O verão chegou, e com ele o tão almejado momento de ir de férias! A família só pensa na praia, nos dias descontraídos à beira mar, nas caminhadas no pinhal e nas redes de descanso à sombra. No entanto, e apesar de já não ser a dor de cabeça de difícil solução que era há alguns anos, um aspeto continua a preocupar muitas famílias. O que fazer aos membros adotivos de quatro patas da família, sem qualquer poder de decisão? Ficam em casa?
À já quase sempre difícil escolha do destino de férias é acrescentado um novo item: encontrar um local onde o animal de estimação seja aceite e bem recebido.
As hipóteses deverão ser cuidadosamente ponderadas e vão desde deixar o animal ao cuidado de um familiar ou amigo, ou optar por um hotel ou canil, que se responsabilizará pelo bem-estar do seu fiel amigo durante a sua ausência.
Seguramente terá um amigo ou um familiar que gosta de animais e que não se importaria de ficar com o seu durante um período curto de tempo. Esta opção poderá ser muito boa e segura para o animal no caso de conhecer a pessoa com quem vai ficar.
No caso de não haver um relacionamento entre o animal de estimação e essa pessoa, bastará que lhe deixe os objetos seus conhecidos (comedouro, brinquedos e a cama) para que estranhe menos a mudança de casa, e a ausência da família.
Deixá-lo num hotel ou canil é outra hipótese a ter em conta. Embora possam ser um pouco dispendiosas, estas instituições cuidarão da alimentação, higiene e passeios do animal.
É importante fazer uma visita prévia às instalações onde se pensa deixar o animal para confirmar se as condições anunciadas o satisfazem. Esta visita deverá ser feita antes de tomada qualquer decisão, levando o seu companheiro para poder observar a sua reação.
Contudo, a tendência crescente é fazer-se acompanhar também do animal de estimação, como membro da família em férias.
Férias com animais de estimação: tendência em crescimento
Um estudo europeu revelou que um em cada quatro donos de cães e gatos (26 por cento) na Europa, escolhe o local de férias na condição de poder levar os animais de estimação.
O inquérito realizado a cerca de 3000 donos de animais na Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Espanha e Portugal revelou que um em cada cinco inquiridos considera que atualmente é mais fácil que nunca fazer férias com os animais de estimação.
Várias são as razões para levarem consigo os seus fieis amigos. Em toda a Europa o principal motivo é o sentimento de culpa em deixá-los para trás, particularmente entre os donos dos cães.
Dezassete por cento dos donos europeus afirma que não pode desfrutar das férias sem levar o seu animal, e o grupo etário dos 18 aos 24 anos é o que sente mais culpa em deixar os animais para trás (37 por cento). Este grupo é, aliás, o que tem mais probabilidade de cancelar uma viagem de férias se não puder levar o animal.
Esta tendência também se observa junto das pessoas mais velhas, já que 22 por cento dos inquiridos com mais de 65 anos afirmam que não conseguem aproveitar uma viagem em pleno sem o seu animal de estimação.
O estudo revela ainda que os cães são os "turistas" mais frequentes entre os animais, uma vez que mais de metade dos donos (54 por cento) já levou o seu amigo canino de férias anteriormente. Quanto aos gatos, em média, mais de um quarto (26 por cento) dos donos de gatos já os levou de férias, mas os felinos franceses são os que mais viajam, com aproximadamente um terço (29 por cento) dos franceses a referir já ter levado os seus gatos de férias.
Ao que parece, os donos de animais mais dedicados na Europa encontram-se em Espanha e Portugal. Os portugueses são os que mais consideram os animais como parte da família (59 por cento), seguidos de perto pelos espanhóis (56 por cento), e os que mais se fazem acompanhar deles nas férias.
Em todas as partes do mundo se podem encontrar locais com um encanto especial que farão das férias com o nosso cão ou gato, umas férias especiais e agradáveis.
As férias próximo da natureza são especialmente agradáveis para os cães. O animal pode ser o companheiro ideal para a pesca, férias no campo, para as caminhadas ou passeios na montanha ou nas praias.
Desde há gerações que os cães estão habituados a permanecer junto da família, tendo evoluído desde a sua função de animais caçadores e de carga para animais de estimação. Os nossos fieis amigos de quatro patas são curiosos, mas acima de tudo estão sempre presentes. Esta é uma das razões pela qual é melhor para a psique do cão e para a nossa levá-lo connosco nas férias. Esta é provavelmente a hipótese que mais agradará ao animal, mas há que ter em conta alguns fatores.
