CÉLULAS ESTAMINAIS

Células estaminais: perda de visão por glaucoma pode ser evitada

O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo, afetando cerca de sete milhões de pessoas, só na Europa, e aproximadamente 200 mil indivíduos em Portugal. Mas as expetativas de ultrapassar o problema são elevadas, pois está atualmente em estudo uma forma de tratamento para esta doença crónica e progressiva, de diagnóstico muitas vezes tardio.

Células estaminais: perda de visão por glaucoma pode ser evitada

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CÉLULAS ESTAMINAIS, O INÍCIO DE UM NOVO PARADIGMA TERAPÊUTICO


As células estaminais do tecido do cordão umbilical estão a ser investigadas como forma de tratamento inovadora para impedir a degeneração, ou até mesmo para promover a regeneração, do nervo ótico em contexto de glaucoma.
Os resultados desta estratégia inovadora no tratamento de glaucoma em modelo animal revelaram-se favoráveis, podendo tornar-se numa mais-valia para os doentes no futuro.

Estima-se que um em cada sete indivíduos cegos seja vítima da doença. Quase todas as pessoas apresentam visão normal durante uma parte das suas vidas, pois o glaucoma raramente se manifesta antes dos 35 anos. A perda de visão ocorre geralmente aos 40, 50 ou 60 anos e já não pode ser recuperada.
A doença caracteriza-se pela perda progressiva das células do nervo ótico. Na maioria dos casos, está relacionada com o aumento da pressão intraocular, que não é dolorosa nem percetível pelo doente, podendo passar despercebida durante muitos anos até que se comecem a notar alterações na visão.

Embora existam tratamentos (farmacológicos, com laser ou cirurgia) disponíveis para a tratar, estes são incapazes de recuperar a visão já perdida.
Segundo a Dra Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, o uso de células estaminais tem vindo a ser investigado como estratégia inovadora no tratamento do glaucoma, na tentativa de impedir a degeneração das células do nervo ótico, ou mesmo, idealmente, promover a sua regeneração.

Durante o estudo, os cientistas utilizaram um modelo animal de glaucoma, que apresentava pressão intraocular elevada, com subsequente lesão na retina e perda de células do nervo ótico. O objetivo foi determinar a sobrevivência e a mobilidade das células estaminais após aplicação direta no olho. Para isso, as células foram marcadas com fluorescência, de forma a ser possível rastrear a sua localização ao longo do tempo.
Concluiu-se que as células estaminais do cordão umbilical, após aplicação no olho, são capazes de migrar para a zona lesada e sobreviver durante pelo menos dois meses.

Para a Dra Bruna Moreira estes dados são de extrema relevância no âmbito da translação desta tecnologia para a prática clínica, demonstram que estas células sobrevivem tempo suficiente para exercerem um efeito terapêutico, e que são capazes de se dirigir para o local da lesão, onde são mais necessárias.
Constatou-se ainda que as células estaminais do tecido do cordão umbilical exercem um efeito protetor contra danos na retina causados por pressão intraocular elevada, tendo a sua administração estado associada a uma menor perda de células do nervo ótico.

A especialista sublinha que os resultados do estudo, recentemente publicado na revista Stem Cells International, sugerem que as células estaminais do cordão umbilical têm capacidade para proteger o nervo ótico, potencialmente impedindo a progressão da doença.
Para além disso, a facilidade com que é possível colher estas células após o parto, de forma não invasiva e totalmente indolor, e a possibilidade de multiplicação em laboratório tornam-nas muito atrativas para aplicação clínica.

Fonte: Tupam Editores

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