Café cura discinesia, uma doença genética rara
Saboroso e revigorante, o café é a bebida mais consumida do mundo. Na saúde, o seu consumo moderado pode ser um grande aliado pois ajuda na prevenção de doenças cardíacas, diabetes, e pode, inclusive, auxiliar na minimização de doenças genéticas raras.
Há dois anos uma equipa de cientistas do Instituto do Cérebro de Paris publicou o caso intrigante de uma criança que se curou de uma doença genética denominada discinesia.
As discinesias são um grupo de distúrbios raros caracterizados por movimentos súbitos e involuntários que podem afetar todo o corpo. Uma das causas da condição é uma mutação no gene ADCY5, cujos sintomas se manifestam principalmente na infância.
Estes movimentos anormais são frequentemente exacerbados na forma de distúrbios paroxísticos do movimento – movimentos convulsivos extremados – que podem ocorrer durante o dia, mas principalmente à noite. Apesar das inúmeras investigações envolvendo tratamentos medicamentosos, nenhum tratamento havia sido considerado eficaz para a condição.
Curiosamente, a criança conseguiu voltar a uma vida normal simplesmente tomando café. A equipa de investigação procurou, então, outros casos de forma a verificar esse efeito inusitado do café como tratamento para uma doença genética grave.
Após reunirem dados de 30 pacientes em todo o mundo, puderam confirmar o resultado: dos pacientes tratados com café, 87% experimentaram melhoras significativas na sintomatologia.
Segundo os cientistas, a eficácia do café deveu-se ao facto de a cafeína se ligar a recetores de adenosina que modificam a função da proteína disfuncional (ADCY5). Esta, por sua vez, está concentrada no corpo estriado, uma região profunda do cérebro que está envolvida no controle motor.
Foi possível concluir que o consumo de café não só reduziu a frequência e a duração dos distúrbios paroxísticos do movimento, como ainda reduziu os distúrbios do movimento de base, assim como outros sintomas, como distúrbios do andar, atenção e concentração, alguns tipos de dor ou hipotonia.
Os cientistas pretendem agora investigar o tratamento para outros distúrbios do movimento.