SARS-CoV-2).
Um novo coronavírus (COVID-19) foi identificado em Wuhan, China, em final de Dezembro de 2019 e alastrou por outras regiões, acabando por contaminar todo o planeta e tendo originado a atual pandemia, sabendo-se agora que tem a capacidade de mutação em animais, como foi confirmado entre as populações de martas nos Países Baixos e na Dinamarca.
Diferença entre epidemia e pandemia
A palavra pandemia, deriva do grego “pandemias” (todos + demos=povo), para identificar uma epidemia de doença infecciosa que se espalha quase simultaneamente entre a população de uma vasta região geográfica como continentes ou mesmo pelo planeta.
Metodologia de atualização de dados
A atual situação epidémica é acompanhada diariamente pela OMS, FDA, ECDC, EMA, DGS e outras Entidades de Saúde Regionais que divulgam os principais indicadores relativos ao número de casos atingidos pela doença bem como o número de mortes diretamente atribuídas ao COVID-19. Não obstante estes números estarem a mudar a cada minuto que passa, o quadro a seguir reflete os últimos dados conhecidos, sendo nossa intenção mostrar uma panorâmica a nível global que ajude a uma tomada de consciência das pessoas, tão realista quanto nos é possível.
Situação Mundial da pandemia a 08 de JANEIRO, segundo a OMS:
RECOMENDAÇÕES DA ECDC
Como se espalha o COVID-19?
As pessoas podem ser infetadas pelo COVID-19 através de outras pessoas portadoras do vírus inalando pequenas gotículas infetadas ao tossirem ou espirrarem ou ao tocar superfícies contaminadas e em seguida tocarem o nariz, a boca ou os olhos.
Quais são os sintomas da doença?
A maioria das pessoas infetadas experimenta uma doença leve e recuperam naturalmente, mas para muitas outras pode ser mais grave. Os sintomas principais incluem uma combinação de:
– Febre
– Tosse
– Dificuldade para respirar
– Dor muscular
– Cansaço anormal
Surto de doença, O que precisa saber?
Se já esteve em áreas afetadas pelo COVID-19 com risco de exposição ou entrou em contacto com pessoa infetada com o COVID-19 e se, no espaço de 14 dias, desenvolve tosse, febre ou falta de ar:
– Fique em casa e não vá para o trabalho ou escola.
– Ligue de imediato para o número de saúde do país em que deseja obter informações; certifique-se de que menciona os sintomas, histórico de viagens e os contactos tidos.
– Não vá ao médico ou hospital. Lembre-se que pode infetar outras pessoas. Se precisar de entrar em contacto com seu médico ou visitar o serviço de emergência hospitalar, ligue com antecedência; indique sempre os seus sintomas, o histórico de viagens ou contactos.
Como pode proteger-se e aos outros da infeção
– Evite o contacto próximo com pessoas doentes, especialmente as que tossem ou espirram.
– Tussa e espirre no cotovelo ou num lenço de papel, NÃO na mão. Descarte o lenço usado imediatamente num contentor do lixo fechado e lave as mãos com água e sabão.
– Evite tocar nos olhos, nariz e boca antes de lavar as mãos.
– Lave regularmente as mãos com água e sabão, pelo menos durante 20 segundos ou use um desinfetante à base de álcool após tossir / espirrar, antes de comer e preparar alimentos, depois do uso do WC e após tocar superfícies em locais públicos.
– Pratique o distanciamento social: mantenha-se pelo menos a 1 metro de distância dos outros, especialmente de quem estiver a tossir ou espirrar.
Linha de apoio em Portugal (SAÚDE 24): (+351) 808 24 24 24