App de meditação passa por crivo de ensaio científico rigoroso
Uma equipa de cientistas da Universidade da Califórnia, em São Francisco, nos Estados Unidos, desenvolveu uma aplicação (app) de treino de meditação que melhorou significativamente a atenção e a memória em jovens adultos saudáveis - um grupo que já está no auge da saúde do cérebro - em apenas seis semanas.
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A intervenção, chamada MediTrain, utiliza um algoritmo de circuito fechado que adapta a duração das sessões de meditação às habilidades dos participantes, para que estes não sejam desencorajados pelas suas tentativas iniciais de focar a atenção na sua respiração, uma técnica de meditação consagrada pelo tempo.
A equipa testou a app num ensaio randomizado, duplo-cego e controlado por placebo - o mais rigoroso tipo de teste científico - com 59 participantes entre 18 e 35 anos de idade. Os resultados foram publicados pela revista Nature Human Behavior.
A magnitude dos efeitos sobre a atenção e a memória - inesperada para adultos jovens saudáveis - foi semelhante ao que foi visto em estudos anteriores de adultos de meia-idade após meses de treino individual com professores ou em retiros de meditação intensiva.
Ocorre que a meditação baseada na app criado pela equipa exige apenas 20 a 30 minutos de prática cumulativa por dia, composta por vários períodos de meditação muito curtos.
O aplicativo guia os participantes para que eles prestem atenção à respiração por apenas 10 a 15 segundos de cada vez.
À medida que melhoram ao longo de seis semanas, a app desafia-os a aumentar a quantidade de tempo que poderiam manter o foco.
Os resultados foram impressionantes. No primeiro dia, os participantes puderam manter o foco na sua respiração por uma média de apenas 20 segundos. Após 30 dias de treino, esse tempo aumentou para uma média de seis minutos.
Essa melhoria, por sua vez, conferiu melhor desempenho a outras tarefas muito mais complicadas que os cientistas usaram para avaliar a atenção sustentada e a memória de trabalho.
Os participantes não só tiveram um desempenho mais consistente nos testes de atenção do que no grupo placebo, como também foi detetada uma correlação entre o tempo que os participantes conseguiam o foco na respiração e a consistência com que faziam outros testes.
O grupo da app também apresentou um desempenho melhor do que o grupo placebo num teste de memória de trabalho, medido após a intervenção.