O ato de oferecer dietas cruas aos animais de companhia tem vindo a tornar-se um hábito, até porque os tutores acreditam, frequentemente, que os seus animais beneficiam deste tipo de alimentação. Este hábito, contudo, pode ser perigoso… para ambos.

Um estudo realizado pelo Instituto de Segurança Alimentar da Universidade de Zurique, na Suíça, analisou 51 marcas de alimentos crus para animais de companhia e descobriu que cerca de 72,5 por cento possuem bactérias acima dos níveis legais permitidos na União Europeia e que 63 por cento possuem, inclusive, bactérias resistentes a antimicrobianos.

O estudo detetou ainda em alguns casos a presença de Salmonella, um patogénico altamente transmissível e uma das fontes mais comuns de intoxicação alimentar tanto em humanos como em animais de companhia.

Segundo Magdalena Nüesch-Inderbinen, microbióloga da Universidade de Zurique e uma das autoras do estudo, ficou provado que as dietas cruas apresentam muito mais riscos do que se pensava.

Por essa razão é importante que os donos de animais de companhia tenham cuidados especiais na manipulação deste tipo de alimentos, nomeadamente, que lavem bem as mãos depois de manipular o alimento ou a sua embalagem.

Recorde-se que um estudo publicado no passado mês de setembro, que havia sido conduzido pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Helsínquia, revelava que os donos de animais não consideram que a comida crua para os seus companheiros de quatro patas represente um risco acrescido de infeção nos seus lares.

O problema nem é novo, nos últimos anos têm surgido vários alertas relacionados com a descoberta de bactérias em alimentação crua para animais, nomeadamente Salmonella e E.coli. E, no ano passado, o presidente da Veterinary Public Health Association (VPHA), do Reino Unido, Collin Willson, já havia chamado a atenção para o facto de a alimentação crua dos animais representar um risco para a saúde humana.