Em Portugal são cada vez mais as unidades hoteleiras amigas dos nossos mais fieis amigos. Um pouco por todo o país, existem excelentes opções de alojamento onde os bichos são bem-vindos, seja no campo, junto ao mar ou mesmo no meio da cidade, é só escolher.
É importante estar mentalizado da responsabilidade acrescida que é levar o seu animal de férias, devendo informar-se muito bem sobre o local onde irá permanecer. Não basta o local onde irá passar as suas férias dizer que aceita animais. Deve procurar saber, antes da reserva, se aceitam animais no quarto, se existe distinção entre animais de pequeno porte e grande porte, qual a política de circulação e de ruído, locais proibidos para o animal, se tem canil e as suas condições, em casos de danos qual é o procedimento, entre outras dúvidas.
Outro cuidado a não descurar é investigar qual o médico veterinário mais próximo do local onde se vai permanecer, mantendo sempre à mão esse contacto, para no caso de acontecer alguma coisa ao animal sabermos a quem e onde nos devemos dirigir.
Acima de tudo, quando se pensa em levar animais em viagem é importante ter em consideração a sua segurança e bem-estar.
Cuidados com os animais em viagem
Numa viagem de carro, tal como as pessoas, os animais são suscetíveis de enjoar. Antes de se iniciar viagem deve-se pedir ao veterinário para prescrever um medicamento para o enjoo, de forma a evitar que o animal se sinta mal ou vomite.
Entre outros cuidados, é importante levar água suficiente para lhe dar de beber a fim de evitar a desidratação durante a viagem, principalmente em dias de intenso calor. Devem também efetuar-se paragens a intervalos de 2 horas para que este possa fazer as suas necessidades.
Quando em estrada, há que ter atenção à abertura da porta do carro, que deverá ocorrer sempre do lado oposto ao condutor. Nessa altura, o animal deverá manter-se preso por trela pois poderá assustar-se repentinamente com algum ruído e fugir.
Deverá também ser dada particular atenção à sua segurança no interior do veículo. Tal como uma criança, se o animal estiver solto, poderá colocar em risco a segurança de todos os ocupantes do veículo. Em caso de animais de pequeno porte, como gatos e similares, o ideal será optar por uma caixa transportadora, à venda nas lojas de animais ou nas grandes superfícies.
Caso se trate de um animal de médio porte, existem no mercado cintos próprios para cães que deverão ser ajustados segundo as necessidades. Para os de maior porte, a alternativa terá de passar pela aquisição de um pequeno atrelado para o veículo.
Porém, neste caso os condutores carecem de habilitação necessária para conduzir automóveis ligeiros com reboque, estando esta dependente da aprovação em exame de condução constituído por prova prática da categoria BE.
Atenção! O animal jamais poderá ir com a cabeça de fora da janela pois poderá sofrer consequências muito graves.
O comboio é uma excelente opção para viajar com os animais de companhia pois fica-se completamente livre para lhes dar toda a assistência que possam vir a necessitar.
Caso se trate de um viagem longa, deverá providenciar-se água e comida suficientes para os animais. Por outro lado, como as paragens do comboio não são controláveis deve ter-se papel de jornal e sacos de plástico para a eventualidade de o animal não aguentar as suas necessidades fisiológicas.
Se pretender viajar de avião, os aspetos a considerar são diferentes, dependendo do animal, do seu tamanho, e do local onde este viaje (na cabine ou no porão).
Antes de mais, o viajante deve informar-se sobre o tipo de caixa transportadora e medidas autorizadas por aquela companhia específica. Algumas companhias permitem que os animais viajem com os donos. Os gatos são normalmente tolerados junto dos passageiros, embora haja restrições quanto ao número de animais por voo, pelo que é mais seguro fazer uma reserva prévia para viajar com o seu amigo de quatro patas.
As condições em que os animais são transportados na cabine divergem consoante as companhias aéreas, mas regra geral o peso total (animal mais contentor/caixa para transporte de animais) não pode exceder 7 kg. As suas dimensões não devem exceder 25 cm de altura, 48 cm de comprimento, 32 cm de largura e o total das 3 dimensões não pode exceder 105 cm.
Pode transportar mais do que um animal do mesmo tipo, no mesmo contentor/caixa para transporte, sendo que irá ser contabilizado apenas como um. Cada passageiro não pode levar mais do que um contentor/caixa para transporte de animais e deve ser cobrado como excesso de bagagem e nunca ser incluído na franquia grátis de bagagem a que o passageiro tem direito.
