A chlorella e a spirulina são uma espécie de microalgas de água doce que têm vindo a ganhar popularidade no mundo dos suplementos. Apesar de visualmente parecidas, por serem encontradas em pó ou em cápsulas, ambas de cor verde, apresentam algumas diferenças mínimas: uma diz respeito à classificação científica, e outra ao tipo e concentração de alguns nutrientes.

Apesar de serem comummente referidas como microalgas, uma das principais diferenças entre a clorela e a spirulina prende-se com o facto de a clorela ser, na verdade, uma alga pertencente ao reino Plantae e a spirulina ser uma cianobactéria pertencente ao reino Bacteria.

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Outro fator que as distingue é que a spirulina contém ficocianina na sua composição, um pigmento de coloração azulada naturalmente produzido pelas cianobactérias, ao qual são atribuídas características antioxidantes e anti-inflamatórias, entre outras.

É também naturalmente rica em clorofila, um pigmento que confere cor esverdeada às plantas e ao qual também são atribuídas características antioxidantes. É fonte de proteínas, contém todos os aminoácidos essenciais e é naturalmente composta por ferro e por uma série de vitaminas, minerais e fitonutrientes considerados muito benéficos para o bem-estar de quem os consome.

Já a clorela distingue-se pelo seu conteúdo em proteína de elevado valor biológico. Composta por cerca de 50% a 60% de proteínas, sendo uma fonte completa, tal como a spirulina, a clorela contém todos os aminoácidos essenciais.

É também uma fonte natural de licopeno, luteína, betacaroteno, ferro, vitamina C e de uma série de outras vitaminas e minerais como o magnésio, o zinco, o cobre, o potássio, o cálcio, o ácido fólico, e vitaminas do complexo B.

Embora não possam ser consideradas fonte de gorduras essenciais ómega 3 e ómega 6, tanto a clorela quanto a spirulina contêm essas gorduras na sua composição.

Considerando o valor nutricional, os seus potenciais benefícios à saúde incluem:

Controle do colesterol e dos triglicéridos – a clorela e a spirulina são ricas em antioxidantes que agem nos sais biliares, controlando os níveis de colesterol e de triglicéridos no sangue. As gorduras ómega 3, embora em baixa quantidade nas microalgas, também ajudam no controle dos triglicéridos quando aliadas a uma dieta equilibrada.

Controle da glicemia – os antioxidantes aumentam igualmente a captação de glicose pelo fígado e músculos, melhorando a sensibilidade à insulina e o controle da glicemia. Além disso, a spirulina, em especial, contém magnésio na sua composição, importante no controle da diabetes. Pessoas que tenham resistência à insulina e diabetes tipo 2 podem beneficiar com a suplementação.

Prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares – as propriedades antioxidantes das duas microalgas também previnem e auxiliam no tratamento de doenças cardiovasculares, como a aterosclerose, por exemplo. Em especial, a spirulina pode ser benéfica no tratamento desta doença por conter magnésio na sua composição.

Prevenção de anemia ferropriva e de anemia perniciosa – a spirulina contém 46% das necessidades diárias de ferro, enquanto a clorela contém 13%. Logo, a spirulina pode ajudar a preencher as necessidades desse nutriente, prevenindo a anemia causada por deficiência de ferro, principalmente em pessoas que consomem pouco ou nenhum alimento de origem animal.

A anemia perniciosa é causada pela deficiência das vitaminas B9 (folato) e B12, encontradas na clorela em 15% e 100% dos valores diários, respetivamente.

Utilizar a clorela e/ou a spirulina pode ajudar a alcançar as necessidades diárias de nutrientes que podem estar em falta em dietas pobres em alimentos de origem animal, como ferro, zinco, proteína de valor biológico e vitamina B12.

Controle da pressão arterial – diversos estudos relacionam a ingestão regular tanto de clorela quanto de spirulina, a níveis mais baixos de pressão arterial, cujo mecanismo ainda não está totalmente esclarecido.

Manutenção do sistema imunitário – mais uma vez os antioxidantes presentes em ambas, e o zinco, presente na clorela, contribuem para o bom funcionamento do sistema imunitário.

O papel dos antioxidantes é oxidarem-se no lugar das células, combatendo os danos causados pelos radicais livres. Dessa forma, mantêm a saúde das células e tecidos do corpo, impedindo o aparecimento de diversas doenças.

O mercado dos superalimentos oriundos de microalgas é bastante promissor e tem evoluído todos os anos. As microalgas são comercializadas de várias formas, mas para a alimentação humana as principais são na forma de comprimidos, cápsulas ou em pó. Os comprimidos ou as cápsulas são consumidos como suplemento alimentar após as refeições diárias.

Já o pó (biomassa) das microalgas é acrescentado aos ingredientes dos alimentos para aumentar o seu valor nutricional.

Quanto às doses, variam de acordo com os hábitos alimentares de cada pessoa, as suas necessidades nutricionais e a presença, ou não, de doenças. Aliás, é importante referir que apesar de a clorela e a spirulina serem superalimentos naturais, não significa que não tenham contraindicações. Deve ser sempre consultado um nutricionista que indicará a necessidade, e a possibilidade, de suplementação de acordo com cada indivíduo.

Quando o assunto é qualidade de vida, em primeiro lugar há que apostar numa alimentação saudável e equilibrada, no exercício físico, em dormir bem e fazer uma boa gestão do stress.