ANORGASMIA MASCULINA, UM PROBLEMA REAL

ANORGASMIA MASCULINA, UM PROBLEMA REAL

SEXUALIDADE E FERTILIDADE

  Tupam Editores

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A dificuldade em atingir o orgasmo, também conhecida como anorgasmia, não é um problema exclusivo das mulheres. Apesar de afetar uma percentagem significativa da população masculina, a incapacidade persistente ou recorrente do homem ter orgasmo é uma realidade pouco conhecida.

Antes de mais, importa referir que não se trata da incapacidade do homem em ejacular, mas sim de ter orgasmo. Embora muitas pessoas pensem que o facto de um homem ejacular significa que teve orgasmo (ou se não ejaculou não teve orgasmo), isso não corresponde à realidade. Ejaculação e orgasmo são dois fenómenos distintos, embora tendencialmente ocorram em simultâneo.

A ejaculação é um processo físico que envolve a contração dos músculos ejaculatórios e a libertação de sémen pela uretra, já o orgasmo é uma resposta neurológica que envolve a libertação de neurotransmissores responsáveis por provocar uma intensa sensação de prazer, que ocorre com a libertação da tensão sexual. Portanto, é possível um homem ejacular sem orgasmo, tal como experimentar orgasmo sem ejacular.

A anorgasmia é uma condição onde existe dificuldade persistente ou recorrente em atingir o orgasmo (apesar dos estímulos adequados em termos de foco, intensidade e duração), podendo ocorrer com a presença ou ausência de ejaculação. Não se deve confundir anorgasmia com disfunção erétil, visto que homens com aquela disfunção sexual podem apresentar ereções normais e uma excitação sexual adequada.

A condição nem sempre ocorre da mesma maneira, podendo apresentar algumas variações. A anorgasmia primária, por exemplo, é aquela em que o indivíduo nunca experimentou a sensação do orgasmo, seja através de masturbação, em sonhos ou em relações sexuais.

Anorgasmia secundária é quando a pessoa já experimentou o orgasmo com alguma normalidade num período anterior da sua vida e, por motivos variados, deixou de tê-lo de forma sistemática.

Na anorgasmia total ou absoluta a pessoa não tem orgasmo, independentemente do tipo ou da qualidade do estímulo.

Denomina-se anorgasmia situacional quando ocorre em determinada situação ou com determinado parceiro ou parceira.

A anorgasmia ejaculatória é aquela em que a ejaculação ocorre mas não há prazer equivalente ao proporcionado pelo orgasmo, de modo que a prática sexual pode tornar-se insatisfatória.

Compreender o que pode impedir ou dificultar a capacidade do homem atingir o orgasmo é essencial para tratar esta disfunção sexual, mas não há uma única resposta podendo os fatores ser de ordem psicológica, orgânica, iatrogénica, relacional e/ou mista.

Relativamente aos fatores psicológicos, o destaque vai para o stress. Em momentos stressantes da vida, a mente e o corpo estão ocupadas com outras coisas e em constante tensão, podendo até surgir outro tipo de sintomas físicos que afetam a concentração nas relações sexuais.

Saber que se tem esse problema também pode causar ansiedade e preocupação excessiva na pessoa, principalmente quando numa relação sexual pois há medo de que a situação se repita e se continue sem conseguir atingir o orgasmo.

Homens com baixa autoestima têm maior probabilidade de sofrer deste tipo de transtorno sexual, pois possuem uma série de crenças negativas sobre si mesmos, como acharem que não são bons amantes. As expetativas exageradas no que respeita ao desempenho sexual também podem contribuir para o problema.

A existência de traumas relacionados com a sexualidade, por exemplo, homens que durante a infância ou noutra fase da vida sofreram algum trauma sexual, como abuso.

Entre os principais fatores orgânicos o destaque vai para as cirurgias (tais como a prostectomia) e algumas condições médicas, como a diabetes mellitus, doenças neurológicas ou alterações hormonais. Os efeitos secundários de alguns medicamentos (como é o caso de alguns antidepressivos) são considerados os principais fatores iatrogénicos. Finalmente, mas não menos importantes, são os fatores associados à qualidade das relações amorosas, tais como a falta de intimidade emocional ou conflitos não resolvidos.

Ficou evidente que a anorgasmia pode ter causas multifatoriais, devendo o tratamento ser ajustado. O primeiro passo é procurar um médico porque o problema não é passageiro nem irá solucionar-se sozinho. Nestes casos, é fundamental a intervenção de vários profissionais de saúde com especialização em sexualidade humana.

O tratamento da anorgasmia dependerá da sua causa. Sendo do tipo psicológico, o ideal é procurar um terapeuta sexual que irá trabalhar com técnicas específicas. O objetivo será eliminar as atitudes negativas e prejudiciais em torno da sexualidade em geral e sobre a orgasmo em particular; melhorar a relação através da comunicação do casal, e dar início a um programa de habilidades sexuais, que consiste numa série de exercícios fisioterapêuticos específicos para a disfunção.

Esta disfunção sexual é mais frequente do que se pensa e pode afetar homens de todas as idades. Infelizmente, na nossa sociedade, ainda existe muito preconceito relativamente às dificuldades sexuais, principalmente quando estão ligadas a causas psicológicas, fazendo com que muitos homens se sintam constrangidos ou envergonhados em procurar ajuda, e acabem por sofrer isoladamente.

O problema é que as repercussões destas situações não afetam apenas o próprio indivíduo, são também fonte de sofrimento para a parceira, que acaba direta ou indiretamente por ser afetada.

Acima de tudo não devemos esquecer que a sexualidade humana é um aspeto natural e saudável da vida e, como tal, é importante ultrapassar a culpa ou vergonha perante qualquer tipo de dificuldade e quebrar o tabu de procurar ajuda especializada. Não deixe de o fazer!

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