Covid-19: identificados fármacos que podem reduzir mortalidade
Um estudo realizado por investigadores canadenses conseguiu identificar três medicamentos que podem reduzir a mortalidade de pacientes acometidos pela Covid-19 grave, que exige hospitalização.
SOCIEDADE E SAÚDE
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Apesar de estarem disponíveis vacinas altamente eficazes, o SARS-CoV-2 ainda causa sérias complicações médicas. A falta de um tratamento medicamentoso eficaz para pacientes hospitalizados com Covid-19 grave contribuiu para mais de seis milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, incluindo mais de 50 mil mortes somente no passado mês de maio.
Para abordar essa lacuna terapêutica os especialistas estudaram as respostas biológicas do hospedeiro em pacientes hospitalizados com Covid-19 grave, procurando diferenças entre pacientes que recuperaram e pacientes que sucumbiram à doença.
O que descobriram foi que, nos pacientes falecidos, determinadas vias celulares estavam superativadas no momento da admissão na unidade de cuidados intensivos (UCI). Os investigadores tentaram, então, descobrir medicamentos já existentes e aprovados que visassem essas vias.
A abordagem inicial resultou em mais de 1500 medicamentos candidatos que foram reduzidos a 53 medicamentos/compostos anteriormente usados para tratar o cancro e/ou condições inflamatórias. Utilizando bancos de dados de interação medicamento-proteína e proteína-proteína, a equipa conseguiu por fim identificar três medicamentos como candidatos promissores para tratar os pacientes com Covid-19 grave – o tacrolimus (imunossupressor), o zotatifin (antineoplásico), e o nintedanib (tratamento da fibrose pulmonar idiopática).
Segundo o professor Vinicius Fava, da Universidade McGill, no Canadá, conseguiu-se identificar a superativação do metabolismo do RNA mensageiro, divisão de RNA e vias de sinalização do interferão em pacientes que não sobreviviam.
A identificação por diferentes ensaios dessas vias ativadas diferencialmente nas células de sobreviventes de Covid-19 e de pacientes falecidos sugere que elas são determinantes do prognóstico e as tornam alvos promissores para intervenção farmacológica no momento da admissão hospitalar de pacientes em estado crítico.
O estudo, publicado na revista Science Advances, fornece os dados pré-clínicos necessários para apoiar o teste desses medicamentos em estudos clínicos controlados.
Erwin Schurr, co-autor do estudo, revela que a equipa está ansiosa pelos ensaios clínicos que se espera venham a confirmar a eficácia destes três medicamentos na redução da mortalidade de pacientes gravemente doentes com Covid-19.