Quando somos um dos membros de um casal, ressonar é um incómodo partilhado, e lidar com isso é igualmente uma responsabilidade partilhada. Felizmente, mantendo as linhas de comunicação abertas e sem emoções, podemos conversar sobre o problema e encontrar uma solução prática que ajude tanto quem ressona como quem dorme.

Lidar com um parceiro que ressona ruidosamente tem sido um problema desde os primórdios da Humanidade. Alguns dos métodos físicos primitivos para lidar com o problema ainda hoje são usados: dar umas ligeiras cotoveladas e sussurrar “estás a ressonar”, rapidamente evolui para empurrar, gritar e bater, levando eventualmente à fuga do parceiro insone para uma noite desconfortável no sofá, ou ao banimento de quem ressona para outra divisão da casa com a porta bem fechada.

Devaneios à parte, o ressonar é um problema bem real que se estima afete entre 20 a 30% da população, em boa parte devido ao aumento da obesidade e cuja prevalência aumenta para 40% a 60% com o avançar da idade e sendo mais comum entre homens.

O que torna o ressonar um problema particularmente difícil é que ao contrário da maioria dos problemas de relacionamento, está completamente fora do controle consciente de ambas as pessoas, o que obriga a uma por vezes enorme capacidade de compreensão e tolerância, a fim de aceitar as perspetivas de cada um e encontrar uma solução para ambas as partes.

Atualmente a ciência oferece várias soluções técnicas que, dependendo do diagnóstico, podem passar por tratamentos médicos e cirúrgicos, quer através da correção das condições de base como alergias respiratórias e rinosinosite crónica, com a medicação de anti-histamínicos e corticoides intranasais, aparelhos dentários de avanço mandibular ou dispositivos equipados com uma máscara nasal ou nasal e bucal que asseguram uma suave pressão de ar, sempre que haja dificuldade na inalação.

Além disso várias outras opções cirúrgicas podem ser adotadas, como por exemplo uma adenoidectomia, palatoplastia, somnoplastia, septopastia ou a colocação de um dispositivo que sincroniza o movimento da língua com a respiração.

Em alternativa, poderão ser adoptados alguns exercícios simples que ajudam a parar de ressonar, nomeadamente:
colocar a ponta da língua logo atrás dos dentes superiores da frente e fazê-la deslizar para trás e de novo para a frente em direção aos dentes, durante 3 minutos;
usando a língua, fazer um clique alto, pressionando a língua contra o céu da boca, durante 15 segundos, descansando e repetindo o ciclo 10 vezes;
com a boca aberta, contrair os músculos do fundo da garganta, durante 30 segundos, usando um espelho para ver a úvula a mover-se de cima para baixo;
com a boca aberta, mover a mandíbula alternadamente para a esquerda e para a direita mantendo-a durante 30 segundos em cada um dos lados.

Estes exercícios são uma simples sugestão, podendo experimentar outros idênticos. Se os sintomas de ressonar persistirem, deve consultar o seu médico.