
ALERGIAS NA PRIMAVERA, COMO LIDAR COM OS DESAFIOS
DOENÇAS E TRATAMENTOS
Tupam Editores
A primavera é uma das estações mais aguardadas do ano, quando a natureza se renova com o desabrochar das flores, no entanto, também pode representar um desafio para a saúde respiratória. A polinização das plantas e as mudanças climáticas podem afetar negativamente o trato respiratório, especialmente em pessoas com alergias ou condições respiratórias crónicas. Entenda como este período pode desencadear as alergias e descubra como lidar com os desafios.
Antes de mais, a alergia é uma resposta exagerada do nosso sistema imunitário à presença de um corpo estranho no organismo, o denominado alergénio.
Os alergénios podem atingir o nosso estado de equilíbrio biológico a partir de quatro vias importantes: pela respiração (boca e nariz), pelas conjuntivas, pelo aparelho gastrintestinal e através da pele.
Os mais frequentes e os que podem ser inalados são os pólenes das ávores ou gramídeas, ácaros do pó, pêlo e dejetos dos animais domésticos, esporos ou bolores; os que podem ser ingeridos nos alimentos – leite de vaca, ovo, peixe, marisco, morangos, nozes, amendoins –, ou em certos medicamentos (antibióticos como a penicilina, por exemplo).

Mas o veneno da picada de insetos como a abelha, a vespa ou o mosquito também pode provocar reações alérgicas.
A alergia pode manifestar-se em qualquer parte do corpo. Se for do foro respiratório, o paciente poderá ter rinite alérgica ou asma; se for nos olhos, o paciente terá conjuntivite alérgica; na pele, eczema e dermatite atópica e se for gastrintestinal, o doente sofrerá de alergias alimentares.
A sintomatologia também é diferente. No caso de rinite alérgica os doentes queixam-se de espirros, olhos vermelhos, nariz tapado e a pingar; na urticária as queixas são as manchas e a comichão; numa alergia alimentar os sintomas são náuseas, vómitos, diarreia e falta de ar e uma alergia a medicamentos expressa-se através de inchaço, náuseas e diarreias.

Em caso de angioedema os sinais são inchaço súbito de uma parte do corpo (principalmente lábios, boca ou garganta), erupção cutânea e dificuldade em respirar, falar ou engolir; o choque anafilático manifesta-se através de ansiedade extrema, inchaço, tonturas, dificuldades em respirar e erupção cutânea.
Quem sofre de alergias deve interiorizar que tem uma doença crónica que pode durar anos, ou mesmo a vida inteira. A sua gestão passa por evitar o alergénio, cumprir o tratamento com os fármacos adequados e fazer imunoterapia.
O tratamento da doença deve ser iniciado o mais cedo possível, e tem início com a identificação dos alergénios causadores do problema. A primeira medida é evitar o contacto com a substância à qual se é sensível – medidas de evicção. No que diz respeito aos medicamentos, o destaque vai para os anti-histamínicos, descongestionantes, sprays nasais, corticosteroides, medicamentos tópicos (cremes ou pomadas), imunoterapia e, em alguns casos, a adrenalina.

A imunoterapia específica, também chamada de vacinação alérgica, terapia da desensibilização e terapia da hiposensibilização tem como propósito induzir a tolerância ao alergénio, o que pode determinar a diminuição ou erradicação dos sintomas alérgicos.
No nosso país a prevalência das alergias tem vindo a aumentar. Estará de certo relacionado com o aumento da poluição, com o estilo de vida mais sedentário que levamos, com os maus hábitos alimentares e com a recorrência excessiva aos medicamentos e, para inverter essa tendência o único meio é a instituição de medidas preventivas.
Com o objetivo de sensibilizar a população em geral e os doentes em particular para esta realidade, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) dispõe de um serviço público inovador – o Boletim Polínico –, que efetua semanalmente a divulgação sobre os níveis de pólenes existentes no ar atmosférico em várias zonas do país.
Esta ferramenta é fundamental para o doente alérgico, pois com a informação sobre as concentrações polínicas previstas, poderá atuar preventivamente, seja por via terapêutica ou instituindo medidas para diminuir a exposição aos pólenes.
Assim, durante estes meses, as crianças e os adultos alérgicos aos pólenes podem tentar reduzir os incomodativos sintomas de alergia, evitando brincar, fazer desporto ou piqueniques em espaços relvados ou arborizados; evitando passear ao ar livre em dias quentes e ventosos, entre as 12 e as 15 horas; evitando dormir com as janelas do quarto abertas; e evitando fazer férias em regiões onde haja predomínio de plantas a cujo pólen se seja alérgico.

Se sofre de alergias respiratórias graves, consulte um médico ou alergologista para um plano de tratamento personalizado que permita desfrutar desta estação tão especial com mais conforto e bem-estar.