Biópsia líquida é nova ferramenta para identificar cancro
Os médicos da Universidade de Medicina de Chicago estão a realizar mais biópsias líquidas – uma tecnologia emergente que deteta sinais de tumores cancerígenos com um simples exame de sangue –, em vez do procedimento invasivo com a agulha.
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Embora a biópsia com agulha continue a ser o padrão-ouro tanto para diagnosticar o cancro quanto para testar a genética de um tumor, os oncologistas da UChicago Medicine consideram este teste mais rápido, seguro e eficaz promissor, especialmente para pacientes com cancro metastático que necessitam de realizar múltiplas biópsias durante a após o tratamento.
Quando os tumores cancerígenos crescem, a maioria liberta ADN do tumor na corrente sanguínea. Uma biópsia líquida pode identificar esse ADN no sangue e transmitir informações valiosas sobre a genética de um tumor, indicando se o tratamento está a funcionar.
Segundo Ari Rosenberg, oncologista da UChicago Medicine, a biópsia líquida é útil nas pessoas que já têm um diagnóstico de cancro porque se conhecem as mutações de ADN presentes no tumor a partir da biópsia original e sabe-se que o que se detetou na biópsia líquida é o verdadeiro ADN do tumor.
Recentemente o uso de biópsias líquidas foi expandido para incluir pacientes com cancro da cabeça e pescoço, além de pacientes com cancro avançado do pulmão, cólon, mama e gastrointestinal. Por enquanto ainda é utilizado como ferramenta de diagnóstico complementar às biópsias com agulha.
Analisando os prós e os contras, em relação à biópsia com agulha, um exame de sangue é mais conveniente e menos dispendioso. Além disso, os resultados estão disponíveis em cerca de uma semana – duas a três vezes mais rápido do que o necessário para obter informações genéticas das biópsias de tecidos. Isto, por sua vez, permite que os pacientes iniciem o tratamento mais rapidamente, o que é importante pois no cancro o tempo de resposta é crucial.
Apesar destes benefícios, a biópsia líquida não é adequada para todos os pacientes. Certos tipos de cancro – como os cancros em fase inicial, o cancro do pulmão de pequenas células e os cancros ginecológicos – não libertam muito ADN, logo, não fornecem informações úteis.
Alguns pacientes têm ADN único que pode distorcer os resultados dos testes, tornando possíveis falsos positivos. Além disso, qualquer cancro detetado numa biópsia líquida pode necessitar de acompanhamento com uma biópsia regular.
Estão em andamento na UChicago Medicine e noutros locais em todo o país, investigações promissoras em biópsias líquidas incluindo uma versão para cancros pediátricos. Os múltiplos ensaios clínicos concentram-se no uso de biópsia líquida para outros tipos e estágios iniciais de cancro.
Estes avanços não só ajudarão na deteção da recorrência do cancro, como tornarão o tratamento mais personalizado.