Tratamento da PC com células estaminais cada vez mais promissor
A propósito do Dia Mundial da Paralisia Cerebral, assinalado a 6 de outubro, o laboratório de criopreservação BebéVida, destacou as mais recentes evidências científicas que demonstram que as células estaminais do sangue e tecido do cordão umbilical são eficazes no tratamento da Paralisia Cerebral (PC).
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CÉLULAS ESTAMINAIS, O INÍCIO DE UM NOVO PARADIGMA TERAPÊUTICO
As células estaminais, também conhecidas por células-mãe ou células-tronco, são células que possuem a capacidade de se dividir, dando origem a células semelhantes às suas precursoras. LER MAIS
A PC manifesta-se na infância, atingindo entre 1,7 e 2,2 por mil crianças nos países mais desenvolvidos. A patologia diz respeito a um conjunto de desordens no desenvolvimento do controlo motor e da postura, resultando de uma lesão não progressiva no momento em que o SNC se desenvolve. A lesão pode ocorrer no nascimento, antes ou posteriormente, e apesar de não agravar nem progredir, provoca limitações motoras e posturais.
As abordagens terapêuticas atuais dirigem-se à melhoria da postura, controlo do movimento e autonomia da criança, não atuando na lesão cerebral subjacente. A sua eficácia é, por isso, limitada, tornando-se urgente encontrar novas estratégias, eficazes no tratamento da condição.
Uma das estratégias que tem vindo a ser testada baseia-se na administração de células estaminais do cordão umbilical, que se pensa poderem atuar ao nível do cérebro, ajudando a restabelecer parte da função perdida.
Com efeito, têm sido realizados vários estudos para avaliar o efeito do sangue e tecido do cordão umbilical, que têm apresentado resultados promissores.
É o caso de um ensaio clínico realizado por uma equipa de cientistas do Departamento de Neurologia Pediátrica da Universidade de Medicina de Teerão que permitiu concluir que a injeção intratecal (atua no sistema nervoso) de células mesenquimais do tecido do cordão umbilical é segura e eficaz.
Esta forma de infusão, que pretende evitar que a administração de células estaminais mesenquimais seja filtrada pelo aparelho respiratório e renal (aumentando o número de células estaminais que chegam às zonas lesionadas), parece ter aumentado o espectro de atuação das células mesenquimais o que potencia os seus efeitos.
Outros dois estudos, publicados em 2020, já haviam permitido comprovar melhorias significativas a nível da motricidade em crianças com PC nas quais se infundira sangue do cordão umbilical. Este estudo permitiu ainda concluir que a infusão de sangue do cordão umbilical em conjunto com eritropoetina (EPO) é segura e pode ser sinergicamente eficaz no tratamento da patologia.
A infusão das células mesenquimais do tecido do cordão umbilical também revelou ser segura e eficaz na melhoria da função motora grossa e cognitiva em crianças com PC, tendo sido ainda avaliados parâmetros como atividades diárias, avaliação da função cognitiva e função motora grossa, tendo-se verificado melhorias em todos eles.
Apesar de ainda se encontrar em fase de ensaios clínicos, a terapia celular com células estaminais mesenquimais representa a única abordagem clínica para melhoria da condição dos doentes com PC. Contudo, segundo Andreia Gomes, Diretora Técnica e de Investigação e Desenvolvimento (I&D) da BebéVida, são necessários mais estudos para revelar o caminho central relacionado com a recuperação neuronal, para se perceber em que mecanismos o sangue e o tecido do cordão umbilical atuam para ajudar na recuperação das pessoas com PC.