É importante que o passageiro se informe de todas as condições para transporte de animais junto da companhia aérea que vai utilizar, bem como dos condicionalismos nos países de destino, já que a legislação diverge muito de país para país, havendo alguns que não permitem a entrada de animais.
Se for de grande porte, ou tiver mais de sete quilos, já terá de viajar no porão. A viagem no porão poderá ser muito stressante pelo que o animal deverá estar acompanhado de objetos seus conhecidos.
O contentor deve oferecer espaço suficiente para que se possa levantar sem tocar na parte superior deste, rodar e deitar-se confortavelmente. Muitas companhias não autorizam os contentores de metal ou de madeira e o fundo do contentor deve ser forrado com material absorvente. As cadelas em fase de lactação ou com o cio não poderão viajar, bem como os cachorrinhos com idade inferior a 9 meses.
Se a viagem de avião for para o estrangeiro é necessário informar-se no consulado do país, ou países de destino, sobre as exigências para a entrada do animal. Alguns países exigem um visto consular para a entrada do animal. Há outros ainda que exigem que este cumpra um período de quarentena no aeroporto. Há cada vez mais restrições quanto ao número de animais que podem imigrar, em alguns países, portanto, o dono do animal deve informar-se antes a fim de evitar surpresas no desembarque.
Independentemente de ser uma viagem nacional ou para o estrangeiro, é necessário um atestado de saúde do animal que é fornecido pelo veterinário, no máximo 3 dias antes da viagem e o certificado de vacinação antirrábica que comprove que a vacinação foi feita há pelo menos 30 dias antes do início da viagem.
Atualmente, na Europa, viajar com um cão ou um gato é muito mais fácil graças ao novo "passaporte para animais de companhia", que pode ser obtido junto de qualquer veterinário.
Todos os cães e gatos devem possuir um passaporte, com informações comprovativas de vacinação válida contra a raiva. A Irlanda, Malta, o Reino Unido e a Suécia exigem igualmente a realização do teste de eficácia da vacina.
Além disso, também é exigida a desparasitação contra as carraças e a ténia para a entrada na Irlanda, Malta e no Reino Unido. A Finlândia e a Suécia exigem ainda a desparasitação contra a ténia.
Um aspeto importante é que o animal possua microchip. Generalizado na UE, o microchip é uma maneira prática, indolor e inviolável de identificar o animal, pois o documento que comprova o implante possui uma sequência numérica que indica o fabricante, além de haver um identificador único no mundo inteiro para o animal. A ajudar, os dados do proprietário podem ser visualizados no site do fabricante (que consta no certificado do microchip), para qualquer eventualidade.
Recomendações adicionais para uma viagem de sonho
As férias com animais de estimação podem ser um autêntico sonho ou um pequeno pesadelo. Em parte, tudo depende de si.
Para além da sua mala, prepare também uma para o seu fiel amigo, de forma a não esquecer nada que seja importante para ele, ou que venha a fazer falta longe de casa.
Da sua bagagem deve fazer parte o cinto de segurança para a viagem, o Boletim Sanitário, o bebedouro e o comedouro, os seus brinquedos preferidos e um brinquedo novo, a trela e o açaime, chapa de identificação na sua coleira – muito importante caso este fuja ou se perca, caixa de areia (no caso do gato) e sacos para recolha de dejetos (no caso do cão), a alimentação para toda a estadia (caso este coma ração, deve levar a quantidade necessária, acrescentando alguma em caso de algum imprevisto), e a medicação prescrita pelo veterinário, caso o animal a tome regularmente.
E, tão importante para o seu animal como para toda a família, leve sempre um kit de primeiros socorros.
Se os animais de estimação são encarados como parte da família, é natural (e desejável) incluí-los nos planos de férias. Afinal, não faz sentido abandonar fiéis amigos antes da diversão começar.
Levar os nossos amigos de quatro patas de férias irá proporcionar, a ambos, períodos de lazer mais agradáveis e gratificantes pelo companheirismo e interação que estes proporcionam. Vá de férias... mas leve-os consigo!
Já lhe aconteceu estar a comer um biscoito muito saboroso e o seu animal de companhia olhar fixamente para si daquela maneira especial, como que a pedir um pedacinho?
Os detentores de animais de companhia, não podem provocar dor ou exercer maus-tratos que resultem em sofrimento, abandono ou morte, estando legalmente obrigados a assegurar o respeito por cada espécie...