Toma de antibióticos após nascimento altera microbioma dos bebés
Um estudo realizado por cientistas dos Países Baixos e do Reino Unido permitiu verificar que o tratamento de bebés com antibióticos na primeira semana de vida diminui as bactérias saudáveis no microbioma.
A microbiota é o conjunto de microrganismos que convivem simbioticamente com o nosso corpo, excedendo o número de células do nosso próprio organismo na proporção de dez para um.
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A microbiota intestinal desempenha um papel fundamental na maturação do sistema imunológico e na prevenção de doenças que podem ocorrer durante o período neonatal, infância e vida adulta. A sua formação inicia-se ainda no útero, mas a partir do nascimento a criança passa a receber influências externas para a formação e desenvolvimento do seu microbioma. O aleitamento materno favorece a boa colonização da microbiota, com aumento de Bacterioidetes e Bifidobacterium.
Segundo os cientistas normalmente são receitados antibióticos a recém-nascidos com suspeita de infeção, contudo, na maior parte dos casos estes são desnecessários, uma vez que apenas alguns dos bebés que recebem os tratamentos são eventualmente diagnosticados com uma infeção.
É importante referir que o uso de antibióticos em recém-nascidos reduz o número de Bifidobacterium e aumenta a colonização por Clostridium, provocando situações que anulam os efeitos protetores do aleitamento materno.
Durante o estudo, publicado na revista científica Nature Communications, foram analisados 227 bebés e os efeitos dos antibióticos no microbioma dos mesmos. Cerca de 147 bebés com suspeita de septicemia receberam tratamento antibiótico padrão e os seus resultados foram comparados com os de 80 bebés sem suspeita de infeção e a quem não foi prescrito um antibiótico.
A análise aos bebés permitiu concluir que houve uma diminuição dos níveis de diferentes espécies de Bifidobacterium – micróbios que ajudam na digestão do leite materno humano, promovem a saúde intestinal e apoiam a defesa imunitária contra infeções – nos recém-nascidos que tinham tomado os antibióticos. Os cientistas verificaram ainda que houve um aumento de bactérias causadoras de doenças e do número e abundância de genes relacionados com a resistência antimicrobiana no grupo que recebeu antibióticos. Observou-se ainda um desequilíbrio entre o número de bactérias benéficas e nocivas.
O estudo revelou que, apesar de uma recuperação ao longo do tempo, as alterações no microbioma e nos genes de resistência antimicrobiana persistiram durante pelo menos 12 meses após a toma dos antibióticos e não melhoraram com a amamentação, que se sabe que ajuda o sistema imunitário de um bebé.
Estes resultados levam os cientistas a concluir que os profissionais de saúde devem reconsiderar a utilização de antibióticos nos recém-nascidos de forma a reduzir os danos no microbioma dos mesmos.
