Anticoagulante popular associado a maior risco de hemorragias
Quando diagnosticados com um coágulo sanguíneo ou fibrilação atrial (FA), os doentes geralmente passam a fazer medicação com anticoagulantes, ou afinadores do sangue, para prevenir um futuro coágulo.
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Num estudo que comparou os três anticoagulantes mais comummente prescritos, o anticoagulante oral rivaroxabano foi associado a um risco significativamente maior de complicações hemorrágicas do que o apixabano e a varfarina nos doentes com coágulos sanguíneos ou FA.
As descobertas, apresentadas na Reunião e Exposição Anual da Sociedade Americana de Hematologia 2023 e publicadas na revista Blood, cobriram mais de dez anos de dados de doentes do registo da Michigan Anticoagulation Quality Improvement Initiative.
Os investigadores descobriram taxas mais elevadas de hemorragia entre os pacientes que tomaram o rivaroxabano, seguidas pela varfarina e depois pelo apixabano. Embora os resultados devam ser confirmados com estudos randomizados, podem ter implicações para os médicos aquando da seleção dos anticoagulantes para os seus doentes.
Os doentes foram acompanhados durante mais de dois anos, em média, tendo sido comparados o apixabano com o rivaroxabano, algo que ainda não havia sido feito num ensaio clínico randomizado.
A análise permitiu descobrir que se 100 doentes fossem acompanhados durante um ano, o rivaroxabano resultava em quase 40 eventos hemorrágicos, em comparação com cerca de 25 no caso da varfarina. Embora os eventos hemorrágicos tenham sido semelhantes entre o apixabano e a varfarina, o último medicamento foi associado a mais hemorragias graves.
A taxa de coágulos sanguíneos foi maior nos doentes a tomar apixabano em comparação com aqueles que tomavam varfarina, mas, segundo os especialistas, parecia em grande parte impulsionada por outros eventos trombóticos, que incluíam eventos como ataques cardíacos. Dos três medicamentos, o apixabano foi associado a uma taxa de mortalidade mais baixa do que o rivaroxabano e a varfarina.
Segundo Geoffrey Barnes, autor sénior, uma vez que estes três medicamentos são os anticoagulantes mais comumente prescritos para a trombose e a fibrilação atrial, é importante continuar a investigar o possível efeito que exercem para servir cada vez melhor os pacientes que deles necessitam.