Novos alvos terapêuticos para linfoma não Hodgkin vence Bolsa
A Bolsa de Investigação em Neoplasias de Células B Maduras acaba de ser atribuída a um projeto que pretende estudar a relação entre as transformações genéticas e celulares, assim como alterações do microambiente em doentes com linfoma linfoplasmocitico/macroglobulinémia de Waldenstrom, um tipo de linfoma não Hodgkin.
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Esta é uma iniciativa da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL), em parceria com a Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH), e que conta com o apoio da biofarmacêutica Gilead. A bolsa de 15 mil euros é atribuída a um projeto de investigação com a duração de um ano.
Encontrar novos fatores prognósticos e a carência de uma terapêutica orientada para as necessidades dos doentes com linfoma linfoplasmocítico/macroglobulinémia de Waldenström foram as principais necessidades detetadas pelos investigadores que, durante o próximo ano, se vão dedicar ao estudo da relação entre as transformações genéticas e celulares na célula maligna, assim como alterações no sistema imunológico envolvente, particularmente o compartimento de células B, em doentes com linfoma linfoplasmocítico/macroglobulinemia de Waldenström.
Sara Duarte, médica interna de Hematologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e coordenadora do projeto vencedor explica que, “apesar dos avanços, nos últimos anos, no conhecimento das alterações genéticas subjacentes ao desenvolvimento do linfoma linfoplasmocítico/macroglobulinémia de Waldenström, não existe ainda uma terapêutica orientada para estes doentes, que acabam por ser tratados com recurso a terapêuticas conceptualizadas para linfomas mais agressivos e para o mieloma múltiplo”.
“Com os nossos estudos, pretendemos contribuir com uma melhor caracterização não só molecular, mas também celular da doença, assim como das alterações no microambiente, com o objetivo último de identificar potenciais alvos terapêuticos”, explicou.
“É com muito orgulho que atribuímos esta bolsa de investigação a um projeto que pode ser uma mais-valia na cura de doentes com este tipo de linfoma não Hodgkin. É muito importante encontrar tratamentos que permitam ajudar cada vez mais pessoas e aumentar a esperança média de vida dos doentes com linfoma”, afirma Manuel Abecasis, presidente da APCL.
Vítor Papão, diretor geral da Gilead Sciences, refere que “este é um projeto com potencial para trazer novidades para a área das doenças hemato-oncológicas e poder fazer a diferença na vida dos doentes. É muito recompensador para nós podermos associar-nos à atribuição desta Bolsa em conjunto com a APCL e a Sociedade Portuguesa de Hematologia”.
“É com satisfação que vemos ser atribuída esta bolsa a um projeto focado num linfoma menos conhecido e investigado, no qual as opções terapêuticas são ainda pouco satisfatórias”, comenta Aida Botelho de Sousa, presidente da SPH.
O linfoma linfoplasmocítico/macroglobulinémia de Waldenström é um linfoma não Hodgkin, que, embora represente apenas um a dois por cento dos linfomas, está associado a elevada morbilidade quando sintomático.
O linfoma linfoplasmocítico define-se por envolvimento da medula óssea e está frequentemente associado à produção aberrante de uma proteína, quase sempre a imunoglobulina-M, designando-se, nestes casos, de macroglobulinémia de Waldenström.
A acumulação de imunoglobulina-M no organismo pode levar ao desenvolvimento de sintomas típicos da macroglobulinémia de Waldenström, incluindo hemorragias, alterações da visão e problemas associados ao sistema nervoso.